França: Frente Popular…sem o Povo?

Na França, uma vez mais, o establishment visa tentar costurar uma aliança direita/esquerda para barrar uma vitória nacionalista. Mas com quem está o povo?

Desde a noite de domingo, há tumulto e confusão no meio político-midiático, o choque da ampla vitória de Jordan Bardella tendo sido ampliado pelo golpe de mestre do presidente Macron ao anunciar a dissolução da Assembleia Nacional e eleições antecipadas em apenas vinte dias. É alvoroço para uns, salve-se quem puder para outros! O tempo é de tempestade, de negociações, de mudanças de posição e de situação, de cálculos mesquinhos alimentando pequenas e grandes manobras. Os inimigos de ontem estão agora prontos para se abraçar (ou até mais, se houver afinidade), os desacordos e afrontas passados são obviamente esquecidos, o Palais Bourbon e depois dele Matignon valem bem uma missa! Vamos nos abraçar, Folleville! A política partidária em todo o seu digno esplendor.

No coração dessa agitação frenética, a esquerda, como de costume, toca a partitura antiquada da “mobilização antifascista”, a última carta que ainda pode tentar depois de ter abandonado um a um todos os seus combates sociais e econômicos em favor de uma corrida adiante societária, wokista e imigracionista. Ela tenta assim construir às pressas uma ilusória “Frente Popular” destinada a fazer barreira… à escolha amplamente expressa pelos eleitores, a saber, a de uma direita patriota e social. Não passarão! O povo – autóctone pelo menos – não passará!

O povo não passará

Ainda ontem à beira do pugilato e da dilaceração recíproca, com fundo de acusações de antissemitismo, os diversos partidos de esquerda parecem agora prontos para esquecer Gaza e formar uma frente comum contra a “besta imunda”, ou seja, um Rassemblement National que se assemelha cada vez mais a um partido de centro-direita, ou, na pior das hipóteses, a um RPR até mesmo mais asséptico. Um RN que, por sua vez, também procura firmar alianças, que, embora sejam indispensáveis com vista a uma hipotética tomada de poder, poderiam a longo prazo revelar-se contraproducentes, por serem contra a natureza, o liberalismo econômico dos LR não sendo realmente compatível com o discurso social-populista mantido pelo RN até agora e que tanto seduziu as classes populares e médias do país.

Enquanto a situação não se esclarece um pouco, as gangues de baderneiros ditos “antifas”, eternos idiotas úteis do sistema, se espalham pelas ruas, para degradar e destruir, atacando o menor símbolo tricolor e atacando qualquer lugar que acolha supostamente patriotas ou identitários, como em Angers onde os ativistas corajosos destruíram completamente um bar associativo católico.

A carta da violência e do caos é talvez a que Emmanuel Macron quis jogar ao explodir a agenda política para, posteriormente, se apresentar como o “recurso”, o único guardião de uma ordem, sem dúvida insatisfatória, injusta e instável, mas que assegura, no entanto, o mínimo estritamente necessário para a sobrevivência coletiva….

Fonte: Éléments

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Xavier Eman
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