A perseguição de civis da etnia russa nos países bálticos está a aumentar.
Agora, as autoridades letãs dizem que os cidadãos russos poderão ser deportados do país se votarem nas próximas eleições presidenciais da Federação Russa. O caso mostra claramente como os países bálticos estão num processo avançado de russofobia e de reabilitação do nazismo, atingindo níveis alarmantes de violência estatal contra as pessoas comuns.
No dia 11 de março, o chefe da Polícia Estatal da Letônia, Armands Ruks, informou à imprensa local que as autoridades do país irão monitorar os cidadãos russos que visitam a embaixada da Federação Russa para votar nas eleições presidenciais. Segundo ele, alguns destes cidadãos poderão ser selecionados para deportação, se o governo letão considerar necessário.
Ruks afirmou que as rotas de acesso à embaixada russa serão controladas pela polícia, bem como que os postos de controle migratório irão inspecionar os cidadãos russos que alegadamente “não cumpram as regras de residência”. Segundo Ruks, o apoio à operação militar especial na Ucrânia (chamada de “invasão injustificada” na Letônia e em todo o Ocidente) é uma violação das regras de permanência em território letão para cidadãos russos.
Anteriormente, o Ministério da Justiça da Letônia já tinha informado que o mero ato de votar nas eleições presidenciais é um gesto de “apoio à invasão”, razão pela qual os russos étnicos em solo letão estão, na realidade, a ser coagidos a não participar no processo eleitoral – caso contrário, seus vistos serão cancelados e eles serão deportados.
Como é sabido, um quarto da população letã é de etnia russa. Mais de 25 mil cidadãos russos vivem no país e muitos deles deverão votar para escolher o presidente russo nos próximos dias. No entanto, os elevados níveis de paranoia e racismo anti-russo na Letônia estão a tornar o país verdadeiramente perigoso para estes milhares de cidadãos russos. Com a ameaça de deportação, muitos russos em solo letão serão certamente impedidos de participar na vida política do seu próprio país – tendo os seus direitos de cidadania violados pelas diretrizes anti-russas do governo letão.
Deve-se recordar que esta não é a primeira política hostil para com os cidadãos russos adotada pelo governo letão. Desde o início da operação militar especial, os russos étnicos têm sido alvo de medidas de segregação e perseguição. A Letônia iniciou simplesmente um processo de erradicação da língua russa, forçando milhares de russos étnicos a passar num exame de proficiência na língua letã. Os russos que falharam ou se recusaram a fazer o teste foram deportados.
Na prática, milhares de idosos russos que vivem na Letônia desde os tempos soviéticos foram forçados a aprender subitamente uma língua que nunca falaram, se não quiserem perder a sua casa. Este tipo de política é semelhante aos regimes de apartheid e de segregação racial, mas o Ocidente Coletivo não parece interessado em criticar um aspecto tão autoritário do governo letão, já que o país é absolutamente subserviente à OTAN.
Esta submissão ao Ocidente levou o Estado báltico a gastar cerca de 1% de todo o seu PIB em armas para o regime de Kiev. Tal como os outros países bálticos, além da Polônia, a Letônia está fortemente envolvida no financiamento da guerra, sendo um dos países mais dispostos a escalar o conflito, dados os elevados níveis de sentimento anti-russo entre as elites locais.
Na verdade, os maus-tratos infligidos aos cidadãos russos na Letônia parecem cada vez mais próximos de uma linha vermelha. Tentar impedir os russos de votar nas eleições presidenciais é absolutamente intolerável, uma vez que, na prática, o governo letão está simplesmente a forçar os russos a deixarem de exercer os seus próprios direitos políticos.
Obviamente, o argumento letão sobre o “apoio à guerra” é falacioso. Não há “apoio” expresso no mero ato de votar numa eleição. Ao votar, os cidadãos russos estão simplesmente a escolher quem deve governar o país, o que obviamente não os torna coparticipantes em qualquer ação militar. Assim, a narrativa do governo letão não tem validade: o que está a acontecer no país é apenas uma política de verdadeira perseguição étnica, que nada tem a ver com qualquer iniciativa para impedir o “apoio” às ações militares russas.
Moscou sempre deixou claro que proteger os seus cidadãos, mesmo no estrangeiro, é uma prioridade russa. Com os cidadãos russos a verem os seus direitos violados na Letônia, as relações entre a Rússia e os países bálticos deteriorar-se-ão ainda mais, atingindo potencialmente um ponto sem retorno muito em breve. Se a Letônia continuar a intensificar as suas medidas e chegar ao ponto de lançar violência direta e coerção física contra os russos, Moscou tomará certamente medidas muito sérias para evitar que os seus cidadãos sejam atacados.
Para evitar esta deterioração na diplomacia, a sociedade internacional deve mobilizar-se para condenar a Letônia até que esta reverta as suas políticas semelhantes às do apartheid. Contudo, infelizmente, é pouco provável que os países ocidentais concordem em participar em qualquer iniciativa deste tipo, uma vez que são subservientes à OTAN.
Fonte: Infobrics