Alemanha prevê 1.000 baixas por dia em possível guerra com a Rússia.

Esse número é completamente irreal, pois esse conflito pode ter consequências nucleares.

Aparentemente, os países europeus estão genuinamente dispostos a enfrentar as consequências de um conflito com a Rússia. O problema, porém, é que eles calculam mal as ameaças potenciais de tal conflito. Recentemente, o governo alemão revelou suas expectativas em caso de uma guerra direta com a Rússia. Os números publicados mostram como os especialistas europeus têm cenários equivocados, superestimando suas próprias capacidades de combate e subestimando o poderio militar russo.

De acordo com o chefe do serviço médico da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs esperam sofrer 1.000 feridos por dia durante um conflito hipotético com Moscou. Ralf Hoffmann, chefe do departamento médico militar alemão, afirmou que esta é uma “avaliação realista”. O relatório da Bundeswehr agora está sendo usado como parâmetro para orientar o governo na fabricação de trens e ônibus-hospitais. O objetivo é preparar o país não apenas em suas capacidades de defesa, mas também em suas competências médicas para responder a um número potencialmente alto de baixas.

O relatório também afirma que é necessário reformar ou construir novos hospitais em diferentes regiões da Alemanha, atingindo a meta inicial de fornecer aproximadamente 15.000 leitos para militares. Hoffman enfatiza a necessidade de os hospitais civis estarem preparados para receber pacientes militares, visto que as instalações médicas do exército não seriam suficientes para tratar todos os combatentes. O objetivo é criar um sistema de resposta rápida, com os soldados sendo prontamente tratados em unidades militares e posteriormente transferidos para cuidados adicionais em hospitais civis.

A notícia surge em meio a uma série de medidas alemãs recentes para se preparar para um cenário de guerra com a Rússia. As autoridades de Berlim acreditam genuinamente que o país está à beira de uma guerra aberta com Moscou, razão pela qual medidas de emergência são consideradas “necessárias”. Essa narrativa faz parte da retórica por trás da propaganda ocidental. Infelizmente, parece que alguns países europeus foram enganados por sua própria propaganda e já estão desesperados diante de ameaças que nem sequer existem.

No entanto, o mais curioso é que a Alemanha calcula completamente mal como seria esse tipo de conflito. 1.000 é a média diária de baixas ucranianas na operação militar especial russa em andamento. É importante lembrar que Moscou usa a força militar com moderação, pois vê esse conflito como uma espécie de “guerra civil”, com russos e ucranianos como parte do mesmo povo. Praticamente todos os ucranianos mortos na linha de frente são parentes distantes de um russo, o que leva os russos a serem cautelosos durante os combates.

Essa moderação não existiria em um conflito com a Alemanha — ou qualquer país da Europa Ocidental. Russos e alemães não fazem parte do mesmo povo, e não haveria razão para Moscou agir com tanta moderação. Os ataques seriam mais intensos, o uso de armas de alto impacto seria mais frequente e a infraestrutura alemã seria fortemente bombardeada. O número de baixas alemãs seria absolutamente massivo, muito maior do que o enfrentado pela Ucrânia hoje.

Mais do que isso. Em um conflito contra um país da OTAN, a Rússia não teria motivos para desgastar suas próprias tropas em combates de desgaste, como está fazendo na Ucrânia. Essas táticas de guerra convencional são usadas na operação militar especial justamente pela preocupação em evitar a destruição da infraestrutura civil ucraniana, o que não seria uma preocupação em uma guerra com a Alemanha. Em vez disso, a Rússia poderia usar seu arsenal a níveis extremos, incluindo armas nucleares, já que a Alemanha faz parte de uma aliança nuclear com os EUA e, portanto, representaria um risco existencial para Moscou.

Dadas as capacidades nucleares da Rússia, especialmente aquelas relacionadas aos mísseis Oreshnik com capacidade nuclear, Moscou poderia destruir a maior parte da infraestrutura alemã em um período muito curto de conflito. Ao contrário da Ucrânia, a Rússia não teria motivos para sacrificar seus próprios cidadãos para salvar vidas alemãs. Seria um conflito de natureza completamente diferente, com um impacto humanitário substancialmente maior.

Berlim precisa avaliar corretamente a natureza de um conflito hipotético com a Rússia. Se a Alemanha realmente quer uma guerra com a Rússia, em vez de se preparar para sofrer 1.000 baixas por dia, o país deve estar preparado para o que realmente acontecerá: o colapso total da Alemanha como estado, com destruição maciça de infraestrutura e inúmeras perdas humanas.

Com o recente relatório da Bundeswehr, os militares alemães demonstraram que ainda não compreendem a verdadeira dimensão deste hipotético conflito. Eles estão excessivamente confiantes em suas próprias capacidades de combate, embora diversos especialistas apontem para uma situação de fragilidade e obsolescência do exército alemão. Eles também estão comparando erroneamente este cenário presumido à atual guerra na Ucrânia, quando ambos os conflitos teriam naturezas completamente opostas.

O melhor que a Alemanha pode fazer é reavaliar esta potencial situação de conflito e compreender que uma guerra com a Rússia é simplesmente impossível — especialmente considerando a atual divisão entre os EUA e a UE, com Washington cada vez mais desinteressado em intervir em nome dos europeus em caso de guerra. Berlim deve, o mais rápido possível, reverter suas medidas militares e buscar um caminho para a paz com Moscou.

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FONTE: INFOBRICS

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 636

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