O assunto “Rússia” está por toda parte graças ao conflito na Ucrânia e domina, evidentemente, as mídias sociais da Nova Resistência. E conforme isso acontece, umas poucas pessoas podem se perguntar “mas e o Brasil?” ou “vocês não são nacionalistas?”.
A Nova Resistência considera que o nacionalismo é um sentimento de mobilização fundamental para a reconstrução do Brasil sobre uma base imperial e tradicional, especialmente diante de um ambiente inteiramente globalista e cosmopolita. Mas a Nova Resistência sempre rechaçou o Estado-nação como umficção moderna e nunca caiu em delírios chauvinistas de verve ultranacionalista.
A Brasilidade do povo brasileiro, portanto, não se relaciona de maneira excludente com as identidades dos outros povos que fazem parte de sua própria civilização, a ibero-americana (entendida em termos estritamente continentalistas). O Estado-nação e, inclusive, o nacionalismo vinculado ao Estado-nação devem ser, a longo prazo, superados para que o Brasil cumpra sua missão histórica de aglutinar os povos vizinhos em um mesmo projeto histórico.
Mas não podemos nos deter nos limites da nossa civilização.
A Nova Resistência sempre assumiu uma posição inter-nacionalista, no sentido da defesa de uma aliança revolucionária global, de linha anti-imperialista e multipolarista, seguindo a inspiração de Che Guevara sobre a importância de se acender “mil focos de resistência” em todo mundo: porque em cada ponto no qual o inimigo for derrotado, mesmo que a milhares de quilômetros de distância, a reconfiguração geral de forças nos beneficiará a longo prazo. E, evidentemente, porque sustentamos que o globalismo só pode ser derrotado por uma grande aliança internacional de povos, comunidades, tradições, religiões e movimentos antiliberais.
Se o inimigo é global a luta deve ser inter-nacional.
Tal posição cresce em importância no momento histórico atual, quando a Rússia trava uma luta de vida ou morte contra o Ocidente. A mesma Rússia que sustentou a Síria e o Iraque; que é o escudo do Irã; que é a força oculta por trás do ressurgimento dos populismos europeus; que ergueu uma muralha ao redor da Amazônia em nosso benefício; etc.
A luta de vida e morte da Rússia assume, naturalmente, um caráter global, histórico. É uma luta de todos nós, mesmo que se esteja travando ali um jogo geopolítico de evitar um cerco, etc.
Quando negros africanos hasteiam bandeiras russas, eles não são apátridas, russófilos ou coisa do tipo. Quando os sírios fazem o mesmo, eles não são malucos. Eles todos (e nós) apenas têm a sensibilidade para perceber o momento histórico e o seu peso. É a multipolaridade nascente, única chance de liberdade para todos os povos oprimidos pelo globalismo.
Não é o momento de ser melindroso e ficar choramingando sobre “erros dos dois lados”, criticando a Rússia, atacando Putin, pretendendo assumir falsas moderações que, não raro, apenas fedem à covardia político-ideológica.
Todo patriota brasileiro, HOJE, é “russófilo”.
Amanhã vemos como fica.