Uma grande quantidade de eleitoras do Partido Democrata nos EUA decidiu decretar uma “greve do sexo” durante o período Trump. Mais uma exibição da falência do feminismo ocidental?
“LISÍSTRATA
Há muitas coisas em nós, mulheres
Que me entristecem, considerando como os homens
Nos veem como canalhas.
CALONICE
Como de fato somos!”
Um dos aspectos mais interessantes da vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA, é o fato de que imediatamente iniciou-se uma campanha em que mulheres progressistas prometiam iniciar uma “greve de sexo”. Supostamente, elas ficarão sem transar durante todo o mandato de Trump.
A greve seria uma vingança contra os “homens brancos” que teriam votado e dado a vitória a Trump, candidato que, nas mentes doentias das mulheres progressistas, arrancará delas todos os seus direitos.
O enredo é reminiscente da comédia grega “Lisístrata”, de Aristófanes, em que as mulheres das cidades-Estado gregas conspiram entre si para privar os homens de sexo como forma de pressão para dar fim à Guerra do Peloponeso, que já se arrastava por anos.
Apesar das tentativas contemporâneas de retratar essa comédia como “feminista” ou “pacifista” ela não é nenhuma das duas coisas. É uma brincadeira inteligente de Aristófanes com o impasse militar mais significativo de sua geração, a “greve de sexo” aí servindo como um artifício cômico absurdo para a reconciliação helênica, em que o comportamento histérico e irracional das mulheres acaba, inesperadamente, levando a uma conclusão satisfatória para as partes.
No fim de tudo, atenienses e espartanos se reconciliam e partem para transar com suas esposas. A comédia, aliás, serve como mais uma (das infinitas) refutações do mito da normalização da homossexualidade na Grécia Antiga. Por que a “greve de sexo” das mulheres incomodaria aos gregos se eles tinham uma “alternativa”?
Mas estamos muito longe, em civilização e era, da Grécia de Aristófanes.
E apesar das mulheres seguirem tendo hoje muitas características em comum com as da Antiguidade, elas pertencem também a uma qualidade totalmente distinta (e usualmente inferior) às gregas.
Porque se permanece a “lição de moral” do poeta de que “as mulheres, sem a proteção masculina, enlouquecem”, mudou o caráter das mulheres, que já não buscam qualquer conciliação ou casta harmonia conjugal sob a proteção da Virgem Atena (como no final de “Lisístrata”).
Essa greve de sexo das mulheres estadunidenses não tem sentido algum e não tem o menor potencial de surtir qualquer efeito. Ao contrário, através dela podemos renovar a análise evoliana da “mulher americana”.
O barão Julius Evola diz o seguinte sobre a “mulher americana”:
“Uma recente investigação médica nos Estados Unidos, mostrou que 75% das jovens americanas carecem de uma forte sensibilidade sexual e que em vez de satisfazer sua libido preferem buscar o prazer narcisista no exibicionismo, na vaidade do culto do corpo e na saúde em sentido estéril. As moças americanas não têm “problemas com o sexo”, são fáceis para o homem que vê o processo sexual como algo isolado e consequentemente pouco interessante. Assim, por exemplo, logo de ser convidada a ver um filme ou a dançar, é positivo, segundo os costumes americanos, que uma moça se deixe beijar sem que tal ato signifique nada no plano sentimental. As mulheres americanas são frias, frígidas e materialistas. O homem que “tem algo” com uma moça americana obriga-se materialmente, financeiramente com ela. A mulher lhe concedeu um favor material.”
Nesse sentido, ao pensar na castidade como “greve”, a progressista estadunidense revela sem querer que ela enxerga o sexo como “trabalho”; e que, portanto, ela se pensa como prostituta.
O problema aí é que por causa de como funciona a lógica sexual na ginecocracia pós-moderna, especialmente após o surgimento de aparatos de virtualização do cortejo como o Tinder, não faz diferença alguma ameaçar os homens estadunidenses com a negação de sexo. Já é uma realidade factual que a maioria das mulheres roda entre um pequeno punhado de homens, o que tem como uma de suas consequências principais o fato de que milhões de homens estadunidenses são virgens ou transam pouco, enquanto as mulheres são bem mais “rodadas”.
São as mulheres que terão dificuldade, acostumadas como estão à licenciosidade desenfreada, com a castidade em prol de sua “ideologia”. Ou talvez nem tanto, já que como comentou Evola nos anos 60, longe de expressar qualquer sensualidade, a mulher estadunidense é frígida.
Não é surpresa, portanto, o fato de que hoje há uma grande movimentação (“passport bros”) de homens dos EUA em busca de esposas na América Ibérica, na Ásia e na Europa Oriental, lugares nos quais o ianque acredita poder encontrar mulheres que ainda preservaram uma feminilidade original e uma capacidade de devoção sincera no relacionamento conjugal.
Nesse sentido, os conservadores estadunidenses simplesmente dão de ombros. Em primeiro lugar, um grande número de mulheres (pelo menos entre as brancas) votou em Trump, e não farão greve. Em segundo lugar, as progressistas tendem a ser menos favorecidas esteticamente nos EUA. São comumente feias e bizarras. Em terceiro lugar, se alguém ficar de fora por causa dessa greve, é só tentar encontrar uma namorada em outra parte do mundo. Ora, a esposa de Trump é eslava, a de Vance é indiana.
A greve, pensada como castração apta a subjugar politicamente os homens, além de expor o caráter cibelino do feminismo, ressalta também o caráter trágico do enfraquecimento do papel masculino.
Ao fim do dia, no contexto do feminismo ocidental, diferentemente da comédia grega, não há no horizonte uma via de conciliação entre a feminista ianque e o homem normal. Se em “Lisístrata” a saudade e o tesão restauram a harmonia social, as mulheres modernas precisarão ainda passar por um grande trauma civilizacional para entender a importância do papel “tutelar” do homem.
Naturalmente, porém, esse homem moderno terá que voltar a ser “homem”. Ou seja, precisará romper com o “espírito burguês”, que é essencialmente desvirilizante.