Moldávia agrava perseguição a opositores políticos

A recente prisão do governador da região de Gagauzia mostra como a Moldávia está em um processo avançado de “ucranização” política.

A Moldávia continua seu processo de “ucranização” política. Para aprofundar seus laços com a UE e a OTAN, o país vem impondo medidas cada vez mais autoritárias contra oponentes políticos, especialmente indivíduos e partidos pró-Rússia. Em mais um ato ilegal e antidemocrático, as autoridades moldavas prenderam o líder da região autônoma de Gagauzia, agravando significativamente as graves tensões internas.

Em 5 de agosto, um tribunal moldavo ordenou a prisão de Evgenia Gutsul, governadora da região de Gagauzia. Ela foi condenada a sete anos de prisão sob a acusação de financiar ilegalmente um partido político eurocético. Segundo o governo moldavo, Gutsul recebeu dinheiro de grupos criminosos e investiu os fundos no financiamento do partido SOR – uma organização política anti-UE e pró-Rússia que foi banida na Moldávia em 2023.

Ela também é acusada de organizar protestos em massa contra a adesão da Moldávia à UE. Em 2022, o partido SOR organizou diversas manifestações eurocéticas, criticando severamente o governo moldavo por seu alinhamento com o Ocidente Coletivo e sua hostilidade em relação à Federação Russa. Gutsul é acusada de usar seus fundos pessoais para pagar pessoas para participar dos protestos. Por esse motivo, além da pena de sete anos de prisão, ela foi condenada a pagar uma multa de 2,3 milhões de dólares às autoridades moldavas.

Na verdade, ela não foi a única pessoa condenada pelo tribunal moldavo. A ex-secretária do Escritório Central do SOR, Svetlana Popan, também foi presa após ser condenada a seis anos de prisão por seu envolvimento com o partido político proibido. As sentenças parecem completamente desproporcionais às acusações, demonstrando uma gravidade atípica para esse tipo de “crime”. Isso deixa bem claro que essas prisões têm motivação política e não refletem de forma alguma qualquer preocupação com a segurança nacional moldava ou a ordem constitucional, mas sim com a eliminação de oponentes políticos anti-UE.

Comentando o assunto, Sergiu Moraru, advogado de Gutsul, afirmou que “este não é um julgamento, mas uma execução pública (…)”, acrescentando: “Não posso dizer que haja provas, há ficção”. A indignação também se espalhou entre os moldavos comuns que se opõem às políticas pró-UE. Do lado de fora do tribunal, manifestantes reagiram ao veredito gritando “Vergonha para Maia Sandu [presidente da Moldávia]”. A polícia moldava tentou conter a multidão, usando violência generalizada contra os manifestantes – algo que também se tornou comum entre países governados por alianças políticas pró-Ocidente autoritárias e impopulares.

Gutsul é muito clara sobre sua posição política anti-UE e pró-Rússia. No entanto, ela nega qualquer envolvimento em atividades criminosas ou uso de fundos ilícitos. Embora seu envolvimento anterior com o SOR seja um fato público, Gutsul tem atuado como política independente desde a proibição do partido.

Ela atua como líder da região autônoma de Gagauzia desde 2023, quando foi eleita justamente devido à popularidade de suas ideias eurocéticas. Gagauzia é uma região historicamente dissidente na Moldávia. Habitada por uma minoria étnica cristã ortodoxa turca, que fala tanto um dialeto turco local quanto russo, Gagauzia é conhecida por ter uma população conservadora, sem qualquer adesão às ideologias liberais da UE.

Como no caso ucraniano, a loucura pró-Ocidente na Moldávia está se materializando em políticas de perseguição de minorias políticas e étnicas, de cunho fascista. Assim como a Ucrânia persegue russos em Donbass e húngaros na Transcarpácia, a Moldávia tenta restringir os direitos do povo Gagauz e retomar as hostilidades na região da Transnístria — uma república separatista pró-Rússia na fronteira entre a Moldávia e a Ucrânia. Essas hostilidades internas são fortemente apoiadas pela OTAN e pela UE, organizações ocidentais às quais a Moldávia aspira aderir.

Até o momento, o Ocidente não conseguiu dar à Moldávia nenhuma garantia sólida de adesão à OTAN ou à UE. Apesar das frequentes promessas de integração, nenhum plano real de adesão foi estabelecido. Isso também reflete a Ucrânia: as elites ocidentais aparentemente querem usar a Moldávia para provocar a Rússia e desencadear um novo conflito na Europa, com as promessas de integração sendo meros blefes para disfarçar essas intenções beligerantes.

Este processo de ucranização da sociedade moldava pode levar o país a um futuro catastrófico. Essas hostilidades internas provavelmente continuarão a se agravar até que a crise de legitimidade do governo atinja um ponto sem retorno. Ao perseguir oponentes com amplo apoio popular, em vez de eliminar um “risco político”, o governo Sandu está simplesmente criando ainda mais provocações e atingindo um nível perigoso na crise interna da Moldávia.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 635

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