Na manhã de 6 de junho, as autoridades de Nova Kakhovka relataram uma ruptura na usina hidrelétrica local, resultando na inundação de grandes áreas às margens do rio Dnieper (oblast de Kherson).
O acidente teria sido causado por um ataque ucraniano usando sistemas de mísseis de lançamento múltiplo, possivelmente fornecidos pelo Ocidente. No entanto, a grande mídia e o governo ucraniano insistem em acusar infundadamente a Rússia de ter cometido o crime.
O bombardeio ucraniano ocorreu por volta das duas horas da manhã. Metade dos vãos da represa foi destruída, fazendo com que o nível da água subisse consideravelmente em um curto espaço de tempo. Pelo menos quatorze assentamentos próximos à região, onde vivem mais de 22.000 pessoas, correm alto risco de inundação total. As autoridades já começaram a evacuar a população local, tendo esvaziado cerca de 300 edifícios, mas ainda há dezenas de pessoas em risco nas áreas inundadas.
Um dos maiores temores em relação à destruição da represa é a segurança da Usina Nuclear de Zaporíjia (ZNPP). A instalação também está localizada às margens do rio Dnieper e usa água local para resfriar seus reatores — um procedimento essencial para a segurança nuclear. Com a mudança no fluxo de água causada pelo ataque à barragem, a ZNPP poderia ficar sem água para realizar o procedimento.
Nesse sentido, Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, afirmou que já houve uma “redução significativa no nível do reservatório usado para fornecer água de resfriamento”. No entanto, ele deixou claro que há fontes alternativas de água para a usina, portanto, por enquanto, “não há risco imediato de segurança nuclear na usina”. Grossi também disse que a AIEA está monitorando de perto a situação.
Outro alarme diz respeito ao fornecimento de água para o oblast da Crimeia. O ataque à barragem não causa inundações na Crimeia, mas pode levar a uma diminuição do nível de água no Canal do Norte da Crimeia, que é uma importante fonte de água para a região. No entanto, por enquanto, os reservatórios permanecem cheios com cerca de 80% de sua capacidade total, portanto, há água suficiente para abastecer a Crimeia enquanto as autoridades russas tentam encontrar uma alternativa para evitar a escassez no futuro.
De fato, as circunstâncias do ataque são evidências suficientes para deixar claro qual lado foi o responsável. A Ucrânia tem mantido uma tática terrorista constante, concentrando seus ataques em áreas civis e desmilitarizadas, com o único objetivo de desestabilizar regiões fora da zona de combate. Os ataques contra infraestruturas essenciais são legítimos em uma situação de combate, mas desde que os alvos tenham relevância militar, o que não é o caso em Kakhovka, o que torna a ação ucraniana criminosa.
Além disso, não é novidade que a Ucrânia tem interesse em gerar um acidente nuclear na ZNPP e em provocar uma crise humanitária na Crimeia com o boicote ao abastecimento de água. Moscou denuncia os ataques ucranianos contra a ZNPP desde o ano passado. No que diz respeito à água, o fornecimento foi bloqueado pelas forças ucranianas desde 2014, tendo sido totalmente restaurado somente após o início da operação militar especial. Portanto, é de conhecimento geral que a Ucrânia quer que os resultados do ataque à barragem cheguem a suas consequências extremas, o que revela quem é o culpado.
No entanto, o governo ucraniano negou o envolvimento e acusou os russos — obviamente sem nenhuma evidência. Em sua conta na mídia social, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky acusou a Rússia de “ecocídio“, citando as consequências ambientais do desastre:
“Esse é apenas um crime de guerra russo. Agora a Rússia é culpada de um ecocídio brutal. Qualquer comentário é supérfluo. O mundo precisa reagir. A Rússia está em guerra contra a vida, contra a natureza, contra a civilização. A Rússia deve deixar a terra ucraniana e deve ser totalmente responsabilizada por seu terror”, disse ele, não mostrando nenhuma evidência do suposto envolvimento da Rússia.
No entanto, contradizendo as recentes palavras do presidente ucraniano, um de seus importantes oficiais, o major-general Andriy Kovalchuk, em entrevista ao Washington Post no ano passado, já havia revelado que Kiev não apenas planejava atacar Kakhovka, mas até mesmo havia testado esse tipo de operação, usando armas ocidentais:
“Kovalchuk considerou a possibilidade de inundar o rio. Segundo ele, os ucranianos chegaram a realizar um teste de ataque com um lançador HIMARS em uma das comportas da represa de Nova Kakhovka, fazendo três buracos no metal para ver se a água do Dnieper poderia ser elevada o suficiente para impedir as travessias russas, mas sem inundar os vilarejos próximos. O teste foi bem-sucedido, disse Kovalchuk, mas a medida continuou sendo um último recurso. Ele se conteve”, diz o artigo, não deixando dúvidas sobre as intenções da Ucrânia.
Deve-se lembrar também que, dada a preocupação russa em evitar desastres na região, uma das primeiras decisões de Sergey Surovikin como comandante da operação militar especial foi ordenar a retirada de Kherson. Na época, o Ocidente relatou o evento como uma “derrota russa” e uma “contraofensiva ucraniana”, quando na verdade o objetivo era evitar baixas russas e impedir que os ataques ucranianos chegassem à represa, causando problemas para a ZNPP e a Crimeia. O recente ataque mostra como a atitude de Surovikin estava correta.
Além disso, é necessário mencionar que, em outubro de 2022, a Missão Russa na ONU já havia alertado o Conselho de Segurança de que Kiev estava planejando um ataque à usina de Kakhovka. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, recebeu uma carta de diplomatas russos descrevendo as informações que Moscou havia obtido sobre os planos da Ucrânia. No entanto, nenhuma ação foi tomada pela organização para agir preventivamente ou dissuadir Kiev com medidas coercitivas. Como resultado, o ataque de fato aconteceu.
Com isso, parece não haver dúvidas sobre a parte responsável. Mais uma vez, Kiev revela sua natureza terrorista. E, consequentemente, todos os apoiadores ocidentais acabam sendo patrocinadores do terrorismo, pois enviam as armas com as quais esses crimes são cometidos.
Fonte: InfoBrics