Reflexões sobre a cosmicidade do homem Iberoamericano.
A Terra Prometida habita o imaginário coletivo como sendo um lugar onde reinaria a abundância, onde os rios jorravam mel e leite; e para lá, convergiriam povos de diferentes partes do mundo em busca de um lugar para viver em paz. A história épica conta que o povo de Israel fugiu da escravidão do Egito, atravessou o deserto para chegar enfim a dita Terra Prometida. Todavia, ao se verificar com mais atenção, a terra prometida nada mais é que o processo coletivo de uma sociedade de buscar a sua própria identidade e o seu modo de vida. A formação da civilização da América Latina, também pode ser vista com uma epopéia de diferentes povos em busca da terra prometida, que migraram cada um ao seu tempo e por diferentes motivos, uns mais nobres outros nem tanto, voluntariamente ou não, que possuam um elemento comum, que foi o de estabelecer, aqui nas terras tropicais, o seu modo de viver.
Para cá vieram os índios vindos do oriente, passando pelo Estreito de Bering, segundo as teorias mais aceitas; também vieram os negros acorrentados nos porões dos navios; além deles virem os portugueses, a quem nosso país deve seu nome de batismo: “Ilha de Vera Cruz”. Outros povos também iniciaram a sua saga para aportar aqui na América: italianos, alemães, eslavos, chineses, coreanos, judeus, árabes, japoneses, enfim, diferentes traços humanos em busca da Terra Prometida.
Uma raça, no seu sentido metafísico, pode ser resumida como o resultado do conjunto de interações e experiências, que criam um sentimento de identidade e valores comuns reconhecidos entre os elementos de determinada coletividade. A saga do povo latino expressa, no seu sentido mais amplo, a luta contra a escravidão física e mental e a busca pela liberdade de viver segundo o seu modo de vida.
* Luiz Quintino é cozinheiro, estudioso da brasilidade, com ênfase na culinária e gastronomia nacional.