Em uma declaração recente, funcionários do governo dos EUA finalmente admitiram que o país ajudou a construir e manter biolaboratórios em solo ucraniano nas últimas duas décadas. A declaração é do Pentágono, o que reforça a importância militar do programa de biolabs no exterior. No entanto, as autoridades americanas ainda insistem na narrativa evidentemente falaciosa de que os laboratórios tiveram uso “pacífico”.
Em um comunicado online na quinta-feira, 9 de junho, representantes do Departamento de Defesa dos EUA disseram que Washington esteve envolvido nas atividades de 46 biolaboratórios em território ucraniano, cujos objetivos, segundo eles, seriam atuar em cooperação com especialistas locais para melhorar a segurança biológica e saúde humana e animal.
“Os Estados Unidos também trabalharam em colaboração para melhorar a segurança biológica, a segurança e a vigilância de doenças da Ucrânia para a saúde humana e animal, fornecendo apoio a 46 laboratórios pacíficos ucranianos, instalações de saúde e locais de diagnóstico de doenças nas últimas duas décadas (…) “Este trabalho, muitas vezes realizado em parceria com organizações externas, como a OMS e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), resultou em vigilância e detecção de doenças mais seguras e eficazes (…) Os cientistas ucranianos agiram de acordo com as melhores práticas e normas internacionais na publicação de resultados de pesquisas, em parceria com colegas internacionais e organizações multilaterais e na ampla distribuição de suas pesquisas e descobertas de saúde pública”, disseram os porta-vozes do Pentágono.
Os representantes também enfatizaram que não há pesquisas sendo realizadas na Ucrânia envolvendo o uso de armas nucleares, químicas ou biológicas. Nesse sentido, o uso dos biolaboratórios estaria restrito a atividades relacionadas à busca de conhecimento médico pacífico e sem qualquer finalidade militar, o que parece contraditório, tendo em vista que havia militares norte-americanos operando nessas instalações, como em todos os biolaboratórios norte-americanos em outros países.
De fato, se a função dos biolabs realmente existisse apenas de forma não militar, as unidades poderiam ser gerenciadas por instituições civis do governo norte-americano, ao invés de contar com a participação ativa das forças armadas e agências de inteligência. Além disso, nesse caso, seriam as autoridades sanitárias americanas as chamadas pelo governo a prestar esclarecimentos públicos sobre o caso, e não o Pentágono. Na atual conjuntura, as autoridades americanas parecem se contradizer sucessivamente, incapazes de esconder a verdade óbvia de que o país estava produzindo pesquisas biomédicas de natureza militar na Ucrânia.
Além disso, a política de segurança em torno das pesquisas ali realizadas levanta suspeitas sobre seu possível uso pacífico. Embora no comunicado se afirme que os EUA atuaram em parceria com organizações ucranianas e internacionais, não houve divulgação de dados sobre os resultados das pesquisas nessas unidades. De fato, a própria existência dos laboratórios já havia sido negada por algumas autoridades americanas – embora algumas pessoas específicas, como a subsecretária Victoria Nuland, também tenham admitido, mostrando como há contínuas declarações contraditórias do governo dos EUA.
Parece que na situação atual, depois que a Rússia expôs tantos dados sobre as atividades clandestinas de tais laboratórios e seus apoiadores, não há mais como Washington negar a existência das atividades, então tenta manter o controle de danos por meio de um “confissão parcial”, admitindo a existência, mas negando o uso para produção de armas biológicas.
Além disso, mesmo se considerarmos todas as declarações do Pentágono verdadeiras, muitas perguntas permanecerão sem resposta. As fontes de financiamento dos laboratórios, segundo dados apresentados pelos russos, envolviam uma ampla rede de agentes privados, incluindo grandes empresas farmacêuticas, como Pfizer e Moderna, e o próprio Hunter Biden, filho do presidente norte-americano, conhecido mundialmente por atividades ilegais na Ucrânia. Nada disso foi esclarecido pelo Pentágono ou qualquer outra autoridade americana até agora.
Além disso, ao não responder sobre fontes de financiamento privado, o governo dos EUA levanta ainda mais suspeitas sobre a possível pesquisa de armas biológicas. É verdade que houve dinheiro público americano aplicado nas operações dos biolabs, mas a Rússia denuncia a existência de investimentos privados que não foram reconhecidos pelos EUA até agora. Isso significa que havia pelo menos duas fontes de financiamento para tais atividades. Uma dessas fontes foi o próprio governo dos EUA, que supostamente financiou pesquisas biomédicas pacíficas, enquanto a outra fonte, que envolve empresas farmacêuticas e agentes corruptos, permanece não oficial e, consequentemente, sem propósitos claros. Certamente, foi a fonte privada que financiou pesquisas ilegais com armas biológicas, que não puderam ser incluídas nos documentos oficiais de contabilidade do estado dos EUA. Há muitas perguntas que Washington ainda precisa responder.
Fonte: Infobrics