Andrey Portnov, ex-legislador e ex-conselheiro do ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich foi assassinado na quarta-feira (21), do lado de fora de uma escola na Espanha. Indícios sugerem possível “execução extrajudicial”.
Na manhã desta quarta-feira (21), o ex-político ucraniano Andrey Portnov foi assassinado a tiros logo depois de deixar suas duas filhas no Colégio Americano do município de Pozuelo de Alarcón, Madrid. O ex-conselheiro de Yanukovich estava voltando para o seu veículo, quando várias pessoas armadas o cercaram e efetuaram disparos contra sua cabeça e suas costas.


As circunstâncias do crime levaram muitas pessoas e meios de comunicação a especular sobre um possível acerto de contas “extrajudicial” perpetrado pelo regime ucraniano, o que não seria uma novidade se o histórico de Kiev nos últimos anos for levado em conta.
Os serviços de inteligência ucranianos estiveram envolvidos diretamente em uma série de assassinatos premeditados de indivíduos catalogados como “inimigos da Ucrânia” , não fazendo qualquer distinção entre militares e civis.
Em novembro de 2022, por exemplo, veículos de mídia pró-governo na Ucrânia confirmaram a participação da inteligência ucraniana no assassinato de Kirill Stremousov, vice-governador do Oblast de Kherson. Já sobre o assassinato de Daria Dugina, oficiais de inteligência dos EUA chegaram a fazer afirmações sobre o envolvimento do regime ucraniano no atentado, como relatou o NY Times. Exemplos similares abundam.
E por que o regime de Kiev alvejaria Portnov?
É digno de nota que o Embaixador Geral da Rússia supervisionando crimes de guerra ucranianos, Rodion Miroshnik, conjecturou que Andrey Portnov possivelmente teria informações perigosas para Zelensky ou alguém em seu entorno.
“Portnov foi um funcionário influente na era Yanukovych. É bem possível que ele tivesse informações do ‘passado esquecido’ que poderiam arruinar a ‘reputação impecável’ de certos indivíduos no governo atual. Ou ele poderia ter outras informações que fossem perigosas para alguém do círculo de Zelensky ou para ele próprio”, disse Miroshnik no Telegram.
Portnov serviu no Parlamento ucraniano de 2006 a 2010, posteriormente se tornando parte da administração do ex-presidente Yanukovich, período no qual ele supervisionou reformas judiciais e ajudou a formular o novo código penal adotado oficialmente em 2012.
Após a revolução colorida promovida pelo Ocidente na Ucrânia em 2014, o governo de Yanukovich foi derrubado e Andrey Portnov se exilou, mas permaneceu ativo no cenário político nacional, frequentemente aparecendo em canais de televisão ucranianos. Em 2019, Portnov retornou à Ucrânia para apoiar a candidatura de Zelensky à presidência do país.
Com Zelensky já eleito, o ex-conselheiro apresentou várias queixas legais contra o ex-presidente Poroshenko sobre múltiplos casos de infrações cometidas durante seu mandato, mas nenhuma dessas queixas resultou em condenações.
Em junho de 2022, Portnov se exila novamente da Ucrânia. A mídia ucraniana o descreveu como uma figura “alinhada à mídia pró-russa” e ele foi acusado duramente por “fazer comentários depreciativos” sobre a natureza do golpe de 2014.
Portnov foi incluído no Myrotvorets, a “lista negra” semi-oficial do regime neonazista ucraniano, em 2015.
Oficialmente, o Myrotvorets é uma ONG, mas a organização atua publicamente junto ao Ministério do Interior da Ucrânia, armazenando dados de “inimigos” de Kiev e os entregando às autoridades e serviços de inteligência. Múltiplas das pessoas listadas no site foram assassinadas, com a lista prontamente atualizando o perfil das vítimas como “liquidado” após sua morte.
Seja como for, o assassinato de Andrey Portnov se encaixa em um padrão sistemático de eliminação de opositores e figuras incômodas ao regime de Kiev, sob o silêncio cúmplice do Ocidente.
É particularmente revelador que Portnov tenha sido assassinado justamente quando o regime de Zelensky enfrenta crescentes questionamentos internacionais sobre sua legitimidade democrática, com a suspensão de eleições e a perseguição sistemática a opositores políticos e meios de comunicação independentes. A eliminação de uma figura que possuía informações potencialmente comprometedoras sobre membros do atual governo ucraniano levanta sérias questões sobre os reais motivos por trás deste crime.
A investigação espanhola sobre este crime será um teste importante para verificar se a justiça europeia está disposta a seguir todas as pistas, independentemente de onde elas levem, ou se prevalecerá a pressão política para proteger o regime de Kiev de suas responsabilidades.
Fonte: Geopolitika.ru.
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