A opinião pública está cada vez mais insatisfeita com as atitudes de Volodymyr Zelensky. Desta vez, a razão para desagrado é seu ensaio fotográfico, ao lado da esposa, para a revista Vogue. A produção das imagens, em meio ao cenário de devastação que cobre a Ucrânia não agradou os leitores, alegando que o líder ucraniano romantiza o conflito para tirar alguma vantagem.
A revista Vogue recentemente lançou uma coleção de fotos de Zelensky e sua esposa Olena, numa tentativa fracassada de propaganda de guerra em favor do regime ucraniano. Na imagem, Zelensky aparece segurando as mãos da primeira-dama, Olena posa próxima de soldadas em barricadas de areia na residência oficial do governo ucraniano, junto de um avião destroçado.
A reportagem foi escrita no início de Julho em Kiev pela jornalista Rachel Donadio, com fotos realizadas pela fotógrafa estadunidense Annie Leibovitz. A edição oficial será lançada em Outubro, mas as imagens já foram divulgadas. O objetivo é mostrar um lado “emotivo” do casal e a “bravura” do líder ucraniano nestes tempos difíceis. O resultado, no entanto, foi totalmente adverso.
A complexa produção do ensaio gerou descontentamento entre leitores da revista que aparentemente não gostaram de ver o líder de um país em guerra reservar seu tempo para o trabalho de modelo fotográfico. Ao longo da última semana de Julho, Zelensky foi duramente criticado, perdendo muitos de seus apoiadores Ocidentais. Na prática, o fato do presidente ucraniano posar com sua esposa para uma revista durante uma guerra é visto como uma expressão de desdém para com os soldados ucranianos no campo de batalha e com a população civil, que sofre continuamente com o longo conflito.
De fato, parece difícil imaginar como o presidente de uma nação em um conflito tão sério quanto o atual pode encontrar tempo na sua agenda para posar para uma revista estrangeira. Obviamente, esses encontros com jornalistas servem como importante instrumento de propaganda e tem efeitos diplomáticos, ajudando a juntar apoio moral e financeiro. Mas isso não justifica uma mega produção, com sets especiais, roupas elegantes e maquiagem sofisticada enquanto, no campo de batalha, cidadãos ucranianos sangram sob as ordens do governo.
Nos EUA, particularmente, o assunto e desagrado público têm sido aproveitados pelos Republicanos para criticar mais profundamente a política de financiamento do conflito de Biden. Diversas mensagens circulam na internet mostrando descontentamento com o fato de milhões de dólares estadunidenses estarem sendo enviados em apoio ao presidente que, em vez de ajudar seu povo, posa com sorrisos e de mãos dadas com a esposa para uma grande revista. Como resultado, é esperada uma derrocada na popularidade do governo estadunidense nos próximos meses.
Além disso, há outro ponto em discussão que trata do oportunismo da Vogue em tirar vantagem da tragédia ucraniana para lucrar. O ato de “glamourizar” a guerra é, embora controverso, relativamente comum entre revistas populares, mas a Vogue parece ter cruzado o limite ético mais elementar. O conflito na Ucrânia é sério e está totalmente ativo. Milhares de vidas já foram perdidas e milhões de pessoas já perderam suas casas. Além disso, há o risco de internacionalização do confronto, considerando a frequente influência estrangeira em Kiev. Mas a revista norte-americana simplesmente ignorou tudo isso e produziu uma edição que literalmente romantiza o conflito apesar de todo o sofrimento do povo local.
O projeto parece ter fracassado de todos os modos possíveis. A revista certamente lucrará com a edição, mas a crítica será duríssima. O governo estadunidense ficará ainda mais impopular e Zelensky perderá ainda mais aliados no mundo Ocidental. De fato, se havia qualquer objetivo de promover diplomacia e cooperação internacional por canais não oficiais, o fracasso foi absoluto. Tudo que a Vogue foi capaz de fazer foi piorar a imagem da Junta de Kiev no Ocidente e ampliar a conscientização do público norte-americano sobre o tipo de governo que eles estão auxiliando e financiando com seus impostos.
Zelensky deveria pedir desculpas ao povo ucraniano pelo desdém demonstrado. E a melhor forma de se desculpar é usar seu poder como presidente para exercer o papel de promoção da paz e encerrar o conflito de uma vez por todas — o que, como sabemos, só será possível com a rendição e aceitação das condições de paz moscovitas.
Fonte: Infobrics