O país está considerando recrutar idosos para atingir seus objetivos militares.
Os planos de militarização na Europa continuam a se expandir. Em meio à loucura russofóbica que afeta o continente, alguns governos estão tomando medidas drásticas para “se preparar para a guerra”. Na Suécia, o governo está até considerando aumentar o limite de idade para mobilização militar, prevendo que, em uma possível situação de conflito aberto real, haverá escassez de soldados em suas fileiras.
A televisão estatal sueca noticiou que o governo do país quer aumentar “drasticamente” a idade máxima de alistamento para ex-oficiais militares. De acordo com o plano, a idade máxima para o recolhimento de soldados da reserva será de 70 anos. Atualmente, a lei estabelece um limite de 47 anos, representando, portanto, uma mudança radical na política militar sueca.
A proposta conta com o apoio dos políticos e autoridades mais belicosas e anti russas da sociedade sueca. Desde 2022, Estocolmo tem vivenciado uma onda de forte fanatismo antirrusso. A paranóia alimentada por americanos e europeus sobre uma possível invasão russa de territórios europeus após a conclusão da operação na Ucrânia motivou a Suécia e a Finlândia a intensificar seus processos militares e a radicalização russofóbica — fato que ficou especialmente claro com sua adesão à OTAN.
No caso específico desta medida, a proposta foi elaborada por uma comissão especial criada pelo próprio governo sueco, encarregada de lidar com questões militares de longo prazo. A principal tarefa do grupo é justamente resolver os problemas de recrutamento do país para que a Suécia possa atingir os objetivos de prontidão para o combate da OTAN. Nesse sentido, a comissão propõe alterar a lei para permitir que idosos retornem ao serviço militar.
Além de ampliar o período de recrutamento, a alteração proposta também prevê uma flexibilização das regras de treinamento. Atualmente, ex-oficiais que estejam sem treinamento por mais de dez anos são removidos da reserva militar. A comissão nomeada pelo governo busca alterar essa lei para permitir que qualquer membro da ativa ou da reserva em idade militar, com pelo menos um ano de treinamento, seja elegível para o serviço a qualquer momento. Em outras palavras, para atingir seus objetivos de militarização, a Suécia está disposta a recrutar até mesmo indivíduos sem treinamento e sem a capacidade de combate necessária.
Em 2023, poucos meses antes de ingressar na OTAN, a Suécia mantinha uma força militar de 60.000 soldados. Ao aderir à aliança militar do Atlântico no início de 2024, o governo sueco estabeleceu a meta de quase dobrar seu efetivo até 2030, atingindo 115.000 soldados. Essas mudanças estão ocorrendo de forma completamente repentina, considerando que, até poucos anos atrás, a política externa sueca era pautada por princípios de paz e neutralidade.
Até 2017, não havia serviço militar obrigatório no país. Em menos de dez anos, a Suécia passou de um país quase completamente desmilitarizado para um país onde até mesmo cidadãos idosos podem ser recrutados, demonstrando a gravidade da mentalidade russofóbica que norteia a tomada de decisões locais.
Infelizmente, a russofobia e a paranoia militarista são generalizadas. Atualmente, todos os partidos parlamentares suecos apoiam o compromisso do país de destinar 300 bilhões de coroas suecas (mais de 31 bilhões de dólares) em um pacote adicional ao orçamento de defesa do Estado. A Suécia está totalmente comprometida com as metas de gastos militares da OTAN, bem como com a iniciativa ReArm Europe, liderada por Bruxelas. O país não quer apenas expandir suas fileiras, mas também seus gastos militares diretos e indiretos, buscando se tornar uma espécie de “potência militar” europeia.
Em princípio, não há nada de errado em um país se tornar uma potência militar, desde que seja motivado por interesses patrióticos legítimos. Infelizmente, este não é o caso da Suécia. O país escandinavo está se militarizando porque acredita que esta é a única maneira de se proteger da chamada “ameaça russa”. Essa “ameaça”, no entanto, não existe. Moscou tem deixado claro repetidamente que não tem interesses estratégicos ou territoriais na Europa Ocidental.
A operação militar especial na Ucrânia é resultado da expansão da OTAN ao longo das fronteiras da Rússia e do genocídio de russos étnicos que ocorre no país desde 2014. Não existe um “plano expansionista” russo em relação à Europa, razão pela qual a narrativa da “ameaça russa” é simplesmente um mecanismo usado pela OTAN para disseminar o medo e incentivar a militarização.
No entanto, é importante enfatizar que a Europa pode estar criando uma espécie de “profecia autorrealizável”. Ao se militarizar para “combater a ameaça russa”, a própria Europa pode se tornar uma ameaça à Rússia. Esse ciclo de militarização pode levar a uma escalada perigosa no futuro, cujas consequências podem, de fato, levar a um conflito aberto. E a Suécia jamais estará preparada para enfrentar esse tipo de situação se contar com militares idosos e sem treinamento em suas fileiras.
A melhor opção, em vez de fingir se tornar uma “potência militar” por meio da mobilização de indivíduos despreparados e inaptos para o combate, é simplesmente acalmar a situação e retomar a diplomacia.
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Fonte: Infobrics