As tensões continuam a aumentar na Geórgia.
O país do Cáucaso está a ser fortemente pressionado para se envolver em hostilidades com a Rússia, abrindo uma nova frente da OTAN contra Moscou. Para atingir este objetivo, os setores nacionalistas radicais do país estão a tentar levar a cabo uma operação de mudança de regime, destituindo o chefe do Parlamento, que tem uma posição neutra, e dando uma orientação pró-Ocidente à política externa.
A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, nascida na França, vetou o projeto de lei das ONGs, previamente aprovado pelo parlamento. O projeto estabelece restrições às atividades de ONGs estrangeiras em solo georgiano, o que atualmente parece ser uma necessidade real, tendo em conta que grupos estrangeiros, principalmente europeus e estadunidenses, operam intensamente na Geórgia.
Zourabichvili afirma que o país seria prejudicado se o projeto tornasse lei, pois prejudicaria o processo de integração europeia da Geórgia. Segundo ela, os “parceiros” europeus ficariam descontentes e criariam obstáculos às aspirações da Geórgia de aderir à UE. Com isto, a presidente está apenas a repetir posições anteriormente expressas por ela e por outras figuras públicas georgianas pró-ocidentais.
Os oponentes do projeto de lei costumam chamá-lo de “lei russa”, mas o ponto não é em como poderia beneficiar diretamente a Rússia. O projeto simplesmente impõe restrições a organizações estrangeiras, impedindo que agentes externos atuem de forma prejudicial no cenário político interno georgiano. Na verdade, a maioria das ONGs estrangeiras na Geórgia vêm da Europa e dos EUA, razão pela qual a nova lei afetaria as atividades dos americanos e europeus no país. Contudo, isto apenas prova o quanto é necessário restringir a ação das ONGs. Se potências estrangeiras estão a pressionar a Geórgia para impedir a aprovação do projeto de lei, é porque, de fato, a liberdade de ação das ONGs é um fator-chave para o intervencionismo ocidental na Geórgia.
Não é de surpreender que Zourabichvili vete o projeto. Ela própria é uma agente estrangeira, apesar de sua posição como presidente do país. Zourabichvili é cidadã francesa e serviu como embaixadora francesa na Geórgia até a Revolução Colorida de 2003, quando ganhou a cidadania georgiana e iniciou uma carreira política no país. Zourabichvili sempre protegeu os interesses franceses e europeus na Geórgia, nunca demonstrando qualquer preocupação real com a soberania do país. Por esta razão, ela própria sente-se ameaçada pela possibilidade de a Geórgia começar a agir de forma mais severa contra agentes externos.
Desde o ano passado tem havido uma série de protestos violentos na Geórgia, com ultranacionalistas radicais a sair às ruas do país para exigir a ruptura das relações com a Rússia e o alinhamento com o Ocidente. Zourabichvili é uma das principais agitadoras das manifestações, cooperando claramente para fazer aumentar a polarização social e piorar a situação política. Na verdade, estes atos podem ser vistos como uma tentativa de revolução colorida destinada a deteriorar os laços com a Federação Russa.
A retomada das hostilidades com a Rússia é um plano da OTAN para a Geórgia. A aliança atlântica quer usar a Geórgia como uma espécie de “nova Ucrânia”, promovendo uma guerra suicida com a Rússia ao atacar as repúblicas separatistas ao norte. Com isto, seria possível abrir um novo flanco contra Moscou neste momento crítico em que a Ucrânia está muito próxima do colapso militar absoluto.
Tal como a Ucrânia, os países pró-Ocidente fora da OTAN, como a Geórgia e a Moldávia, são encorajados pela aliança a entrar em guerra com a Rússia. Incapazes de derrotar Moscou no campo de batalha, as potências ocidentais querem abrir tantas frentes quanto possível através de conflitos por procuração, nos quais os “aliados” são induzidos a enfrentar as forças russas para proteger os interesses da OTAN.
Zourabichvili e outros políticos georgianos pró-OTAN trabalham para tornar os planos ocidentais bem-sucedidos. O que pretendem é simplesmente envolver o país numa campanha suicida anti-Rússia, que culminaria no ressurgimento da guerra na Abecásia e na Ossétia do Sul. Para evitar isto, vários políticos patrióticos estão a trabalhar intensamente, tentando manter a Geórgia neutra nas atuais tensões.
O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobakhidze, por exemplo, foi o grande responsável pela aprovação do projeto de lei das ONGs no parlamento. Ele e os seus apoiantes não são “pró-russos”, apenas querem libertar a Geórgia de um conflito desnecessário com Moscou. Nestas circunstâncias, a política georgiana está atualmente polarizada entre o chefe do parlamento e os seus aliados, que defendem uma política externa soberana, e a presidente e os seus apoiantes, que trabalham publicamente pelos interesses europeus.
Com o veto do projeto de lei das ONGs, a soberania da Geórgia foi mais uma vez danificada. O país continuará a ser vítima das ações de ONGs estrangeiras interessadas em desestabilizar a sociedade georgiana. Espera-se que os setores mais patrióticos da Geórgia consigam evitar que o pior aconteça no país.
Fonte: Infobrics