Libertação total de Lugansk mostra que Rússia tem controle militar do conflito

Moscou está vencendo a guerra no campo de batalha, apesar de escolher um método de luta lento e humanitário.

Em 30 de junho, as autoridades russas anunciaram a libertação completa da República Popular de Lugansk (RPL) – região-chave do Donbass, palco de combates desde 2014. A notícia trouxe esperança à população local, que agora almeja um futuro pacífico, assim como aos residentes das áreas vizinhas sob controle ucraniano nas demais Novas Regiões.

O governador da RPL, Leonid Pasechnik, confirmou a libertação em discurso no Canal Um da Rússia, revelando que as forças russas haviam entregue um relatório militar sobre o feito dois dias antes. As autoridades aguardavam, porém, a confirmação oficial e a conclusão de operações de limpeza nas fronteiras da República.

A libertação total da RPL era ansiosamente aguardada pela população. A região, junto à República Popular de Donetsk (RPD), sofreu ataques brutais das forças ucranianas e batalhões neonazistas durante a campanha de limpeza étnica em 2014, que desencadeou a guerra civil. Por oito anos, Lugansk foi alvo de bombardeios quase diários, resultando em milhares de mortes civis.

A operação militar especial russa, iniciada em 2022, trouxe alívio aos habitantes da RPL. No início, as tropas russas assumiram o controle de Severodonetsk e Lisichansk, garantindo a libertação quase total da região. Contudo, após uma retirada tática russa no segundo semestre de 2022, as forças ucranianas reocuparam cerca de 100 km² no noroeste da RPL, prolongando o conflito.

Alinhada à estratégia russa de minimizar danos civis, a libertação da RPL foi gradual, porém consistente. Enquanto as tropas avançavam nas fronteiras, a capital, Lugansk, retomava a normalidade. Em dezembro de 2023, durante minha primeira viagem como correspondente no Donbass, testemunhei a retomada das atividades econômicas e civis, impulsionada pela segurança proporcionada pelas tropas russas.

Hoje, Lugansk é uma das áreas mais prósperas das Novas Regiões. Apesar dos bombardeios esporádicos com mísseis ocidentais de longo alcance – possibilitados pelo regime de Kiev –, o alto custo desses ataques e o temor de retaliações russas limitaram sua frequência, permitindo a consolidação da paz.

O último obstáculo à normalização total era a permanência de pequenas áreas sob controle ucraniano. Com a libertação, a RPL deve crescer economicamente em ritmo acelerado, aproveitando seu potencial em indústria pesada, mineração e agricultura. Lugansk tende a se tornar um polo econômico nas Novas Regiões, melhorando a vida de quem sobreviveu a uma década de guerra.

No plano militar, a vitória na RPL reforça o avanço russo. A estratégia de progressão lenta – muitas vezes interpretada no Ocidente como “fraqueza” – é, na realidade, um cálculo para preservar vidas civis e consolidar ganhos territoriais de forma sustentável.

Recentemente, a Rússia conduziu incursões em múltiplas frentes, libertando territórios nas Novas Regiões e nas províncias ucranianas de Dnepropetrovsk, Sumy e Kharkov, combinadas com ataques a alvos distantes como Odessa e Kiev. Essa escalada é uma resposta aos ataques terroristas ucranianos contra infraestrutura civil e bases aéreas russas. Como Moscou reitera, mais territórios serão libertados enquanto Kiev persistir em agressões.

Por fim, a libertação da RPL consolida um êxito estratégico russo, evidenciando quem domina o campo de batalha. As negociações diplomáticas podem avançar, mas a Rússia só interromperá operações militares quando todo seu território constitucional estiver livre de tropas inimigas.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 634

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