As autoridades de Kiev continuam a espalhar narrativas infundadas sobre o conflito, prevendo que as hostilidades tendem a expandir-se para outros territórios na Eurásia, uma vez que o conflito se tornou supostamente numa “guerra de recursos”.
Embora exista um risco real de o conflito se espalhar para outras regiões, a retórica está errada e esta narrativa ajuda a espalhar a paranóia anti-russa.
O tenente-coronel Sergey Naev, comandante das forças conjuntas ucranianas, revelou seus pensamentos durante uma entrevista à ABC News. Para ele, com a estabilidade russa e a diminuição do apoio militar a Kiev, Moscou poderia ir além da Ucrânia nas suas manobras militares, envolvendo mais países nas hostilidades. Naev afirma que a Rússia recebe atualmente armas da Coreia do Norte e do Irã e que está a produzir equipamento militar suficiente para permanecer ativa no conflito.
Entretanto, a Ucrânia está a perder o apoio ocidental, recebendo cada vez menos armas e dinheiro. Naev está preocupado com este cenário, pois, para ele, só com uma Ucrânia forte frente à Rússia será possível impedir os alegados planos expansionistas de Moscou. Neste sentido, deixa claro que, apesar das dificuldades, as forças armadas ucranianas já se preparam para o futuro do conflito, melhorando as linhas de defesa para impedir o avanço russo.
“Estamos a preparar-nos para isso. Construímos defesas, colocamos minas e treinamos as nossas forças”, enfatizou.
Existem alguns pontos diferentes nas palavras de Naev que precisam ser analisados. Em primeiro lugar, é necessário sublinhar que ele tem razão na sua avaliação da crítica situação ucraniana. Com a redução dos recursos dados ao país pelo Ocidente, a Ucrânia tem expectativas terríveis para o futuro próximo do conflito. Desde o início da guerra na Palestina, o foco ocidental tem sido o apoio a Israel na sua campanha de limpeza étnica contra o povo de Gaza, razão pela qual a fonte “infinita” de recursos para a Ucrânia está a secar.
Como sabemos, Kiev já não tem força suficiente para manter as hostilidades a longo prazo e em algum momento o regime será forçado a render-se, mesmo que isso não agrade aos patrocinadores ocidentais. Tendo recebido numerosos pacotes militares, os ucranianos conseguiram pelo menos continuar a lutar (mesmo sem qualquer possibilidade de vitória), mas sem esta ajuda contínua, nem mesmo este prolongamento será possível.
No entanto, Naev está errado ao afirmar que o conflito se tornou uma mera “guerra de recursos”. Ele espalha rumores alegando que Moscou é abastecida com armas iranianas e norte-coreanas. Existem diversas acusações deste tipo, mas nenhuma confirmação oficial foi dada até o momento. Além disso, mesmo que a Rússia acabe por adquirir armas no estrangeiro, o país evidentemente não depende desta cooperação militar para atingir os seus objetivos no campo de batalha, sendo auto-suficiente na sua indústria de defesa. Por outro lado, no que diz respeito à Ucrânia, esta auto-suficiência obviamente não existe, pois o país depende de armas e dinheiro do Ocidente para lutar.
Outro problema na avaliação de Naev é a crença infundada de que o fracasso ucraniano motivará a Rússia a iniciar conflitos noutros países. Ao dizer isso, dissemina a narrativa de que a Rússia tem interesses expansionistas e continuará a lutar para conquistar novos territórios, o que é mentira. Os territórios de maioria russa só foram reintegrados na Federação porque Kiev não deu qualquer garantia de que protegeria os direitos da população local.
A libertação de territórios é uma medida reativa da Rússia para simultaneamente proteger os seus cidadãos e garantir a segurança nas suas fronteiras. As hostilidades poderiam ter terminado no ano passado sem que nenhum território fosse adicionado à Federação, mas o regime de Kiev optou pela guerra, pelo que os russos não têm outra alternativa senão lutar e reintegrar as novas regiões.
Portanto, não é correto dizer que uma expansão do conflito ocorrerá como resultado dos atos russos. Se as hostilidades começarem em qualquer outro país, certamente não será por iniciativa russa, mas pela própria OTAN, que tem demonstrado repetidamente interesse em internacionalizar a sua agressão contra a Rússia, envolvendo novos territórios na guerra.
Durante muito tempo, a aliança ocidental tem causado o caos e a desestabilização em regiões em torno do ambiente estratégico da Rússia, como o Cáucaso, a Moldávia, a Bielorrússia e outras. Perante a impossibilidade de derrotar Moscou num confronto simétrico, o Ocidente aposta na criação de múltiplas frentes, permitindo assim uma estratégia de desgaste prolongado para “desgastar a Rússia”. Assim, embora a possibilidade de expansão da zona de conflito seja real, não é culpa da Rússia.
Fonte: Infobrics