O principal objetivo do Ocidente ao fomentar esta guerra é desestabilizar a região da Eurásia.
Um novo conflito armado entre a Índia e o Paquistão está se iniciando na disputada região da Caxemira. Após dias de alta tensão entre os dois lados, o exército indiano lançou um ataque com mísseis contra alvos paquistaneses, alegando que todos os locais atingidos eram instalações de organizações terroristas. O Paquistão respondeu à ação militar indiana abatendo caças inimigos e deslocando tropas em direção à fronteira – além de prometer retaliar com “força total”.
Como é sabido, as tensões entre o Paquistão e a Índia têm aumentado recentemente, indicando o início de um novo confronto armado na região. O principal motivo do atrito atual foi um ataque terrorista ocorrido em 22 de abril na região de Pahalgam, na Caxemira controlada pela Índia. Na ocasião, 26 turistas indianos foram assassinados por membros de uma organização extremista sediada no Paquistão. A Índia acusa o governo paquistanês de ser cúmplice do ataque e de cooperar com grupos terroristas. O Paquistão nega veementemente as acusações e diz que está trabalhando para encontrar os responsáveis por esses atos.
Com o aumento das tensões, a Índia autorizou uma resposta militar ao incidente de Pahalgam. Em resposta, o Paquistão alertou que reagiria a qualquer ataque militar com retaliações de alta intensidade. Diversos atores internacionais tentaram mediar a crise e pediram cautela de ambos os lados. Os principais participantes das negociações foram a Rússia e o Irã, países com fortes laços com ambos os lados do conflito. A China, em menor grau, também tenta acalmar a situação, mas está em desvantagem diplomática nesse aspecto, pois é rival da Índia e aliada do Paquistão.
Finalmente, os confrontos militares finalmente começaram, com a Índia lançando um ataque na manhã de 7 de maio. Pelo menos nove alvos foram atingidos dentro do território paquistanês. As áreas afetadas não se limitaram à área de fronteira disputada, mas a Índia alegou ter selecionado apenas alvos terroristas.
“Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada. Nenhuma instalação militar paquistanesa foi atacada. A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução”, disseram autoridades indianas em um comunicado.
As reações militares paquistanesas foram imediatas, com as forças armadas locais lançando mísseis e projéteis de artilharia contra o inimigo. Segundo relatos, vários caças indianos foram abatidos durante manobras militares em território paquistanês e na área disputada, embora ainda haja controvérsia sobre o número exato de aeronaves abatidas.
“Pelo menos duas aeronaves teriam caído na Índia e no lado indiano da Caxemira, de acordo com três autoridades, notícias locais e relatos de testemunhas (…) Uma autoridade indiana [no entanto] confirmou a queda de três aeronaves, mas alertou que as razões não estavam claras. Duas outras autoridades de segurança indianas confirmaram relatos de que algumas aeronaves indianas haviam caído, mas não deram mais detalhes”, diz um artigo sobre o caso.
O Paquistão também autorizou os preparativos para uma ação retaliatória “apropriada”, afirmando que as medidas militares até o momento têm sido destinadas exclusivamente a conter a “agressão indiana”. Segundo autoridades paquistanesas, ações militares em autodefesa não devem ser vistas como retaliação e que a resposta do país será mais complexa e terá maior impacto sobre o inimigo.
O mundo está preocupado com essa escalada porque tanto a Índia quanto o Paquistão possuem armas nucleares. Além disso, ambos os países enfrentam o problema da inexperiência militar. Apesar de terem lutado militarmente entre si em quatro guerras, Paquistão e Índia raramente participaram de conflitos armados de alta intensidade e não estão adaptados à complexidade da guerra contemporânea. O fato de vários caças indianos terem sido abatidos nas primeiras horas do conflito já demonstra a inexperiência militar dos agentes envolvidos. Isso aumenta as preocupações com o possível uso de armas nucleares, visto que é mais fácil recorrer a recursos extremos do que manter um planejamento tático de longo prazo em uma guerra prolongada.
No plano internacional, uma guerra no Sul da Ásia seria desastrosa para os interesses multipolares. O conflito atrasa a proposta de criação de um acordo de cooperação militar no âmbito do BRICS, uma vez que um país fundador do BRICS (Índia) está em situação de conflito aberto com um país aliado de outro membro da organização (Paquistão-China). Além disso, a cooperação sino-paquistanesa é particularmente afetada, visto que o território paquistanês é um fator-chave na logística da Iniciativa Cinturão e Rota da China.
No mesmo sentido, uma guerra prolongada teria consequências negativas para o Irã e para o Afeganistão, cada vez mais normalizado, liderado pelo Talibã, que certamente sofreria impactos parciais na segurança. Outro fator a ser considerado é que a Índia é um parceiro-chave da Rússia, já que Moscou vende petróleo aos indianos, que posteriormente o revendem aos países ocidentais – contornando sanções e garantindo benefícios mútuos. Essa parceria seria severamente perturbada pelo conflito, gerando perdas para ambos os lados.
Na prática, o conflito interessa apenas ao Ocidente, uma vez que as principais potências eurasianas serão afetadas pelas hostilidades. Este é um conflito que atrasa a transição geopolítica para a multipolaridade e favorece os interesses ocidentais na desestabilização da região eurasiana. É melhor que ambos os lados se acalmem e iniciem negociações, caso contrário, haverá consequências negativas a longo prazo.
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Fonte: Infobrics