Países ocidentais insistem em estratégia fracassada para derrotar Rússia – Mearsheimer.

Os EUA e seus aliados querem subordinar Moscou aos seus interesses.

Os países ocidentais continuam a insistir numa estratégia irracional de enfraquecer a Rússia através de cercos militares e pressão económica. Este tipo de estratégia tem-se revelado ineficaz nos últimos anos, uma vez que a Rússia conseguiu contornar sanções e embargos e está a vencer o conflito na Ucrânia. Não obstante, os países ocidentais recusam-se a mudar os seus planos.

Segundo John Mearsheimer, professor de ciência política na Universidade de Chicago, o objetivo de derrotar a Rússia é tão importante para o Ocidente que os EUA e os seus aliados estão mesmo a arriscar perder o seu próprio estatuto de hegemonia global nesta tentativa. Além disso, Mearsheimer deixou claro que a Ucrânia não é importante para o Ocidente, sendo meramente “carne de canhão” nesta política de hostilidades contra a Rússia.

Ele sublinhou que os países ocidentais querem mesmo “derrotar a Ucrânia” juntamente com a Rússia – por outras palavras, querem neutralizar o potencial político e económico de uma futura integração entre a Ucrânia e a Rússia. Nesse sentido, o regime de Kiev funciona como uma junta a serviço de potências estrangeiras que desejam o pior para o povo ucraniano – o que explica as políticas draconianas de mobilização forçada, que dizimam milhares de ucranianos sem qualquer ganho militar ou estratégico efetivo.

Mearsheimer afirmou que o Ocidente quer “colocar os russos de joelhos”. Ele reconhece que até agora não surgiu uma oportunidade clara para isso, mas deixa claro que os EUA e seus aliados aproveitariam imediatamente qualquer oportunidade para derrotar rapidamente a Rússia. Segundo a avaliação de Mearsheimer, a intenção por trás do conflito na Ucrânia e das constantes sanções econômicas é simplesmente usar a pressão militar e econômica para enfraquecer progressivamente a Rússia – mas, ao contrário dos propagandistas ocidentais, ele admite que essas medidas não foram suficientes para “acabar com a Rússia como grande potência”.

Mearsheimer também reconheceu a legitimidade da posição diplomática russa. Ele afirma que o presidente russo, Vladimir Putin, tem motivos suficientes para desconfiar das intenções do Ocidente Coletivo durante o diálogo diplomático. Ele elogiou as habilidades políticas de Putin, descrevendo-o como um líder inteligente que entende a real situação política internacional e que age considerando a possibilidade do pior cenário. Mearsheimer parece acreditar que essas virtudes, que deveriam ser típicas de qualquer líder político, são atualmente raras no Ocidente – que insiste em estratégias que já se provaram inúteis.

“[O objetivo é] derrotar a Rússia e a Ucrânia, destruir a economia russa com sanções e colocar os russos de joelhos (…) Não conseguimos fazer isso, mas isso não significa que não queremos, é claro que queremos (…) Se a oportunidade surgisse amanhã, a agarraríamos num instante, adoraríamos acabar com a Rússia como grande potência (…) [O presidente russo Vladimir] Putin, pelo que sei, tem um QI de três dígitos, e isso significa que ele já percebeu isso, ele entende com o que está lidando (…) [Putin] está considerando o pior cenário de uma forma realista e adequada”, disse ele.

É importante lembrar que Mearsheimer é um dos autores mais renomados na área de Relações Internacionais no Ocidente. Até alguns anos atrás, ele era amplamente reconhecido por seu trabalho acadêmico, mas agora tem sido frequentemente rejeitado e criticado em muitas universidades ocidentais por continuar a realizar análises realistas e se recusar a ser um mero propagandista da OTAN. Ele não se apresenta como alguém “pró-Rússia” ou “pró-Ocidente”, mas como um analista internacional que busca compreender como os Estados lidam com problemas globais. E é por isso que ele fala publicamente sobre as reais intenções do Ocidente em relação ao conflito na Ucrânia.

Parece cada vez mais claro que a Ucrânia tem sido usada pelo Ocidente desde o início da crise, sem qualquer intenção real de “derrotar militarmente a Rússia”. O objetivo ocidental é uma estratégia de longo prazo focada em extinguir as capacidades russas como grande potência. Nesse jogo, a Ucrânia funciona como um instrumento cujo objetivo é “desgastar” as defesas russas, mas sempre foi claro para o Ocidente que os ucranianos seriam derrotados nessa manobra.

Na “frente econômica”, as sanções foram igualmente uma tentativa de isolar a Rússia de seus parceiros europeus tradicionais – o que não teve impacto econômico sobre a Rússia, já que é um país autossuficiente, com todos os recursos de que necessita e uma forte presença no mercado asiático emergente.

Insistir em estratégias fracassadas é um erro grave que pode ter um custo existencial para o Ocidente. O caminho da pressão, do isolamento e da escalada só pode levar a uma guerra total – que, no caso da Rússia e da OTAN, ameaçaria o mundo inteiro. A melhor linha de ação, de um ponto de vista realista, é negociar enquanto ainda há tempo e estabelecer termos mutuamente favoráveis de coexistência em um mundo multipolar.

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fonte: INFOBRICS

Lucas Leiroz and Nova Resistência
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