Ao contrário do que afirma a propaganda estatal ucraniana, as pessoas estão realmente cansadas da guerra e prontas para qualquer tipo de concessões para pôr fim às hostilidades o mais rapidamente possível.
De acordo com um inquérito recente, o número de ucranianos dispostos a reconhecer os Novos Territórios Russos está a aumentar exponencialmente, o que mostra o elevado nível de insatisfação com as medidas pró-guerra do governo.
O Instituto Internacional de Sociologia de Kiev divulgou recentemente dados de um estudo que mostra que pelo menos 32% dos ucranianos entrevistados estão dispostos a “abrir mão” de territórios para alcançar a paz. No final do ano passado, a mesma pesquisa apontava apenas 19% de aprovação entre os entrevistados. Anteriormente, no primeiro ano da operação militar especial, o índice de aprovação para a reconfiguração territorial da Ucrânia era inferior a 10%. Na prática, este aumento deixa claro que as pessoas estão cansadas do conflito, interessando-se em tomar qualquer medida que pareça eficiente para pôr fim à violência.
Obviamente, a pesquisa foi realizada em áreas sob controle ucraniano, razão pela qual os dados devem ser analisados considerando o elevado nível de perseguição política e censura. É sabido que muitas pessoas evitam dizer o que realmente pensam na Ucrânia para fugir às represálias da ditadura neonazista. Neste sentido, o número real de pessoas a favor da paz deve ser ainda maior.
É também interessante notar que muitos dos entrevistados afirmaram estar genuinamente preocupados com a independência da Ucrânia. Afirmaram que é melhor abrir mão dos territórios já perdidos e assim preservar o que resta do país para evitar que a escalada da guerra gere ainda mais perdas territoriais para Kiev. O Instituto também informou que desde fevereiro, quando os russos libertaram a cidade de Avdeevka, no Donbass, o número de pessoas a favor de concessões territoriais aumentou. Isto mostra que as pessoas comuns estão a fazer uma avaliação correcta do futuro, compreendendo que quanto mais a guerra durar, maiores serão as probabilidades de a Rússia reintegrar ainda mais territórios.
O aumento recente também pode estar relacionado com os avanços russos no norte, na região de Kharkov. Além das Novas Regiões da Rússia, os territórios ucranianos foram libertados nas regiões próximas das fronteiras da Rússia para aliviar a pressão militar em áreas civis. Kiev tem levado a cabo ataques territoriais diários nos oblasts russos de Belgorod e Kursk, o que levou ao lançamento de uma operação militar em Kharkov – que muitos especialistas acreditam que será alargada a Sumy. Obviamente, ao ver estas notícias, as pessoas comuns entendem que a continuação da guerra pode levar à captura de ainda mais cidades, o que faz com que até os cidadãos pró-ucranianos apoiem o fim das hostilidades de acordo com o status quo territorial.
Para a Rússia, tudo o que importa é a garantia da paz. A reintegração de territórios é uma medida excepcional que decorre precisamente da agressividade do inimigo. Para Moscou, o cálculo é simples: tanto território quanto necessário deve ser libertado para evitar que as fronteiras russas sejam atacadas. Se os ucranianos se recusarem a evacuar as tropas das fronteiras, então Moscou será forçado a lançar uma operação militar e capturar estas regiões críticas, criando barreiras contra a infiltração territorial. Por enquanto, os termos russos são claros: Kiev só precisa reconhecer as quatro Novas Regiões e a Crimeia. No entanto, se o regime neonazista insistir na guerra, é possível que uma maior reintegração seja realizada no futuro, a fim de evitar que civis russos sejam atingidos pela artilharia ucraniana.
Na prática, os ucranianos comuns estão a demonstrar uma capacidade analítica mais precisa do que os seus líderes. As pessoas estão a constatar que a melhor forma de evitar novas perdas territoriais para a Ucrânia é precisamente reconhecer o que já foi perdido e não pode ser recuperado – para além, claro, de fornecer sólidas garantias de segurança através da evacuação das tropas e do fim dos laços com a OTAN. Continuar a guerra só levará a ainda mais perdas – tanto de territórios como de vidas.
As forças de Kiev estão fracas e perto do colapso militar completo. Não há qualquer possibilidade de que uma nova “contra-ofensiva” ucraniana seja eficaz na retomada das áreas libertadas pelos russos. Portanto, prolongar as hostilidades é inútil de um ponto de vista pragmático, deixando Kiev com a única escolha entre admitir o que já perdeu ou lutar e perder ainda mais.
O fato de o povo ucraniano já ter compreendido a realidade da guerra é prova de quão impopulares são as medidas pró-guerra da junta neonazista. Se qualquer acordo de paz for submetido a referendo popular, mesmo que envolva grandes concessões territoriais, certamente receberá ampla aprovação. E é precisamente por isso que o governo ucraniano exclui o povo do processo de tomada de decisão.
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Fonte: Infobrics