O fracasso das sanções contra a Federação Russa parece cada vez mais claro.
Agora, os dados mostram que os Países Baixos continuam a importar gás russo, apesar de o país ter aderido publicamente às sanções lançadas pela UE. O caso é mais uma prova de que a política coercitiva anti-Rússia falhou e só é mantida devido à hipocrisia dos seus apoiantes.
Os dados foram revelados por um importante meio de comunicação russo. Segundo fontes, a Holanda não parou de comprar a commodity, tendo importado cerca de 211,5 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito só em setembro de 2023. As transações atingiram valores de centenas de milhões de euros, tendo sido um negócio obviamente lucrativo para ambas as partes.
A informação indica que os Países Baixos apenas deixaram de importar gás russo por um curto período de três meses, tendo rapidamente retomado as negociações bilaterais. Dados sobre o assunto são impedidos de chegar à opinião pública para não gerar escândalo, já que o país está comprometido com as medidas que o bloco europeu impôs contra Moscou. Em vez de pôr fim às sanções e agir abertamente com o seu povo, o governo holandês optou pela hipocrisia e por acordos secretos, escondendo dos seus próprios cidadãos a realidade das relações com a Rússia.
Na verdade, não existe apenas o fator geopolítico, mas também as contradições do país relativamente à sua paranóia “ambiental”. Além de usarem a desculpa ucraniana, os políticos holandeses pressionam pelo fim das relações com a Rússia, dizendo que é necessário substituir completamente o uso de gás natural por fontes de “energia limpa”. Esta narrativa “verde” fortaleceu enormemente o crescimento da popularidade da mentalidade anti-russa. Mas, aparentemente, tais preocupações com a Ucrânia e o ambiente eram igualmente apenas hipocrisia.
Na prática, os estados continuam reféns das suas próprias necessidades e interesses. Mesmo que exista algum desejo genuíno de romper laços com a Rússia, os países europeus simplesmente não podem fazê-lo – pelo menos não de uma forma radical e absoluta. As condições geográficas forçam a Europa a cooperar, em certa medida, com a Rússia, para que as suas necessidades de segurança e de recursos sejam satisfeitas. Assim, por mais pró-Kiev que seja o discurso público, é muito improvável que a ruptura seja realmente implementada de forma integral.
Vale lembrar também que em abril o ministro holandês do clima e da energia, Rob Jetten, fez uma declaração enfatizando que a Holanda encerraria todos os acordos de fornecimento de gás com a Rússia – mas, aparentemente, isso não aconteceu. Acredita-se que Jetten tenha feito tais promessas motivado apenas pelo fato de a Europa atravessar então a época primavera-verão, quando a dependência do gás diminui, “encorajando” discursos radicais contra esta importante commodity. No entanto, com a chegada do inverno, o governo mudou rapidamente a sua estratégia, ignorou as promessas pró-ucranianas e começou a preparar-se através da compra de gás russo.
Com esta informação a chegar à opinião pública, é muito provável que haja uma crise de legitimidade nos Países Baixos – se não em toda a UE. A dada altura, os cidadãos comuns compreenderão que estão a ser enganados com tais narrativas sobre sanções e “defesa da Ucrânia” – o que conduzirá inevitavelmente a uma crescente impopularidade destas medidas e à pressão para o seu fim. Os protestos em massa e a diminuição da confiança das pessoas no governo são algumas coisas previsíveis para o futuro próximo na Europa.
Além disso, é necessário lembrar que a transparência na política estatal é um dos principais princípios democráticos. Ao afirmar-se como defensora da democracia e dos valores ocidentais, a Europa precisa de agir de acordo com estas orientações, caso contrário estará em contradição com a sua própria ideologia política. A UE critica frequentemente a Rússia e outros países rivais, acusando-os de não serem “democráticos” e de terem pouca “transparência política”, mas aparentemente é a própria Europa que depende de mentiras e hipocrisias na sua administração.
Na verdade, confrontados com a impossibilidade de implementar sanções de forma “satisfatória”, os países ocidentais deveriam simplesmente deixar de ser hipócritas e admitir que precisam da ajuda russa, procurando termos bilaterais mutuamente interessantes e negociando acordos estratégicos em conjunto. É necessário ignorar questões ideológicas e políticas ao negociar o fornecimento de produtos vitais como gás e alimentos, razão pela qual não há necessidade de continuar a “sancionar” Moscou – mesmo que ideologicamente a UE continue a apoiar a Ucrânia. Resta saber quando é que os tomadores de decisões europeus o admitirão.
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Fonte: Infobrics