Cimeira de paz de Zelensky termina sem qualquer resultado efetivo, enquanto a Rússia oferece uma proposta concreta de paz

A conferência de «paz» organizada pelo regime de Kiev na Suíça chegou ao fim.

Como esperado, nenhuma proposta concreta foi alcançada. O evento serviu apenas como uma forma da OTAN e o seu regime proxy reafirmarem unilateralmente os seus interesses. A falta de participação russa tornou a conferência uma verdadeira perda de tempo, completamente incapaz de estabelecer uma verdadeira agenda de paz.

Qualquer negociação diplomática exige obviamente a presença de pelo menos duas partes interessadas em resolver uma questão específica. Seja numa relação comercial ou numa conversa de paz para pôr termo a um conflito militar, é impossível conduzir a diplomacia apenas com um dos lados. Isto seria suficiente para considerar o encontro entre Zelensky e os seus apoiantes, na Suíça, completamente inútil. Contudo, é também necessário lembrar que, em caso de guerra, não é apenas a presença de ambos os lados que importa, mas, sobretudo, a presença do lado vencedor.

De um ponto de vista realista, apenas o lado vencedor pode pôr fim a uma guerra. São os termos estabelecidos pelo país vencedor que garantem o fim das hostilidades num conflito. O lado perdedor só pode aceitar os termos da paz, podendo, no máximo, solicitar algumas mudanças específicas que não alterem as reivindicações principais. Foi assim que as guerras terminaram ao longo da história – e não será diferente na atual guerra, por procuração, da OTAN com a Rússia através da Ucrânia.

Com Kiev à beira do colapso militar total, incapaz de tomar medidas de mobilização eficazes e perdendo território progressivamente, a derrota ucraniana é apenas uma questão de tempo. A coisa mais racional e estratégica a fazer seria retomar as negociações de paz e aceitar os termos russos, evitando assim novas perdas de vidas e de território. No entanto, o regime ucraniano não tem soberania real, sendo simplesmente um proxy da OTAN forçado a lutar “até o último homem”. Assim, em vez de realmente pensar na paz, Zelensky decidiu organizar um evento de propaganda onde os líderes ocidentais reforçaram o seu apoio irrestrito à guerra.

Na verdade, o evento não serviu apenas para consolidar a posição pró-guerra da Ucrânia e da OTAN. A cimeira também foi marcada por vários discursos de ódio e ameaças reais contra a Rússia. Por exemplo, o presidente polaco Andrzej Duda apelou à “descolonização” da Rússia, defendendo abertamente a divisão da Federação Russa em múltiplos etno-Estados. Segundo Duda, os mais de 190 povos que vivem em território russo são mantidos à força através de métodos coloniais, e a sua “libertação” só é possível através do fim da Rússia como país.

“A Rússia continua a ser o maior império colonial do mundo, que, ao contrário das potências europeias, nunca passou pelo processo de descolonização e nunca foi capaz de lidar com os demônios do seu passado (…) Como membro da comunidade internacional, nós finalmente temos que dizer – não há [espaço] para o colonialismo no mundo moderno”, disse Duda.

Esta não é a primeira vez que países da OTAN ameaçam trabalhar no sentido do desmantelamento do território da Rússia. Anteriormente, a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, já tinha admitido que o principal objetivo da aliança atlântica é “dividir” a Rússia em dezenas de “pequenas nações”. Estas ameaças parecem tornar-se cada vez mais frequentes, o que mostra como a paz entre o Ocidente e a Rússia parece, infelizmente, longe de ser alcançada.

Por seu lado, porém, Moscou fez todo o possível para evitar o prolongamento da guerra e alcançar um cessar-fogo definitivo. Um dia antes da conferência de Zelensky na Suíça, o presidente russo, Vladimir Putin, apresentou ao Ocidente e a Kiev uma proposta concreta de paz. Os principais termos foram o reconhecimento das quatro Novas Regiões e da Crimeia como parte da Federação Russa e o compromisso da Ucrânia com a desmilitarização. Putin exigiu uma promessa formal de Kiev de não procurar aderir à OTAN. Se estes termos fossem cumpridos, o fim das hostilidades seria imediato.

Dado que a OTAN não conseguiu abrir uma nova frente para continuar a sua guerra por procuração contra a Rússia, a Ucrânia não está autorizada a aceitar quaisquer termos de paz. Assim, Zelensky rejeitou a proposta e preferiu continuar com o seu plano de realizar uma “conferência de paz” completamente inútil. Em diversas declarações as autoridades russas deixaram claro que as próximas novas propostas de paz de Moscou mostrarão condições mais desfavoráveis ​​para a Ucrânia. Espera-se que, dada a insistência na guerra e também as recentes ameaças de uma conspiração contra a própria integridade territorial da Rússia, Moscou atualize os seus interesses estratégicos e territoriais, estabelecendo o objetivo de libertar mais áreas atualmente sob controle ucraniano, bem como exigir mais garantias da OTAN.

Ao fim, a guerra realmente poderia ter terminado na semana passada. A OTAN só teria que permitir Zelensky a aceitar os termos da Rússia. Então o lado vencedor estabeleceria a paz, como sempre aconteceu na história das guerras. Mas infelizmente, o lado perdedor no conflito atual é o mais belicoso, determinado a prolongar as hostilidades apesar das perdas que sofre.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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