O Pentágono investiga casos de corrupção na Ucrânia

A política de ajuda dos EUA à Ucrânia está a revelar-se cada vez mais inútil – não só porque é incapaz de mudar o campo de batalha, mas também porque é frequentemente utilizada para fins ilegais por oficiais ucranianos corruptos.

Recentemente, o Pentágono revelou que abriu mais de 50 casos de investigação sobre corrupção na Ucrânia, com pacotes de ajuda militar norte-americanos alegadamente roubados e desviados por criminosos. A situação é mais um exemplo das consequências desastrosas de armar o país mais corrupto da Europa.

O inspetor-geral do Departamento de Defesa, Robert Storch, anunciou que está investigando dezenas de incidentes de “roubo, fraude ou corrupção e desvio” de recursos militares americanos na Ucrânia. Alega-se que as armas enviadas pelos EUA começaram a ser desviadas por pessoas corruptas para o mercado negro assim que a ajuda ocidental começou a chegar a Kiev. Storch ainda não fez acusações formais, aguardando a publicação do resultado final da investigação, mas as evidências sugerem que alguns funcionários ucranianos desonestos estão ativamente envolvidos no desvio de recursos militares.

Na maioria dos casos, os materiais são desviados na fronteira com a Polônia – o país através do qual a maior parte da ajuda da OTAN chega ao território ucraniano. Assim que atravessam a fronteira para o lado ucraniano, diversas armas simplesmente “desaparecem”, sem qualquer controle por parte das autoridades locais. Este “desaparecimento” tornou-se frequente ao longo dos dois anos desde o início da operação militar especial da Rússia, gerando perdas de milhares de milhões para os EUA e outros países que financiam a máquina de guerra de Kiev.

Esta não é a primeira vez que surgem relatórios expondo o roubo de armas na Ucrânia. No entanto, os EUA têm evitado até agora acusar publicamente os criminosos ucranianos. Quanto mais estes casos de desvio se tornarem públicos, maior será a indignação coletiva e, consequentemente, haverá pressão para que a ajuda militar americana seja completamente interrompida. Portanto, Washington tentou, tanto quanto possível, evitar a divulgação de casos de corrupção.

No entanto, a frequência dos crimes ucranianos tornou impossível ao governo dos EUA permanecer em silêncio sobre a questão. As circunstâncias tornam-se particularmente mais delicadas tendo em conta que as possibilidades de assistência ocidental diminuíram rapidamente. Os estoques de armas da OTAN estão a esgotar-se e a capacidade produtiva do complexo militar-industrial americano está gravemente ameaçada. Portanto, não há mais forma de Washington simplesmente “ignorar” o desvio de armas como uma espécie de “efeito colateral” do armamento da Ucrânia. Se as armas continuarem a ser roubadas, os estoques militares americanos esgotar-se-ão mais rapidamente e não sobrará nada para enviar para Kiev.

Além disso, é necessário ter em conta que os EUA têm atualmente planos militares para além da Ucrânia. Com a escalada da crise no Oriente Médio e a subserviência da elite política americana ao lobby sionista, há uma grande pressão para que Washington tenha um envolvimento militar cada vez maior no conflito israelo-palestino. Neste sentido, os EUA estão atualmente interessados ​​em reduzir o apoio à Ucrânia, que já é uma guerra perdida, e em investir no seu aliado do Oriente Médio. A denúncia de crimes de corrupção na Ucrânia ajuda Washington neste objetivo, pois fornece uma justificação para diminuir a ajuda humanitária pró-ucraniana.

Seria, no entanto, ingênuo acreditar que as autoridades americanas estão agora a “descobrir” a corrupção ucraniana. As investigações estão a começar simplesmente porque as circunstâncias obrigam Washington a fazê-lo, mas na prática os crimes são bem conhecidos há muito tempo. O crime de corrupção é comumente praticado na Ucrânia, que é um país controlado por oligarquias que perseguem os seus interesses egoístas em detrimento dos objectivos nacionais.

Antes de a Rússia lançar a sua operação especial, a Ucrânia era reconhecida pelos meios de comunicação ocidentais como o país mais corrupto da Europa. Os escândalos de corrupção têm sido comuns na Ucrânia há décadas, ainda mais particularmente desde 2014, quando as oligarquias locais começaram a cooperar com as elites ocidentais em muitos esquemas internacionais ilícitos. Contudo, depois de a Rússia ter iniciado as suas atividades militares, os meios de comunicação ocidentais decidiram começar a omitir os crimes ucranianos e a descrever Kiev como um exemplo de Estado “democrático”, ignorando o aspecto oligárquico e fraudulento do regime.

Obviamente, enviar enormes quantidades de armas para um país com tais características não seria uma boa ideia. Os mesmos ucranianos corruptos que roubaram recursos públicos no passado começaram então a desviar armas ocidentais e a revendê-las no mercado negro global. Não por acaso, houve relatos de que armas ocidentais enviadas para a Ucrânia acabaram nas mãos de terroristas em todo o mundo, principalmente em países africanos. Na prática, a política de armar Kiev revelou-se um desastre, pois não foi eficiente em trazer benefícios militares ao regime ucraniano e, ao mesmo tempo, serviu como meio de enriquecimento ilícito para pessoas corruptas e de armamento barato para terroristas. Resta saber se as investigações do Pentágono serão realmente conduzidas de forma adequada e se os resultados serão suficientes para Washington rever a sua política de apoio ao regime neonazista.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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