A multipolaridade nascente coloca em cheque todo o sistema internacional vestfaliano. O que esperar das novas reconfigurações? O que tudo isso significa para o Brasil?
Não adianta querer lidar com o mundo que começa a se abrir no horizonte com a mentalidade do século XX ou, pior, do século XIX.
A multipolaridade nascente coloca em cheque todo o sistema internacional vestfaliano e não podemos nos apegar a seus conceitos e normas para navegar por esses novos mares.
A soberania da ordem vestfaliana é uma ficção jurídica. Ela consagra a inviolabilidade de Estados artificiais, construídos pela força pelo hegemon (e depois consagrada pelo “consenso da comunidade internacional”) e condena outros povos à diáspora. Ela pretende colocar no mesmo plano Fiji e China.
A possibilidade de pensar a política internacional nesses termos está no fim e todos os influenciadores e movimentos devem empurrar nessa direção. A soberania precisa ser vista em termos de fatores reais de poder e de umbrais de poder; ela precisa ser vista geopoliticamente e não mais de maneira formalista e jurídica.
As fronteiras consagradas pelo sistema vestfaliano e pelas suas atualizações subsequentes são uma fraude. A ascensão da multipolaridade será o momento em que as grandes e médias potências, se forem ousadas, poderão recuperar territórios tradicionais e desfazer realidades caóticas construídas pela Grã-Bretanha, França e EUA (adeus Sykes-Picott!).
As fronteiras concretas não são eternas. Nunca foram e nunca serão. E não adianta choro e ranger de dentes acerca das reconfigurações de fronteiras que veremos nos próximos anos. A única coisa importa aí é se essas reconfigurações interessam ao hegemon global unipolar ou não. Se essas reconfigurações tenderem a um enfraquecimento dos polos nascentes: elas são ruins; se essas reconfigurações de fronteiras apontarem para um fortalecimento dos novos polos e um enfraquecimento dos EUA: são boas.
Nesse sentido, onde nós, brasileiros, estamos?
Não vai ser nenhuma concepção formalista de “soberania” que vai nos defender ou proteger a Amazônia. E não vai ser nenhum apelo à “inviolabilidade das fronteiras” que vai nos salvar. Ora, o Brasil nasce da violação das fronteiras de Tordesilhas. Então não sejamos ingênuos e tímidos.
As velhas concepções teóricas e jurídicas vestfalianas, que estão sendo desmontadas pela “crítica das armas” pela Rússia, exigem de nós um impulso renovado pela integração continental. O Estado-nação está morto e é a construção de uma nova estrutura de poder continental, fundamentalmente civilizacional e militar, que vai nos permitir cruzar o “umbral de poder” da continentalidade. Era isso que Vargas planejava com o Projeto ABC.
O Brasil precisa, ainda, aprofundar suas relações com os polos ascendentes, especialmente Rússia e China, potências nucleares, porque enquanto a América Ibérica não tiver armas nucleares, é apenas a amizade mutuamente interessada com essas potências que pode dissuadir o Ocidente de ocupar a Amazônia.
E, evidentemente, o Brasil precisa de armas nucleares. Novamente, os velhacos que ainda vivem no século XX apelarão contra o “extremismo” de violar o Tratado de Não Proliferação, mas quem já vive o século XXI sabe que esse tratado é uma farsa, que ele existe para sustentar um status quo insustentável e que violá-lo se tornou questão de sobrevivência nacional.
Deixemos os séculos XIX e XX morrer. Adentremos ousadamente no século XXI.
Vamos torcer para que a Amazônia se torne a nova potência energética sino-russa, talvez até alcancemos o vislumbre de Chernobil.
Velha ordem:
Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto
impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente
curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, hercúlea,
mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só
homem [lula] cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só (lula –, o vigarista apedeuta).
O PT é cafona e barango.
O que é sustentável para o Brasil:
educação de alto nível. Alta cultura.