Para Pierre de Meuse, escritor, ensaísta conservador e doutor em direito, essa sentença e a ordem de pagar € 135.000 ao LICRA pela republicação de um livro de Léon Bloy representa um atentado formidável à liberdade de expressão e de pensamento. E um precedente terrível.
Censura e LICRA
Alain Soral foi condenado pela Tribunal de Segunda Instância de Paris a pagar 134 400 euros à LICRA, sem contar as custas judiciais, por ter difundido uma ”obra antissemita”. Trata-se do livro de Léon Bloy: Le Salut par les Juifs. Antes de mais, sublinhamos que essa obra, publicada em 1892 e reeditada numerosas vezes desde então, não foi sepultada no inferno das bibliotecas; ela está disponível gratuitamente na internet, em vários sites e em fac-símile de diversas edições, com, naturalmente, o texto integral.
Não obstante, Soral reeditou essa obra por intermédio da sua editora em 2013, o que tinha conduzido a uma ação judicial movida pela LICRA, à qual o tribunal de Bobigny havia dado razão, ordenando a retirada de quinze passagens consideradas antissemitas. Sob pena de pesada multa, Soral, então, parou de difundi-lo.
Mesmo assim, em 2018 ele recomeçou a publicá-lo por meio da sua editora, “KontreKulture”. Na sequência de um novo processo da LICRA, o juiz da execução penal então condenou Soral, e a decisão está confirmada em apelação.
Soral, alvo por que é um opositor político?
Primeiro, constata-se que é estranho condenar fortemente um homem por ter publicado um texto que data de 130 anos, sempre disponível integralmente na internet (Wikisource em particular). Vamos condenar as edições da Pléiade por ter retomado os escritos antissemitas de Voltaire em suas obras completas? Ou exigir a edição dos textos de Lutero sobre esse assunto? Trata-se, com efeito, de um processo ad hominem, em que querem a pele de um opositor detestado, e a legislação resultante da lei de 3 de janeiro de 1985 relativa às associações habilitadas a processarem alguém mostra assim o seu lado tendencioso e perigoso para a liberdade de pensamento.
Uma obra antissemita?
Este ponto sendo assinalado mais uma vez, é necessário igualmente falar do livro incriminado. Em uma palavra, Le salut par les juifs é uma obra antissemita? A resposta não é evidente, por muito que desagrade à LICRA.
De fato, esse livro foi escrito por Léon Bloy para responder a La France juive de Drumont, e combate ambos. É verdade que o texto contém numerosas invectivas, especialmente ao “mercantilismo dos judeus”, e sem dúvida é por isso que Soral se deu a lhe citar, mas como Bloy é um imprecador que abarca injúrias a mais ou menos todo mundo, isso não terá grandes consequências. Com efeito, Bloy não somente é hostil ao antissemitismo, como ele desenvolve ao longo das páginas um inacreditável louvor heroico do povo hebreu, por exemplo: “os judeus, tão prodigiosamente harmônicos ao Espírito Santo que se escuta perpetuamente a voz judia no nível inferior de nossas liturgias, porque este Espírito soprou sobre eles como um furacão” (p. 70).
Donde uma diatribe contra os atos de hostilidade em relação a eles: “Tal é o impossível dilema em que a Idade Média se torceu como os mordentes de um torno. Assim, apenas pararam de praguejar ou massacrar esses antagonistas abomináveis para se arrastar a seus pés em súplicas, com lágrimas, para ter a graça do Deus misericordioso.”
Uma vez que, segundo ele: “Os irmãos anátemas ou perseguidores representam sempre o Povo de Deus contra o Verbo de Deus. É uma regra invariável e sem exceção que a Eternidade não mudaria.” p. 69.
É por isso que Bernard Lazare, advogado de Dreyfus e mestre de Péguy, chamava Léon Bloy de um “filossemita”. Em seu livro, o autor de La femme pauvre retoma a velha argumentação da teologia cristã sobre os judeus, um pouco esquizofrênica, verdade seja dita, mas inflada de um impulso místico para a glória da Raça eleita, ” para todo o sempre”. Citemos: “A história dos judeus barra a história do gênero humano como um dique barra um rio, para elevar o nível. Eles estão parados sempre, e tudo o que podemos fazer é lhes atravessar saltando com mais ou menos estrépitos, sem qualquer esperança de demoli-los.”
Portanto, os magistrados incultos proíbem um livro que são incapazes de compreender. Como não somos admiradores de Alain Soral nem de Léon Bloy, nós deveríamos nos limitar a encolher os ombros. No entanto, duas coisas nos chocam nessa informação:
° A primeira coisa, todos os católicos que glorificam a ”mística do pobre” (os nomes abundam em volta da gente) ficam calados diante de tal contrassenso sob o pretexto de detestar Soral. Portanto, um pouco de coragem não seria inadequado.
° Em segundo lugar, porque o Direito atual, ao invés de dar uma definição clara do delito de antissemitismo, prefere considerar antissemita alguém que, não sendo judeu, fala dos judeus de outra maneira a falar bem ou sem autorização das autoridades judias competentes.
Isso não faz muito sentido.
Fonte: https://www.polemia.com/
Eu não sei qual o problema em ser antissemita, seja isso algo mau ou bom. A França não se diz “campeã da liberdade de expressão”, assim como todo o eixo Atlantista? E, no entanto, censura qualquer coisa que não contribua com sua agenda. Deplorável. O verdadeiro “1984” não acontece hoje na China, e sim no decadente Ocidente (eixo Atlântico Norte, “five eyes”, OTAN etc.).