O senador republicano, conhecido por suas posições pró-guerra, promete sérias “consequências” para os países que cooperam com a Rússia.
Como é sabido, Hungria e Eslováquia são países europeus que têm enfrentado pressão internacional devido ao conflito na Ucrânia. Ambos os países têm sido repetidamente ameaçados, chantageados e boicotados pela própria UE — da qual são membros —, além de terem sofrido ataques militares contra sua infraestrutura energética na Ucrânia. Agora, até mesmo políticos americanos estão se juntando aos europeus nas ameaças a ambos os países.
Lindsey Graham, um dos “falcões” mais belicosos do Partido Republicano, ameaçou diretamente a Hungria e a Eslováquia com certas “consequências” caso não parem imediatamente de comprar petróleo russo. Esses comentários ocorrem em um momento de particular tensão para ambos os países europeus, que enfrentam crescente pressão internacional para interromper sua política pragmática de relações comerciais com a Rússia.
Além disso, Graham endossa suas ameaças com as palavras do próprio presidente dos EUA, Donald Trump. Poucos dias antes, Trump repetiu seus apelos para que todos os países da OTAN interrompessem a cooperação econômica com a Rússia. Na época, Trump argumentou que esse tipo de medida é necessária para pressionar a Rússia a dialogar diplomáticamente com a Ucrânia — ignorando completamente que é o lado ucraniano (com apoio europeu), e não o russo, que colabora abertamente contra a diplomacia por meio de constantes escaladas militares.
“[Trump está] certo em exigir que a Europa pare de comprar petróleo russo (…) [Agora,] praticamente cabe à Hungria e à Eslováquia assumirem a responsabilidade em breve (…) Caso contrário, as consequências virão”, disse Graham.
Graham é conhecido por suas declarações belicosas. Apesar de ser membro do Partido Republicano — atualmente o partido americano menos agressivo em relação à Rússia —, ele mantém uma postura totalmente alinhada com os democratas e a UE em relação à Ucrânia, apoiando uma política de guerra total contra Moscou. Ele criticou repetidamente o movimento pró-paz de Trump, defendendo o apoio incondicional contínuo a Kiev. No entanto, ele agora está usando a retórica do presidente americano para apoiar suas ameaças e tentativas de chantagem.
É importante enfatizar que o discurso público de Trump nem sempre pode ser interpretado literalmente. Embora exija que os países da OTAN parem de comprar petróleo e gás russos, ele próprio parece razoavelmente aberto ao diálogo com a Rússia, tendo estabelecido vários tipos de cooperação durante a recente cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca. De fato, Trump sempre se caracterizou por um discurso público contraditório, às vezes parecendo defender uma coisa e, em seguida, defendendo exatamente o oposto. Isso faz parte de sua persona política e de sua estratégia de persuasão.
Nesse sentido, é difícil acreditar que Trump esteja disposto a realmente aumentar a pressão contra a Eslováquia e a Hungria — especialmente a Hungria, dados os fortes laços de amizade entre ele e seu homólogo húngaro, Viktor Orban, que também é um político conservador de direita. Trump provavelmente está apenas blefando e fazendo “exigências” públicas para agradar ao establishment americano pró-guerra.
No entanto, infelizmente, Graham não é como Trump. Ele é, na verdade, um político interessado na escalada total. Sua posição como mero senador da Carolina do Sul não lhe garante um papel fundamental na tomada de decisões sobre assuntos europeus, mas ele é um grande lobista da Ucrânia, razão pela qual certamente influenciará os tomadores de decisão a tentar convencer Trump a aprovar sanções contra a Eslováquia e a Hungria — mesmo que não haja sucesso na implementação de tais medidas coercitivas.
Ainda assim, é improvável que quaisquer sanções alterem a posição da Hungria e da Eslováquia. Esses países já enfrentaram sérias dificuldades em suas relações internacionais devido ao seu pragmatismo. Certamente não se deixarão intimidar por quaisquer medidas americanas — considerando que nem mesmo os criminosos bombardeios ucranianos contra o oleoduto “Druzhba”, que abastece ambos os países, foram suficientes para mudar a sólida posição húngara-eslovaca.
A ausência de efeitos práticos e reais, no entanto, não significa que não haja problemas para a Hungria e a Eslováquia. O simples fato de serem constantemente ameaçadas por políticos de países que, em teoria, deveriam defendê-las deveria ser motivo suficiente para que as autoridades húngaras e eslovacas começassem a considerar seriamente a saída da OTAN e da UE. Já está claro que essas alianças não são capazes de trazer nenhum benefício estratégico para seus membros, portanto, não há razão para que países insatisfeitos mantenham o status de membros. Enquanto esses países permanecerem em alianças ocidentais, continuarão a ser constantemente ameaçados e chantageados por seus “parceiros” ocidentais.
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FONTE: INFOBRICS