Em 05 de Julho comemora-se a Saga dos 18 do Forte, em que 17 militares e 1 civil marcharam do Forte de Copacabana pela Avenida Atlântica para enfrentar as tropas governistas enviadas para subjugar sua revolta e a de seus camaradas.
O contexto é o da decadente República Velha, o sistema oligárquico e liberal que sucedeu o Império e que foi marcado pelos arranjos políticos corruptos das oligarquias cafeeiras, monopolizadoras do poder. Estas elites oligárquicas não percebiam as profundas mudanças pelas quais passava o Brasil, com a sindicalização dos trabalhadores e a crescente aquisição de consciência político-social por parte dos militares, que, ademais, se sentiam desprezados e desprestigiados pelas oligarquias.
Se isso era sentido de maneira generalizada entre os militares, era sentido de forma ainda mais aguda pela classe dos jovens oficiais, especialmente os tenentes, que além do ardor idealista típico da juventude e de já possuírem um grau maior de politização (em uma era de radicalismos políticos internacionais), nutriam uma profunda insatisfação por não terem podido participar da Primeira Guerra Mundial. Os jovens oficiais brasileiros, impedidos de lutar nos campos de batalha pela pátria, queriam eles próprios tomarem as rédeas do próprio destino, gestando sua própria aventura épica em território nacional.
O estopim foi a prisão do marechal Hermes da Fonseca, adversário político tanto do presidente Epitácio Pessoa como do recém-eleito presidente Artur Bernardes: os dois sendo oligarcas corruptos, liberais, algozes dos trabalhadores e inimigos dos militares. Em resposta, acenderam-se focos de revolta no Rio de Janeiro e no Mato Grosso, mas incapazes de fazer a revolta se alastrar por outras guarnições e quartéis e sob cerco de tropas governistas, 28 dos rebeldes decidiram sair do Forte de Copacabana para fazer as tropas governistas passarem à rebelião ou para morrerem por sua causa. Alvejados por balas, 10 desses se dispersaram, mas 18 continuaram. E assim se passou.
Neste dia, os tenentes, praças e o civil escreveram a sua história com sangue, garantindo que ela ficasse gravada na memória nacional e ressoasse por décadas e décadas. Dos 18, ficaram vivos apenas 2, Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
A Revolta dos 18 do Forte, levante popular e viril, deu origem ao tenentismo, movimento que levaria também à Revolta Paulista de 1924 e, finalmente, a queda da República Velha com a Revolução de 1930, de Getúlio Vargas, inaugurando-se um ciclo de crescimento, desenvolvimento e nacionalização social e cultural inaudito em nossa pátria até então.
Mas tudo começou com aqueles bravos 18.
“Eles eram dezoito…
Os mais partiram
Tanto que a causa, enfim, viram perdida.
Eles — dezoito apenas — preferiram
Ficar, quando ficar custava a vida…
Eles viram partir seus companheiros
Em vez de censurá-los altaneiros, Preferiram morrer…
Preferiram ficar em seu reduto,
O coração sereno, o ânimo afoito,
Dos últimos dezoito…”
(Trecho de Reminiscências da Epopeia de Copacabana, de Scharffenberg de Quadros)