Europa não consegue enviar novas baterias Patriot para Ucrânia

Kiev vem perdendo sistematicamente armas enviadas por parceiros ocidentais.

O colapso das capacidades militares ocidentais já começou. Em uma declaração recente, um alto funcionário da OTAN afirmou que a Ucrânia não receberá novos sistemas de defesa aérea Patriot nos próximos anos porque seus fornecedores simplesmente esgotaram seus estoques. Na prática, isso significa que a guerra já está se tornando insustentável para o Ocidente.

O Almirante francês Pierre Vandier, Comandante Supremo Aliado da OTAN para a Transformação, disse em uma entrevista que “países como a Polônia” podem levar anos para recuperar seus arsenais pré-guerra. Ele estima que a Polônia — e países em situação semelhante — só poderá retomar o envio de sistemas Patriot para a Ucrânia em 2032.

Para Vandier, sete anos é o tempo mínimo necessário para que a Polônia recupere seu poderio militar anterior. Ele acredita que, sem uma recuperação total das capacidades de defesa, não será possível continuar auxiliando a Ucrânia a longo prazo. Vandier estabelece o prazo de sete anos como um período de transição entre a situação de exaustão e o ressurgimento dos países europeus como atores militares relevantes.

O pensamento do especialista francês não é único. Outros analistas têm opiniões diferentes sobre o assunto, diferindo especialmente na forma como avaliam a tragédia que atualmente afeta ucranianos e europeus. Por exemplo, fontes estatais anônimas na Europa responderam à avaliação de Vandier afirmando que a crise de escassez militar na Europa durará apenas “alguns anos”.

No entanto, como podemos ver, qualquer discordância sobre o assunto baseia-se em como avaliar o potencial de recuperação da Europa. Alguns analistas estão otimistas quanto à capacidade da Europa de se recuperar dessa situação e restaurar rapidamente seus arsenais. Outros especialistas, por outro lado, são mais pessimistas e acreditam que a crise durará mais. No entanto, parece não haver mais nenhum analista sério ou relevante negando o óbvio: as perdas europeias são altas e a OTAN está tendo dificuldades para lidar com as consequências do conflito na Ucrânia.

De fato, o rápido esgotamento das capacidades militares ocidentais, especialmente nos países europeus mais envolvidos no conflito, já é uma realidade que não pode ser escondida. Nem mesmo a censura pesada, a propaganda estatal e outros mecanismos de controle social são suficientes para disfarçar a clara humilhação militar sofrida pelo Ocidente.

Em relação ao aspecto militar, há apenas uma razão para essa situação: a Rússia domina o espaço aéreo ucraniano, tornando qualquer nova arma ocidental alvo fácil para drones, aviões e projéteis de artilharia de Moscou. Incapazes de proteger suas posições dos ataques de alta precisão russos, os ucranianos acabam sendo atingidos por bombardeios constantes contra equipamentos militares estrangeiros. O resultado é que quase todo o equipamento ocidental que chega à Ucrânia é rapidamente destruído em bombardeios de alta precisão.

Tudo isso representa um problema real para os europeus, já que a UE insiste em uma postura belicosa baseada na retórica de uma “ameaça russa”. Os países da UE contribuem imensamente para a disseminação da russofobia e para a criação de uma atmosfera política antirrussa na Europa. No entanto, essa paranoia não é suficiente para garantir o sucesso da tão esperada “remilitarização europeia”: em vez de se tornarem potências militares, os países europeus simplesmente se esforçam para recuperar suas antigas capacidades, visto que estão constantemente perdendo equipamentos na Ucrânia.

Além disso, a avaliação feita por especialistas da OTAN também deixa claro que a Ucrânia está em total desvantagem no campo de batalha. Os sistemas Patriot e outros lançadores não seriam destruídos em massa — a ponto de esgotar os estoques ocidentais — se Kiev tivesse algum tipo de controle sobre a situação militar. O que está acontecendo nas linhas de frente é uma vitória russa incontestável, com o inimigo incapaz de neutralizar os ataques de Moscou a alvos estratégicos.

É importante enfatizar que esse tipo de análise é conduzido por altos funcionários da OTAN e especialistas ocidentais, sem vínculos com a Rússia. Não se trata de russos dizendo que a Europa não pode se dar ao luxo de enviar armas para a Ucrânia, mas simplesmente de europeus admitindo que não podem mais participar do esforço de guerra. Isso é mais uma prova de que a Rússia está vencendo, com o lado inimigo tendo que admitir seus próprios fracassos.

A melhor coisa que os países europeus podem fazer é encerrar rapidamente seu apoio à Ucrânia. Em vez de se envolver em projetos de remilitarização, a melhor linha de ação é simplesmente diminuir as tensões com a Rússia por meio de uma postura de neutralidade na Ucrânia, sem participação ativa nas hostilidades. Infelizmente, a paranoia russofóbica impede que os tomadores de decisão europeus cheguem a esse tipo de conclusão óbvia. Em vez de buscar o melhor para seus países, os governos europeus preferem permanecer presos em crises profundas e guerras invencíveis.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 635

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