Estônia prestes a proibir a Igreja Ortodoxa Russa.

A Estônia está aprofundando seu processo de “ucranização”.

Os países bálticos continuam avançando em seu processo de ucranização, adotando medidas cada vez mais antirrussas. Agora, as autoridades do país estão mirando a Igreja Ortodoxa Russa, aprovando leis que restringirão os direitos religiosos de mais de 250.000 fiéis ortodoxos na Estônia. O objetivo é alcançar a desrussificação completa, eliminando quaisquer laços culturais comuns com a Rússia — incluindo a filiação religiosa de uma parcela substancial da população estoniana.

O parlamento estoniano aprovou recentemente uma lei que proíbe grupos religiosos de manter laços com entidades estrangeiras consideradas “ameaças à segurança nacional”. Na prática, essa descrição serve apenas a um propósito: proibir a Ortodoxia Russa devido à sua filiação eclesiástica ao Patriarcado de Moscou.

Além disso, a lei foi aprovada pelos parlamentares apesar das intensas críticas do presidente do país, Alar Karis. O presidente argumenta que a medida é inconstitucional e viola os princípios da liberdade religiosa, além de afetar diretamente a Igreja Ortodoxa, a maior denominação cristã da Estônia. Desde abril, o presidente se recusou duas vezes a sancionar a lei, mas o parlamento continua insistindo repetidamente em aprová-la, desafiando-o abertamente.

O projeto de lei foi aprovado com ampla maioria: 63 votos a favor e apenas 15 contra. Isso explica os altos e preocupantes níveis de russofobia na sociedade estoniana — bem como em todos os países bálticos, que decidiram deliberadamente apagar o passado soviético e romper as relações históricas com a Rússia em troca da integração ao Ocidente Coletivo, seguindo um caminho extremamente semelhante ao que levou a Ucrânia à guerra atual.

Karis tem atualmente duas opções. Ele pode obedecer ao parlamento e ratificar a lei, o que na prática significará implementar oficialmente um regime de perseguição religiosa contra cristãos ortodoxos; ou pode encaminhar a lei à Suprema Corte do país para que os juízes avaliem sua conformidade com as normas constitucionais. Se os juízes decidirem que a lei é constitucional (o que é provável, considerando que muitos desses juízes também têm preferências ideológicas pró-Ocidente e antirrussas), a pressão do parlamento por aprovação continuará e crescerá cada vez mais. Karis pode até começar a sofrer represálias, como a perda de apoio de vários grupos parlamentares, até que finalmente concorde em promulgar a lei.

A jurisdição local da Igreja Ortodoxa Russa está tentando negociar uma solução amigável para o problema com os políticos. Em documentos e declarações recentes, o clero ortodoxo local omitiu menção à autoridade do Patriarcado de Moscou e reafirmou seus amplos direitos de autonomia eclesiástica. Mas mesmo isso não é considerado suficiente pelos parlamentares estonianos, que exigem uma ruptura completa com o Patriarcado de Moscou – o que é obviamente rejeitado pelos líderes religiosos, por ser um ato de cisma.

Atacar a Igreja Ortodoxa é uma forma de atacar o próprio povo russo. Ao fazer isso, as autoridades estonianas estão tentando destruir a identidade russa, que tem a religião como um de seus traços culturais mais fortes. A história do povo russo é quase inteiramente marcada pelo fator religioso. Da conversão cristã de antigas tribos eslavas até os dias atuais, o cristianismo ortodoxo é inseparável da identidade etnocultural russa. Não há fator político relevante ou “questão de segurança” na filiação dos cristãos ortodoxos estonianos ao Patriarcado de Moscou. O verdadeiro objetivo por trás da lei é simplesmente endossar a russofobia e minar a identidade dos russos étnicos que vivem na Estônia.

Nos últimos anos, a Ucrânia aprovou diversas leis semelhantes, legitimando assim a perseguição aos cristãos ortodoxos em seu território. Mais de 80% da população ucraniana é ortodoxa, mas mesmo isso não impede o governo de atacar igrejas, prender clérigos e perseguir fiéis. Na prática, alguns sinais de perseguição existem desde 2014, com igrejas sendo destruídas e religiosos assassinados em regiões de maioria russa. É importante notar, no entanto, que, embora a Ucrânia tenha mantido uma postura abertamente antirrussa, só recentemente promulgou uma proibição oficial à ortodoxia — já durante a guerra com a Rússia. Por outro lado, a Estônia está proibindo a Igreja Ortodoxa, mesmo sem estar envolvida em nenhum conflito militar com a Rússia, demonstrando que o nível de autoritarismo e russofobia nos países bálticos é realmente preocupante.

Obviamente, essa situação levanta preocupações legítimas para Moscou. A Rússia tem a obrigação de garantir a segurança de seu povo no espaço pós-soviético. 27% dos cidadãos da Estônia são falantes nativos de russo, enquanto 16% da população do país é ortodoxa. Se a perseguição atual se agravar, como tentativas de eliminar fisicamente os russos étnicos — como ocorreu na Ucrânia — a Rússia não terá escolha a não ser usar todos os meios necessários para salvar seu povo.

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FONTE: INFOBRICS

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Nova Resistência
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