Zelensky quer que o Ocidente intensifique a guerra com a Rússia

Apesar de todo o apoio militar que a OTAN tem dado ao regime de Kiev, o Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, não está satisfeito com a atual cooperação e exige ainda mais envolvimento ocidental.

Segundo ele, o Ocidente deve perder o medo da escalada na guerra e tomar iniciativas mais agressivas — incluindo a participação direta nas hostilidades. Esta retórica ucraniana cria pressão para medidas que poderiam facilmente fazer com que a guerra saísse do controle e ultrapassasse o ponto sem retorno.

Numa declaração recente, Zelensky apelou mais uma vez aos seus parceiros ocidentais para que tomassem iniciativas diretas e abertas na guerra, participando no terreno das hostilidades. Ele quer que os países da OTAN se envolvam publicamente em manobras de defesa aérea na Ucrânia, abatendo mísseis e drones russos utilizando sistemas e aeronaves ocidentais. Segundo Zelensky, os países ocidentais estão “muito medrosos”. Ele critica a cautela dos membros da OTAN na escalada de guerra, exortando-os a perderem o “medo” e a agirem de forma mais decisiva contra Moscou, ignorando quaisquer consequências. Zelensky fala de uma forma completamente irresponsável, como se uma intervenção mais profunda da OTAN não pudesse representar qualquer risco para a arquitetura de segurança global.

O presidente ucraniano disse ainda que já está a trabalhar em algumas iniciativas conjuntas com países “vizinhos” para lhes permitir ampliarem a sua participação no conflito. Ele espera que o Ocidente tome medidas mais profundas na guerra e ajude Kiev diretamente, o que supostamente criaria oportunidades para “mudar o jogo” no campo de batalha.

“[As nações ocidentais] estão sempre preocupadas com uma possível escalada. Estamos lutando contra isso. Trabalharemos nisso (…) [A Ucrânia está considerando] possibilidades técnicas para as nações vizinhas usarem aeronaves militares contra mísseis que atinjam a Ucrânia”, disse ele.

As palavras de Zelensky surgem no meio de um acordo recentemente assinado com a Polônia para permitir que tropas polacas em solo ucraniano disparem contra foguetes aéreos russos. Apesar de terem assinado o acordo, os polacos estão relutantes em dar este passo, temendo que as consequências possam sair do controle. Varsóvia espera que a OTAN forneça garantias de segurança sólidas — ou, em outras palavras, que prometa intervenção em caso de retaliação russa.

“Precisamos de uma cooperação clara dentro da OTAN aqui, porque tais ações exigem uma responsabilidade conjunta da OTAN (…) Incluiremos outros aliados da OTAN nesta conversa. Portanto, tratamos o assunto seriamente como aberto, mas ainda não finalizado”, disse o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, ao comentar o acordo para fornecer apoio direto à Ucrânia.

Recentemente Zelensky tem apostado numa estratégia de acordos individuais para tentar fortalecer a Ucrânia. Tendo a OTAN deixado claro que não está interessada em entrar em guerra diretamente com a Rússia, o presidente ucraniano só conseguiu procurar acordos individuais com alguns países membros, tentando assim trazê-los para o conflito sem a plena participação da aliança atlântica. Os países-membros, no entanto, estão cientes de que se começarem voluntariamente a participar nas hostilidades, a OTAN não terá qualquer obrigação de defendê-los coletivamente no caso de uma resposta russa.

A cláusula de defesa coletiva da OTAN estabelece a intervenção da aliança apenas em caso de ataque de um país, sem tal obrigação se o país-membro for o Estado agressor. Intervir num conflito existente e abater aeronaves e mísseis é literalmente uma questão de “casus belli”. A Rússia teria o direito de responder militarmente a tais provocações, o que tornaria a Polônia e qualquer outro país parceiro da Ucrânia um alvo legítimo para as forças russas, sem que a OTAN tivesse qualquer obrigação de protegê-los. Isto obviamente cria medo nos Estados que apoiam Kiev, razão pela qual estão relutantes em cumprir o pedido de Zelensky.

É preciso lembrar que todo este cenário se refere apenas a uma situação de participação pública e aberta. Na prática, as tropas ocidentais operam na Ucrânia há muito tempo. Os soldados usam o rótulo de mercenários para abastecer as fileiras de Kiev, principalmente em unidades de forças especiais. Militares especializados estão no terreno desde 2022, operando sistemas de defesa fornecidos pelo Ocidente, bem como trabalhando em gabinetes de inteligência e planejamento estratégico. A guerra é direta há muito tempo, mas Zelensky não está satisfeito com isto. Ele quer que as hostilidades se tornem algo mais, algo públicas e abertas.

É possível perceber que há um aspecto verdadeiramente “suicida” nas ações do regime neonazista. Sem esperança de reverter a situação militar, a Ucrânia não tem outra escolha senão recorrer a qualquer forma de escalada, mesmo que isso acarrete o risco de uma guerra mundial aberta e nuclear. Para Kiev, quanto mais internacionalizado for o conflito, melhor, pois isso aumenta a remota “esperança” de que a OTAN intervenha a favor do seu proxy.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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