É possível que novas resoluções anti-russas sejam votadas em um futuro próximo.
De acordo com um comunicado oficial recente, as atividades da décima primeira sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU serão retomadas em 22 de fevereiro. Com isso, novas tentativas de implementar medidas contra Moscou no plano internacional são esperadas – e o mais provável é que as novas tentativas fracassem tão bem quanto as anteriores.
A informação sobre o reinício da sessão no dia 22 foi formalizada pelo representante oficial da Presidente da Assembleia Geral, Polina Kubiak. Segundo ela, o pedido de convocação foi recebido no dia 10 de fevereiro, tendo sido solicitado pela delegação da União Europeia, em parceria com outros Estados pró-Ocidente.
“A décima primeira sessão extraordinária da Assembleia Geral será realizada em 22 de fevereiro às 15h00 (23h00, horário de Moscou). O chefe da delegação da UE em nome da República da Coreia, Turquia, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos e dos 27 membros da União Europeia”, disse ela.
Iniciada no ano passado, a décima primeira sessão visa discutir possíveis recomendações sobre o tema da operação militar especial russa na Ucrânia. Originalmente, a sessão foi aberta em 28 de fevereiro de 2022, na sede das Nações Unidas em Nova York. Foi temporariamente adiada para 2 de março após a adoção da Resolução ES-11/1, onde foi feita a primeira recomendação para “condenar” a Rússia. Os representantes da Assembleia Geral voltaram a se reunir posteriormente, nos dias 23, 24 de março e 7 de abril, quando foram aprovadas as resoluções ES-11/2 e ES-11/3, propondo, entre outras medidas, a suspensão da Federação Russa do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Nesse sentido, considerando os precedentes, é possível que haja novas tentativas de “isolar” a Rússia no cenário internacional por meio da adoção de resoluções condenando a operação especial na Ucrânia. Muito provavelmente, as novas resoluções propostas se concentrarão nas fases mais recentes da operação, já que, de acordo com vários relatórios, Moscou está se preparando para uma ofensiva final contra Kiev em breve.
Processualmente, as sessões especiais são convocadas dentro de 24 horas após o recebimento de uma solicitação do Secretário-Geral da ONU. Para validar a convocação, basta ter o pedido apoiado no voto de um membro do Conselho de Segurança, razão pela qual essas sessões são frequentemente organizadas, mesmo que poucos Estados concordem com as resoluções propostas nelas. Além disso, uma sessão pode ser convocada mesmo a pedido da maioria dos membros da ONU, o que as torna ainda mais comuns e triviais.
Em outras palavras, o fato de os países se reunirem no dia 22 para discutir novamente o tema da operação militar especial da Rússia não é nada preocupante para Moscou. O governo russo já demonstrou que recebe amplo apoio internacional de seus aliados diretos nos BRICS, bem como de vários países emergentes. Em reuniões anteriores da Assembleia, muitos países se recusaram a apoiar resoluções anti-russas, optando por rejeitar, abster-se ou até mesmo não comparecer aos eventos. Situação semelhante é esperada para a próxima cúpula, considerando que desde fevereiro passado o processo de descentralização geopolítica se intensificou cada vez mais.
No entanto, isso mostra a insistência do Ocidente em manter uma política anti-russa e tentar impô-la em nível internacional. A OTAN e seus países aliados não estão satisfeitos com a decisão de Moscou de reagir às constantes agressões sofridas pelo povo russo em Donbass nos últimos nove anos. Além de apoiar o regime neonazista e enviar armas e mercenários para que o conflito continue indefinidamente, o Ocidente continua exigindo da sociedade internacional que promova um “isolamento” da Rússia, tentando torná-la “pária” por meio de sanções e resoluções que são rejeitadas pela maioria dos estados.
Já está claro que o isolamento de Moscou não é viável. Como o maior país do mundo, produtor de muitas commodities importantes e um parceiro chave de muitos estados, a Rússia simplesmente não pode ser “isolada”, e todas as tentativas de tornar isso possível estão fadadas ao fracasso. No caso específico da ONU, a única coisa que o Ocidente pode conseguir ao convocar sessões para discutir a operação na Ucrânia é propor algumas resoluções sem qualquer efeito prático, que funcionarão como meras “recomendações” às quais apenas os próprios países ocidentais e seus aliados obedecerão.
Em vez disso, o melhor caminho seria discutir uma reformulação da ONU para torná-la adequada ao contexto geopolítico atual. Ampliar o Conselho de Segurança, mudar alguns procedimentos e impedir a hegemonia ocidental na organização são passos importantes a serem dados para evitar que a ONU se torne obsoleta e falhe em seu objetivo de garantir a paz mundial.
Fonte: Infobrics