O Brasil vira Palco da Guerra Híbrida Anti-BRICS

O Brasil se tornou o alvo da maior campanha híbrida da nossa história, especificamente focada em forçar uma deterioração de nossas relações estratégicas com países que são protagonistas da transição multipolar, especificamente a Rússia e a China.

Sem meias palavras: o mundo está vivendo a Terceira Guerra Mundial, com fases quentes na Ucrânia e na Palestina; mas o resto do mundo também está engajado nessa guerra, saiba ou não, queira ou não. Porque as guerras, hoje, possuem dimensões informacionais, culturais, cibernéticas, psicológicas, não como elementos subsidiários dos “coturnos no chão”, mas como elementos coessenciais à guerra como “política por outros meios”.

O Brasil acreditou na “estratégia” (que não é estratégia nenhuma) de esconder a cabeça em um buraco, pedir a “paz” em abstrato, ficar em cima do muro e esperar resultados em outros continentes para poder se posicionar. Nossa elite dirigente acreditou poder ficar de lado de tudo que estava acontecendo no mundo, sem se ver envolvido nesses conflitos.

Tempos de caos e guerra, porém, não poupam os tímidos. Ao hesitar em decidir assumir uma postura e tomar posição (o que poderíamos ter feito por mecanismos diplomáticos, comerciais, cibernéticos, e outros), demos a iniciativa a outras nações. Outras nações passaram decidir sobre nosso engajamento. E no lugar de ator, o Brasil foi transformando em “terreno”, mero “espaço” em que os verdadeiros atores desdobram as suas ações.

No kairos da decisão, o Brasil tropeça, gagueja, hesita. As potências contra-hegemônicas estendem a mão, e o Brasil se assusta, olha para os lados, treme.

Farejando nossa fraqueza, nosso medo disfarçado de “brilhantismo estratégico”, a CIA e o Mossad decidiram iniciar uma campanha massificada de desinformação, propaganda e guerra psicológica, em associação com a mídia de massa brasileira (que sempre, sempre, atuou em conjunto com a Embaixada dos EUA) para começar a tensionar as nossas relações com as potências contra-hegemônicas, criando “massa crítica” no povo e na classe política para nos empurrar de vez para o campo inevitavelmente fadado a perder: o do globalismo anglo-sionista.

Afinal, não temos qualquer defesa. Nós temos aberto as portas para os EUA cada vez mais em nosso país. Vários dos nossos Ministros são “figurinhas” do Departamento de Estado dos EUA. Inúmeros convênios e acordos no âmbito cultural e informacional fortalecem as pautas e diretrizes do hegemon unipolar. Várias ONGs brasileiras, ligadas a personagens do nosso próprio governo, possuem atuação conjunta com a Embaixada dos EUA. O Mossad, por sua vez, se infiltrou em inúmeras instituições públicas e privada através dos seus sayanim. O Brasil está repleto de colaboradores abertos e secretos do Estado sionista.

Isso dá o contexto dos fatos de hoje (e dos últimos dias).

Os EUA estão travando uma campanha de desinformação, cancelamento e assassinato de reputação contra brasileiros que possuem canais de diálogo com as potências contra-hegemônicas.

Eles se incomodam com a perda do monopólio da construção de discursos. Afinal, se nossos influenciadores (como eu mesmo), no lugar de acreditar em tudo que os EUA dizem, estamos perguntando a opinião e pedindo as perspectivas de porta-vozes de outras nações há aí um problema para o projeto de hegemonia dos EUA no continente americano.

Não há qualquer coisa além disso. As Américas são a “reserva geopolítica” dos EUA. De modo que eles não podem mais tolerar qualquer grau de autonomia na América Ibérica, especialmente no âmbito cultural e informacional. É por isso que passamos de um contexto no qual a “verdade” é definida por juízes para um no qual a “verdade” é definida pelo Deep State dos EUA (e, em breve, nossos juízes estarão decidindo conforme relatórios e diretrizes deles).

Mas o mais patético é essa narrativa sobre “atentado terrorista do Hezbollah no Brasil”.

Em questão de horas a narrativa já derreteu.

Aparentemente, toda a operação foi construída pelo Mossad e pela CIA. Eles que foram as fontes de informação e que direcionaram a PF. É isso que se deduz das declarações oficiais do governo de Israel.

A PF, aí, atuou como “parceiro júnior” em território nacional, cumprindo os desígnios de agências de inteligências estrangeiras. A informação divulgada na mídia, aliás, de que se tratava do Hezbollah não foi repassada pela PF, mas por Israel segundo comentado pelos próprios jornalistas da Globo News.

Se nossos servidores tivessem o mínimo de cultura política, histórica e religiosa, saberiam que a narrativa vendida pelo Mossad era insustentável: o Hezbollah, engajado em uma batalha que definirá o futuro da Palestina, do Oriente Médio e do próprio Hezbollah, se engajariam com ataques a sinagogas… no Brasil?

Qual seria o ganho? Qual seria o objetivo? De que forma o Hezbollah se beneficiaria disso? Para piorar, o modus operandi não bate com o do Hezbollah. As acusações lançadas contra o Hezbollah na Argentina, por exemplo, nunca ficaram comprovadas materialmente.

O que fecha o cenário, porém, foi a insistência de Israel e de parte da mídia em destacar o papel do Irã no suposto financiamento do Hezbollah e, portanto, no tal “atentado” que foi “impedido” no último momento, como se estivéssemos em “Minority Report” (obrigado, Mossad!).

Reverberando a campanha anti-BRICS de alguns meses atrás, parte da mídia de massa e de influenciadores virtuais imediatamente levantou vozes contra a presença do Brasil nos BRICS e contra a aproximação do Brasil com o Irã e a Rússia (porque, afinal, “por trás” do Hezbollah está o Irã, e “por trás” do Irã estaria a Rússia! É tudo culpa do Putin de novo!).

O truque fica exposto aos olhos de todos.

Israel, país conhecido pelo false flag do USS Liberty, por um papel ainda não esclarecido no 11/09 e pela história dos 40 bebês decapitados, está tentando compensar a sua derrota internacional no âmbito diplomático e informacional com uma campanha concentrada que passa por exibição de vídeos de supostas atrocidades para jornalistas e política e, agora, por false flags de atentados terroristas.

Enquanto isso, causa espanto a ausência de uma postura clara por parte do Brasil no sentido de se defender dessas campanhas híbridas de desinformação e manipulação por parte das potências atlantistas contra nosso país.

Essas campanhas ameaçam nosso futuro ao ameaçarem nosso papel na construção da multipolaridade.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 596

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