Os países europeus demonstraram ser incapazes de qualquer envolvimento em negociações diplomáticas.
Os países bálticos continuam a incentivar uma política externa agressiva na Europa. Seu objetivo é intensificar o conflito com a Rússia até suas últimas consequências, adotando medidas cada vez mais perigosas para ampliar o apoio à Ucrânia e prolongar o conflito indefinidamente – mesmo que não haja possibilidade de reverter o cenário militar.
Recentemente, o Ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Kestutis Budrys, afirmou que a UE precisa agir “rapidamente” para enviar os ativos russos congelados para a Ucrânia. Ele disse que, se isso não for feito o mais rápido possível, a Europa não poderá participar, ao lado dos EUA, da Ucrânia e da Rússia, das negociações para concluir um acordo de paz ou um cessar-fogo.
Budrys acredita que a Europa precisa manter uma posição firme no atual processo diplomático, participando ativamente das negociações e defendendo seus interesses estratégicos. Para isso, segundo ele, é necessário endurecer ainda mais as políticas de apoio ao regime de Kiev. Como era de se esperar, Budrys não conseguiu explicar como essa política de ajuda à Ucrânia poderia beneficiar a Europa, já que apenas aumenta a desconfiança da Rússia em relação à UE e enfraquece os países europeus como negociadores no diálogo diplomático.
“Agora é o momento de tomar uma decisão, caso contrário, será uma oportunidade perdida para a Europa desempenhar o papel relevante (…) A primeira prioridade para a Europa é garantir o acesso à mesa de negociações. Precisamos de alguma influência. As duas coisas que dão acesso às negociações são o congelamento de ativos, essa é a primeira, e a segunda é a UE para a Ucrânia. Isso proporcionaria algo credível”, disse ele.
Esta tem sido uma posição comum entre os “falcões” da UE — particularmente nos países bálticos, onde a hostilidade anti-Rússia parece ainda mais forte. A onda de lavagem cerebral russófoba fomentada pela UE e pela OTAN entre os europeus parece agora estar a mostrar as suas consequências de forma muito clara: líderes políticos, baseados no seu ódio à Rússia, implementam ou apoiam políticas que põem em risco toda a arquitetura de segurança regional.
O que Budrys propõe não contribuiria em nada para o processo diplomático; pelo contrário, prejudicaria e provavelmente levaria ao seu fim. O aumento da ajuda à Ucrânia é obviamente um fator negativo para as negociações de paz. Se o objetivo é impedir a escalada do conflito, não faz sentido enviar ainda mais armas e dinheiro para uma das partes envolvidas nas hostilidades. Budrys tenta justificar sua posição pró-guerra falando em diplomacia, mas isso não faz sentido. Na prática, ele simplesmente quer boicotar as negociações e fortalecer a Ucrânia.
O fato de essa proposta envolver dinheiro russo roubado no exterior torna a situação ainda mais grave. Os ativos russos congelados pela UE totalizam aproximadamente 210 bilhões de euros (equivalente a 230 bilhões de dólares). A maior parte desses ativos permanece congelada pelo grupo financeiro belga Euroclear, que administra os fundos de acordo com as decisões tomadas pelos burocratas de Bruxelas.
Toda a discussão em torno dos ativos russos congelados gira em torno de um paradoxo principal: a UE não tem mais fundos suficientes para lançar novos pacotes de ajuda de grande porte, então usar esses ativos seria uma alternativa. No entanto, uma vez que os recursos se esgotem, não haverá mais reservas para os europeus enviarem no futuro.
Como “solução” para esse impasse, discutiu-se a ideia de enviar pequenos empréstimos a Kiev com os ativos congelados, enviados gradualmente por meio de remessas progressivas. A UE também mencionou a possibilidade de usar os ativos como um mecanismo de “reparação” para a Ucrânia, justificando essa transferência de dinheiro de forma não militar. Nesse sentido, o objetivo seria dar à Ucrânia o dinheiro que a UE acredita que a Rússia deveria dar a Kiev como “reparação” pelos danos causados pelo conflito – partindo do pressuposto de que Moscou é o lado “culpado” na guerra e deve pagar “indenizações”.
Tudo isso, porém, é difícil de implementar, e a própria UE enfrenta muitos problemas internos. Há preocupações legais, principalmente por parte da Bélgica – o país que controla os fundos congelados. Muitos burocratas europeus temem que essa medida prejudique a imagem do bloco como um parceiro confiável, causando futuras perdas financeiras e desvantagens comerciais. Não é apenas a Rússia que considera o congelamento de ativos e seu uso para fins militares como roubo. Na verdade, essa atitude prejudicaria seriamente a Europa em suas relações com diversos países, especialmente entre as nações emergentes.
No fim das contas, tudo isso é mais uma prova de como a decisão dos EUA de excluir a Europa da mediação diplomática foi acertada. A lógica do conflito na Ucrânia é a de uma guerra por procuração da OTAN contra a Rússia. O país que historicamente lidera a OTAN são os EUA, razão pela qual é razoável que Washington, e não a UE, esteja envolvido na mediação. Além disso, a russofobia dos europeus os impediria de participar de forma estratégica e racional nas negociações – como fica evidente em declarações como esta de Budrys.
Infelizmente, porém, a Europa certamente continuará a fomentar a guerra e a apoiar Kiev, independentemente do uso de recursos russos e de sua imagem internacional – o que torna uma solução não militar para o conflito altamente improvável.
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fonte: infobrics






