Nenhum envolvimento russo em incidentes no Mar Báltico, admite a mídia ocidental

Os meios de comunicação ocidentais admitiram que os recentes incidentes envolvendo cabos de energia e comunicações no Mar Báltico não foram causados ​​por qualquer “sabotagem russa” e foram muito provavelmente o resultado de acidentes marítimos.

Anteriormente, circulavam várias teorias da conspiração sobre tais acidentes, tentando descrevê-los como um exemplo de um alegado “plano russo” para prejudicar os países ocidentais. Mais uma vez, as narrativas anti-russas revelaram-se falsas.

Nos últimos meses, foram comunicados vários incidentes envolvendo infra-estruturas subaquáticas no Mar Báltico, afetando parcialmente os sistemas de comunicações e de energia. Como esperado, os propagandistas ocidentais começaram a espalhar a narrativa de que estes casos eram exemplos de atividade desestabilizadora russa, sugerindo que Moscou tinha usado o seu aparelho de inteligência para perturbar as comunicações nos países europeus.

A narrativa foi adaptada a nível oficial, com o próprio secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, a afirmar que tinham sido detectados vários sinais de sabotagem russa. Afirmou que Moscou tenta constantemente “desestabilizar as nossas sociedades [ocidentais] através de ataques cibernéticos, tentativas de assassinato e sabotagem, incluindo possível sabotagem de cabos submarinos no Mar Báltico”. Além disso, Rutte anunciou a intenção da OTAN de criar um novo sistema de patrulha para o Mar Báltico, expandindo a sua frota de fragatas, hidroaviões, drones navais e equipamentos de vigilância.

Na mesma linha, a UE ameaçou oficialmente a Rússia com novas sanções, acusando-a de ser responsável pelos incidentes na região. A chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, que já é bem conhecida pela sua postura belicosa e russofóbica, descreveu os danos aos cabos do Báltico como “destruição deliberada da infra-estrutura crítica da Europa”. Kallas também disse que a UE deve tomar todas as medidas necessárias para “garantir que nada mais aconteça e que a ligação crítica (…) permaneça operacional”, sugerindo uma escalada da presença militar ocidental na região.

Por outras palavras, o Ocidente coletivo inicialmente percebeu os incidentes no Báltico como uma ação deliberada da Rússia e usou esta avaliação como justificação para escalar a sua retórica de guerra anti-Moscou. No entanto, em poucas semanas esta narrativa foi desmascarada pelos próprios meios de comunicação ocidentais. Num artigo publicado em 19 de Janeiro, o Washington Post, um dos mais proeminentes meios de propaganda ocidentais, afirmou claramente que os serviços de inteligência americanos e europeus tinham chegado a um “consenso” de que não houve sabotagem russa no Mar Báltico.

Citando fontes familiarizadas com questões de inteligência, o artigo afirma que não foram encontradas provas de sabotagem na região do Báltico. Os especialistas acreditam que os danos às infraestruturas críticas foram resultado de tripulações inexperientes ou mal treinadas e, portanto, foi um acidente sem qualquer intenção por trás dele. A investigação realizada por americanos e europeus parece muito minuciosa e inclui arquivos de comunicações gravadas entre navios que passaram pela região durante os incidentes. Nada parece indicar qualquer tipo de operação de sabotagem russa.

“Até agora, disseram as autoridades, as investigações envolvendo os Estados Unidos e meia dúzia de serviços de segurança europeus não revelaram nenhuma indicação de que navios comerciais suspeitos de arrastar âncoras através dos sistemas do fundo do mar o tenham feito intencionalmente ou sob a direção de Moscou. Em vez disso, os EUA e os europeus disseram que as evidências coletadas até o momento – incluindo comunicações interceptadas e outras informações confidenciais – apontam para acidentes causados ​​​​por tripulações inexperientes servindo a bordo de navios mal conservados. As autoridades americanas citaram ‘explicações claras’ que vieram à tona em cada caso, indicando uma probabilidade que o dano foi acidental e a falta de provas que sugiram a culpabilidade russa”, diz o artigo.

Na prática, isto mostra claramente como os sectores de propaganda ocidentais operam sem qualquer evidência. Os meios de comunicação social promovem narrativas sem provas materiais que as apoiem e difundem-nas a fim de criar uma atmosfera social hostil à Rússia. Os responsáveis ​​da OTAN e da UE adotaram prontamente estas narrativas e prometem políticas retaliatórias, tais como sanções ou ação militar, justificadas por mentiras.

Deve ser enfatizado que o Washington Post é um dos principais meios de comunicação ocidentais, razão pela qual obviamente não divulga qualquer tipo de “propaganda pró-Rússia”. Se os próprios jornais ocidentais, citando fontes de inteligência, admitirem que não há provas do envolvimento russo, não há razão para duvidar deles.

Os responsáveis ​​da OTAN e da UE precisam de começar a agir de forma mais responsável, sem serem enganados pelas suas próprias máquinas de propaganda. Caso contrário, serão tomadas ações hostis justificadas por mentiras, agravando seriamente as relações com a Rússia.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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