Escrito por Costantino Ceoldo
A Rússia tomou a dianteira na luta contra a pandemia. Um laboratório estatal divulgou recentemente a primeira vacina contra a covid-19. Entre as cobaias testadas estava a própria filha de Vladimir Putin. O Ocidente, que tende a ignorar, desprezar ou antagonizar tudo que envolve a Rússia, entrou em modo de pânico, com os aparatos de propaganda da mídia oligárquica se atropelando em diatribes verborrágicas sobre como a vacina russa não passa de “fake news” e sobre como todos devemos depositar nossas esperanças em Bill Gates.
O anúncio feito pelas autoridades sanitárias russas sobre a criação de uma vacina contra a COVID-19 atordoou seus homólogos ocidentais: pior ainda, a vacina funciona e não produz efeitos colaterais nocivos. Se havia outra maneira de arruinar o dia para todos os possíveis interessados aqui no Ocidente, foi a declaração de Vladimir Putin de que uma de suas filhas participou dos testes e sobreviveu sem problemas. Se o grande chefe coloca uma de suas filhas para experimentar em vez de obrigar a filha do último dos criados, isso significa que estamos no caminho certo, verdade?
Em setembro deve haver mais notícias suculentas [1] e já existem nações estrangeiras interessadas na vacina, com o belo nome de Sputnik V [2].
Não quero ser eu a girar a faca na ferida (a história cuidará disso nos próximos meses), mas quem estiver interessado deve ir procurar na web as características necessárias para cobaias humanas que gostariam de se submeter a testes de vacinas ocidentais. Aos leitores italianos, mas também aos leitores estrangeiros com um pouco de Google Translator, sugiro este artigo do jornalista italiano Maurizio Blondet.
Entre as várias falhas de Blondet, entretanto, está a de usar o cérebro, bem como a de se esforçar para ser um bom cristão. Dois pecados imperdoáveis em nossa era de flocos de neve.
O problema é o seguinte: não há adultos na sala. Estas palavras não são minhas, mas de Christine Lagarde tal como Yanis Varoufakis as ouviu quando estavam discutindo os problemas econômicos da Grécia [3]. A Sra. Lagarde estava se referindo à atitude alemã, que infelizmente se revelou bem sucedida com todos os efeitos assustadores que a Grécia experimentou em sua pele viva e que continua a experimentar mesmo agora.
Aqui estamos no mesmo nível: para as chancelarias ocidentais, a Rússia não faz parte das equações mundiais e quando prova o contrário, muitos (para não mencionar todos) batem suas pequenas focinheiras flocos de neve, não tão agudos, contra a parede de couro da Realidade da Vida Adulta.
Isso já aconteceu há alguns anos, quando a Rússia transferiur seus aviões de guerra para a Síria e assumiu o compromisso de matar os milicianos islâmicos que queriam destruir aquele maravilhoso país. Todos ficaram surpresos. No Ocidente, é claro. Depois pensaram que isso não ia durar, que tudo era um blefe. Mas não, os russos ainda estão lá. Pior: eles também colocaram sua frota entre os EUA e as costas da Síria. Todos nós nos lembramos daquela noite em que Biden quase rasgou as calças na televisão porque sabia que a frota russa abriria fogo sobre os navios americanos se disparassem seus mísseis contra a Síria? Todos nós nos lembramos disso. Bem… nem todos, parece-me óbvio.
Com a COVID-19 foi da mesma maneira: sem dizer nada, sem fazer proclamações, especialmente sem pedir permissão a ninguém, a Rússia arregaçou as mangas e começou a trabalhar. O resultado é o Sputnik V que, deixe-me dizer, deve funcionar muito bem se lhe deram esse nome que tem um sabor tão amargo.
O Centro Nacional de Pesquisas Gamaleya foi fundado em 1891 e é propriedade do Estado. Isto significa que ele não precisa responder a uma diretoria com bancos gananciosos e abutres de terno. Significa que ele responde ao governo russo. Claramente, ele deve produzir resultados que justifiquem o investimento de dinheiro público. Parece-me que o resultado de que estamos falando justifica o suficiente. Provavelmente dentro de alguns meses ele justificará ainda mais, mas mesmo assim não me parece muito ruim. Parece que este caminho é o certo, com todo o respeito pelos flocos de neve ocidentais.
Outra coisa em que a Rússia é diferente do Ocidente é que as chamadas “políticas de gênero e identidade” não criaram raízes. Isto implica que certas posições importantes e críticas ainda são geralmente atribuídas a pessoas escolhidas devido à competência, inteligência e capacidade de trabalhar em equipe e não apenas por serem mulheres ou por serem brancas.
A corrupção também existe na Rússia e estou certo de que também há denuncistas quanto isso. Mas antes de você apontar o dedo (estou falando acima de tudo com vocês, flocos de neve italianos) lembre-se do que é a corrupção no Ocidente (e na Itália). Quantas vezes já lemos e ouvimos falar de dinheiro público desperdiçado em obras que nunca terminaram ou com resultados ridículos em comparação com as prometidas no início. Quantas vezes uma licitaçã pública teve o resultado óbvio apenas para a prostituta do cortejo, para o cafetão do cortejo (a Itália poderia escrever uma enciclopédia inteira sobre este assunto).
A COVID-19 também foi um desastre para a Rússia, mas um desastre encarado com uma dignidade maior do que aquela demonstrada por outros países do mundo e, sobretudo, com uma preparação que ninguém havia previsto no Ocidente. A quarentena imposta aos russos foi geralmente mais branda do que a dos países ocidentais e começou mais cedo, gradualmente, ganhando aquele tempo precioso que outros desperdiçavam em aperitivos anti-fascistas. A economia sofreu, é claro, mas a resiliência do povo russo é verdadeiramente extraordinária: se não se confia nela, peça uma opinião às tropas alemãs do Terceiro Reich…
O que importa são os resultados e o Sputnik V é o resultado que importa. Agora. Aqui. E talvez isso também signifique o seguinte: vocês também poderiam usar uma arma biológica de baixa intensidade contra nós, mas ainda assim nos encontraria prontos para responder a vocês.
Este é um aspecto interessante. Preciso apresentar uma última consideração: se ainda estamos todos em perigo de morte devido a uma terrível pandemia, por que os ocidentais estão preparando uma revolução colorida em Belarus?
Estúpidos flocos de neve ocidentais! Estão se preparando para outra surpresa russa…
Fonte: Geopolitica.ru