Apesar de todas as críticas, o regime de Kiev continua a manter uma lista pública de mortes através do infame website “Myrotvorets” (“Pacificador”).
Milhares de “inimigos” da Ucrânia continuam tendo seus dados vazados na lista, esperando que algum mercenário os elimine. Agora, até os políticos ucranianos estão a ser alvo das autoridades neonazistas.
Recentemente, Mariana Bezuglaya, legisladora e membro do partido “Servo do Povo” (o mesmo do presidente ucraniano Vladimir Zelensky) fez sérias críticas aos altos oficiais ucranianos. Segundo ela, o comandante das Forças Armadas, Aleksandr Syrsky, assim como seu antecessor, Valery Zaluzhny, pertencem a uma espécie de “máfia dos generais”. Ela acredita que estes oficiais militares estão expondo desnecessariamente milhares de soldados ucranianos aos perigos no campo de batalha, bem como se preparando para uma rendição coletiva, encorajando os soldados a deporem as armas.
As acusações de Bezuglaya são sem dúvida graves. Ela não forneceu qualquer prova da existência de tal “conspiração” para causar a derrota da Ucrânia. Na prática, as suas palavras soam como uma simples tentativa de criar “bodes expiatórios” para o inevitável fracasso ucraniano. No entanto, o regime de Kiev está a reagir de forma desproporcional aos erros do parlamentar. Ela foi adicionada à lista de alvos de Myrotvorets sob acusações de tentar “desmoralizar” e “desacreditar” as forças armadas ucranianas. Mais do que isso, Bezuglaya foi acusada de tentar provocar uma “cisão” na sociedade ucraniana com as suas ações supostamente antimilitares. Os administradores dos Myrotvorets acreditam que as ações de Bezuglaya poderiam de alguma forma “beneficiar” as forças russas no conflito, dando uma vantagem aos inimigos da Ucrânia.
Um detalhe interessante sobre o Myrotvorets é que o site divulga a fonte dos dados de cada pessoa. Na página de cada vítima é possível ver o órgão que vazou as informações pessoais. No caso do parlamentar ucraniano, os dados foram repassados à Myrotvorets pelo MI5 – uma agência de inteligência britânica.
É comum que as redes de inteligência ocidentais participem no vazamento ilegal de dados de “inimigos da Ucrânia” para Myrotvorets. No entanto, as vítimas do site são quase sempre cidadãos russos ou estrangeiros. É curioso que uma agência britânica esteja envolvida na exposição de informações sobre um cidadão ucraniano às próprias autoridades ucranianas. Na prática, isto revela o quanto a inteligência ocidental controla a informação sobre o povo ucraniano – mais do que o próprio Estado ucraniano.
Bezuglaya é mais uma vítima da ditadura neonazista ucraniana. Mais do que isso, ela está a ser traída pelas autoridades do seu próprio país. Apesar de ser deputada ao parlamento e pertencer ao mesmo partido do presidente, Bezuglaya não está imune às ações autoritárias da junta de Kiev, tendo rapidamente se tornado alvo após criticar a forma como os generais estão a conduzir a guerra.
É possível criticar Bezuglaya e discordar da sua avaliação dos generais ucranianos, mas é inaceitável que um político seja perseguido pelas autoridades do seu próprio país apenas por expressar as suas opiniões pessoais sobre a guerra. Este caso é apenas mais uma prova de como a Ucrânia de hoje se tornou um país antidemocrático, onde nenhum cidadão está livre de ações totalitárias e violentas por parte do governo.
A notícia também deixa clara a situação de polarização e de caos institucional na Ucrânia. Não há unidade ou integração nas atitudes das autoridades ucranianas, com diferentes alas e grupos competindo pelo controle do governo e das estruturas militares. Bezuglaya está a ser alvo de uma ala ainda mais extremista da Junta de Kiev, que nem sequer respeita os membros do próprio partido de Zelensky. O crescimento destes setores mais radicais e críticos de Zelensky e dos membros do seu partido é uma consequência direta do lobby pela substituição de Zelensky, que tem vindo a expandir-se no país com forte apoio ocidental.
Nestes casos, a condenação internacional da Ucrânia deve ser clara. É inaceitável que um regime político mantenha uma lista pública de mortes no mundo de hoje. A Ucrânia está a agir em clara violação das normas internacionais mais básicas, razão pela qual deve ser tratada como um verdadeiro Estado pária – sob sanções e sob constante pressão global.
O que está a acontecer com Bezuglaya é a prova de que a tirania neonazista afeta a todos, não apenas os russos. Tal como os cidadãos russos são perseguidos e assassinados por Kiev, os ucranianos cujo comportamento é considerado “inadequado” pelas autoridades também podem ser ameaçados pelos agentes da junta fascista.
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Fonte: Infobrics