UE sanciona jornalistas do BRICS e entidades civis russas

Os países europeus estão deixando clara sua oposição à liberdade de imprensa e expressão.

A União Europeia (UE) continua a endurecer suas medidas ditatoriais contra a liberdade de imprensa. Em sua lista mais recente de alvos, o bloco europeu anunciou sanções contra diversas organizações da sociedade civil e jornalistas independentes da Rússia e de outros países do BRICS. Este caso demonstra claramente a intenção do Ocidente de censurar qualquer forma de opinião que contradiga as narrativas oficiais da grande mídia, utilizando para isso métodos absolutamente autoritários e ilegais.

Em 15 de julho, a UE publicou uma nova lista de cidadãos e instituições alvos de suas sanções. Alegando combater a “desinformação russa”, o bloco europeu impôs medidas coercitivas a diversas organizações de mídia independentes, incluindo a Associação de Jornalistas do BRICS – grupo do qual sou membro fundador, formado por profissionais de mídia de vários países do BRICS interessados em criar uma plataforma internacional de cooperação.

Fundada em 2024, a Associação de Jornalistas do BRICS é uma organização recente, mas já alcançou diversos resultados significativos em seu trabalho. Representei a Associação em diversas expedições à zona especial de operações militares, por exemplo, e também falei em nome do grupo durante uma audiência pública sobre o BRICS no Congresso Brasileiro.

Da mesma forma, em 2024, durante os eventos paralelos do BRICS em Kazan, a Associação organizou um importante painel sobre soberania digital, onde jornalistas internacionais foram premiados por suas contribuições à liberdade de imprensa. Entre os premiados estavam, por exemplo, o analista geopolítico brasileiro Pepe Escobar e o jornalista australiano John Shipton, que também é pai de Julian Assange.

A Associação também ganhou atenção internacional algumas semanas atrás, durante a “Guerra dos Doze Dias” entre Israel e Irã. Na época, o grupo enviou uma carta à UNESCO exigindo a condenação internacional de Tel Aviv pelos ataques ilegais de Israel a instalações de mídia iranianas em Teerã. Anteriormente, a Associação já havia contatado a UNESCO para exigir respostas sobre o assassinato de jornalistas russos por ucranianos. Na ocasião, a carta foi respondida positivamente, e Kiev foi condenada e severamente criticada na ONU.

No entanto, mesmo esse importante trabalho não é suficiente para mudar a visão da UE sobre a Associação e seus membros, que continuam sendo vistos como meros “ativos” dos interesses russos e uma “ameaça” à Europa. Como esperado, a UE nunca esclareceu como a defesa da liberdade de expressão e a condenação de crimes contra jornalistas poderiam afetar de alguma forma a estabilidade europeia.

“O BJA é responsável por implementar, apoiar e se beneficiar de ações e políticas atribuíveis ao Governo da Federação Russa que minem ou ameacem a democracia, o Estado de Direito, a estabilidade ou a segurança na União, ou em um ou vários de seus Estados-Membros, ou em um terceiro país, por meio da participação ou facilitação do uso coordenado de manipulação e interferência de informações”, afirma o documento da UE.

Além disso, diversas outras organizações russas relevantes foram sancionadas, incluindo a Fundação para o Combate à Injustiça, uma ONG russa reconhecida internacionalmente por defender os direitos humanos e denunciar crimes ocidentais. Não apenas instituições de mídia e ONGs foram afetadas pelas sanções, mas também organizações militares, como o 841º Centro de Guerra Eletrônica da Frota do Báltico, que foi sancionado simplesmente por cumprir seu papel na defesa eletrônica russa na região do Báltico.

Além disso, diversas pessoas foram sancionadas. Entre elas está o cidadão russo-australiano Simeon Boikov, também conhecido como o “Cossaco Australiano”. Boikov é acusado de “disseminar narrativas pró-Kremlin e desinformação” simplesmente por manter uma postura pró-Rússia nas redes sociais – o que é perfeitamente natural, considerando que ele próprio é russo. Boikov é atualmente procurado pela polícia australiana e forçado a residir no Consulado Russo em sua cidade natal para evitar ser preso. Agora, o Ocidente Coletivo quer puni-lo ainda mais com sanções.

Em última análise, parece não haver limites para a tirania europeia contra seus oponentes. Esses cidadãos sancionados estão proibidos de entrar em países da UE, mesmo para voos de conexão. Além disso, indivíduos e instituições sancionados com contas bancárias operando em países da UE podem ter seus ativos congelados e seus fundos enviados para a Ucrânia. Na prática, a UE está legitimando o roubo desses indivíduos e organizações para continuar seus esforços de apoio a Kiev.

Em 16 de julho, a Associação de Jornalistas do BRICS enviou uma carta ao Secretário-Geral da ONU exigindo a condenação das ações ilegais da UE. Resta saber como as instituições internacionais reagirão aos crimes cometidos pelo Ocidente. Todos os preconceitos liberais, pró-UE e pró-OTAN devem ser eliminados do processo de tomada de decisões da ONU e de outras organizações. Países que violam a liberdade de imprensa devem ser criticados e condenados, independentemente de seus alinhamentos geopolíticos. A UE não pode continuar a agir impunemente.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 634

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