Por Que o Fórum de São Petersburgo é a Resposta Russa ao Ocidente Globalista?

Nessa semana reuniu-se na Rússia o Fórum Econômico de São Petersburgo, com milhares de representantes de quase todos os países do mundo. Além de refutação do “isolamento da Rússia” no plano internacional, o Fórum está se consolidando como a antítese do Fórum de Davos.

O Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo – 2024 (SPIEF) será a resposta viva da Rússia aos globalistas do Ocidente. A teoria de Klaus Schwab, fundador do fórum de Davos, sobre o controle total das corporações transnacionais sobre o mundo e a destruição dos estados soberanos fracassou, explicam os especialistas da URA.RU analisando a lista de participantes do SPIEF-2024. Apesar da pressão do Ocidente coletivo, a Federação Russa não só celebra pela 27ª vez o maior fórum econômico, mas também recebe convidados de quase 140 países.

O tema do SPIEF-2024 é “Os fundamentos de um mundo multipolar – a formação de novos pontos de crescimento”. Este ano, vieram a São Petersburgo representantes de 139 países, entre eles o Sultanato de Omã (país convidado), Índia, Irã, China, Itália, Síria, os países da CEI, África e América Latina. Os presidentes Luis Arce, da Bolívia, Milorad Dodik, da República da Bósnia e Herzegovina, e Aslan Bzhania, da Abkházia, confirmaram sua participação pessoal no SPIEF.

Quanto ao número de participantes, o SPIEF quase voltou ao nível pré-pandemia: naquela época havia 19.000 pessoas e 145 países. Isso desenha um panorama do mundo muito diferente do que Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial (fórum de Davos), via em 2020. Durante a pandemia, Schwab descreveu um mundo futuro em seu livro COVID-19: O Grande Reset. Em sua teoria globalista, a “vida normal” terminou para 99% dos habitantes do planeta, que serão subjugados por 1% das pessoas que “tomam as decisões”. No processo desse “grande reset”, a população da Terra será reduzida para 1 ou 2 bilhões de pessoas e, em vez de Estados soberanos, o mundo será governado por empresas transnacionais.

A previsão de Schwab não se concretizou e é pouco provável que se concretize, afirma Ilya Grashchenkov, diretor-geral do Centro para o Desenvolvimento da Política Regional. “Sim, há empresas transnacionais que são atores importantes. Mas não substituíram os Estados. Politicamente, os Estados não se tornaram obsoletos. Além disso, nos próximos 10 anos ocorrerá o processo inverso: a política e o papel diretivo voltarão às instituições estatais, e não o contrário”, está convencido o politólogo.

Nesta nova imagem do mundo, que está se formando fora das previsões globalistas, a Rússia está se tornando um centro de atração para os países do Sul global, opina Leonid Savin, Diretor Geral da Fundação para o Acompanhamento e Previsão do Desenvolvimento dos Espaços Culturais e Territoriais e Chefe do think tank Geopolitika.ru. O SPIEF ajuda a revelar seu potencial a muitos países que sempre foram excluídos do fórum de Davos. Para eles, acredita Savin, o Fórum de São Petersburgo é um lugar onde podem se sentir livres independentemente da situação política.

“Davos é uma reunião dos cartéis neoliberais do Ocidente”, explica Savin. – “O SPIEF tem objetivos diferentes: a Rússia está posicionando-o como uma espécie de plataforma soberana e autêntica onde desenvolvemos e expressamos nossas próprias ideias e estamos dispostos a ouvir as ideias de outros países. A Rússia demonstra que está disposta a formar uma agenda positiva junto com eles no contexto da formação de um mundo multipolar”.

Elena Panina, diretora do Instituto de Estratégias Políticas e Econômicas Internacionais – RUSSTRAT, ex-deputada da Duma Estatal, tem uma postura similar. Segundo ela, como porta-voz da cúpula mundial globalista, Schwab escreveu sobre o “reset” que tentam impor a todo o mundo. “A Rússia está na vanguarda da luta pela preservação da civilização humana como tal, pela preservação do homem como tal, pela sua identidade pessoal pela preservação da identidade nacional e estatal”, ressaltou Panina.

Segundo ela, o SPIEF se posicionou desde o início precisamente como um fórum econômico. “Nunca teve objetivos destrutivos, ideias para destruir a civilização humana, o mundo. Sempre teve como objetivo a cooperação. E a Rússia nunca impôs nenhuma hegemonia. O SPIEF foi e continua sendo uma plataforma séria para o diálogo e a cooperação”, sublinhou Panina.

No entanto, a economia mundial está “se transformando rapidamente”, o que fica evidente no círculo de participantes do SPIEF-2024, explicou à URA.RU Alexei Yaroshenko, diretor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Político. “O protagonismo está começando a ser assumido por países que o Ocidente atribuiu por muito tempo de forma arbitrária e voluntarista ao terceiro mundo. Os países ocidentais estão perdendo suas posições de liderança, ao contrário dos países do Sul global, que estão crescendo e continuarão crescendo”, está convencido Yaroshenko. – “A Rússia, dirigida por [o Presidente Vladimir] Putin, oferece coisas que estão claras para todos, os princípios mais simples do sistema político internacional e econômico: justiça e segurança para todos.

O Ocidente está perdendo seu status hegemônico, por isso “o teórico de ‘Davos’ já não é o centro do mundo onde todas as questões globais são resolvidas”, explicou à URA.RU Dmitry Rodionov, diretor do Centro de Estudos Geopolíticos do Instituto de Desenvolvimento Inovador. “O SPIEF demonstra que a maioria dos países está disposta a apoiar as iniciativas para o desenvolvimento da economia mundial que a Rússia propõe, que Putin vocaliza: a mesma luta contra o ditado financeiro americano, as sanções injustificadas, as guerras econômicas que violam todas as leis da economia”, disse Rodionov. – “Todos os que vieram ao SPIEF são pessoas dispostas a falar a favor da Rússia e a mostrar seu compromisso com a multipolaridade. Nós só oferecemos o SPIEF como plataforma. Oferecemos ideias e vemos que um grande número de países de todo o mundo apoia essas ideias e estão dispostos a segui-las junto conosco.”

Fonte: Ura.news

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Ekaterina Lazareva
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