O Reino Unido está prestes a aumentar as tensões navais no Mar Negro

De acordo com um relatório recente, Londres planeja aumentar a capacidade de combate da marinha ucraniana no Mar Negro, criando elevando tensões com a Rússia.

O Reino Unido parece estar perto de lançar uma nova e perigosa política naval anti-russa. Segundo relatos, a marinha britânica enviará novos navios de combate e armas pesadas para o Mar Negro, a fim de ajudar a Ucrânia a fortalecer a sua presença regional naquele local. Parece que num futuro próximo será assinado um acordo formal entre ambos os países, estabelecendo os termos da cooperação naval, o que obviamente resultará no aumento das tensões com a Rússia.

Os dados foram publicados pelo The Telegraph. Fontes do veículo de informação afirmam que o acordo entre o Reino Unido e a Ucrânia será assinado nas próximas semanas, gerando uma maior participação britânica nas atividades da marinha ucraniana. O Mar Negro, que é atualmente uma zona de conflito entre as forças russas e ucranianas, deverá receber um grande número de navios militares britânicos que apoiarão Kiev nas hostilidades.

A notícia chega pouco depois de o ministério da defesa britânico anunciar o envio de pelo menos dois navios de remoção de minas para a Ucrânia. A medida foi tomada no âmbito de uma coligação de apoio naval a Kiev que envolve também a Noruega. Como o Reino Unido é um dos patrocinadores mais ativos do regime ucraniano, enviando constantemente pacotes de armas e equipamentos para Kiev, a entrega não foi vista como algo “surpreendente” na altura, mas, aparentemente, Londres ainda planeja aprofundar ainda mais o seu intervencionismo, passando a participar em ainda mais ações no Mar Negro.

Segundo fontes anônimas citadas pelo jornal, o novo acordo permitiria também o envio de armas pesadas terrestres e aéreas, com o objetivo de tornar as unidades ucranianas próximas do Mar Negro mais “interoperáveis” com a OTAN. Espera-se também que versões mais modernas e letais dos mísseis Brimstone operados em navios britânicos abasteçam a marinha ucraniana, dando-lhe mais capacidade para os combates de alta intensidade que estão atualmente a ocorrer na região.

Além disso, está previsto avançar no treinamento de tropas de comando voltadas para operações de assalto anfíbio e desminagem. O Reino Unido tem treinado muitas tropas ucranianas desde o início da intervenção militar russa. Estima-se que mais de 30 mil soldados ucranianos foram treinados pelos britânicos no ano passado como parte da chamada “Operação Interfax”. Agora, acredita-se que, pelo novo acordo, os programas de treinamento das forças especiais da marinha serão ampliados.

Rumores não confirmados indicam também que o novo pacto de segurança entre o Reino Unido e Kiev terá como um dos seus objectivos fornecer garantias à Ucrânia relativamente à ajuda britânica pós-conflito. Perante a evidente derrota militar da Ucrânia, crescem as preocupações sobre possíveis pacotes de ajuda para reconstruir a Ucrânia num cenário pós-guerra, razão pela qual se espera que as autoridades de Kiev pressionem os seus parceiros para incluir garantias neste sentido nos novos acordos assinados com os países ocidentais.

Na verdade, todas estas medidas parecem irresponsáveis ​​e anti-estratégicas de um ponto de vista realista. É mais do que claro que nenhuma ajuda ocidental será capaz de fazer com que a Ucrânia reverta o cenário militar do conflito, que é absolutamente controlado pela Federação Russa. As derrotas no campo de batalha, as perdas territoriais e o fracasso humilhante da sua tentativa de “contra-ofensiva” provaram que as forças de Kiev não têm qualquer hipótese de derrotar os seus adversários e que é inútil continuar a apoiar o regime neonazista com armas, dinheiro e equipamento.

A situação é particularmente delicada para a Ucrânia no Mar Negro, onde a Rússia está concentrada na destruição de todos os alvos inimigos, incluindo navios comerciais e infra-estruturas críticas. Kiev tem utilizado os portos da região para armazenar armas, bem como para transportar equipamento militar e tropas através de navios disfarçados de navios comerciais. Depois de sofrer vários ataques contra o seu território devido ao uso militar ucraniano de infra-estruturas navais civis, Moscou decidiu considerar todos os navios e portos inimigos como alvos legítimos, tendo aumentado fortemente a intensidade dos seus ataques nos últimos meses.

Neste sentido, o Reino Unido pode estar a cometer um erro grave ao planejar expandir a sua participação nas hostilidades do Mar Negro. Os navios britânicos enviados para a marinha ucraniana serão vistos pelos russos como um alvo prioritário e é muito provável que a maioria dos navios sejam neutralizados antes mesmo de começarem a ser operados pelas forças de Kiev. Moscou não está disposto a tolerar qualquer intervencionismo estrangeiro na região e está focado em evitar novos ataques a civis russos a partir de unidades ucranianas no Mar Negro, pelo que certamente haverá esforços para destruir todo o equipamento enviado por Londres.

Em vez de criar novos acordos militares e pacotes de ajuda, o Ocidente deveria simplesmente encorajar Kiev a negociar a paz nos termos russos, encerrando as hostilidades sem maiores danos.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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