São já quase 110 mil brasileiros mortos por conta da pandemia do covid-19. E 6 meses após a pandemia ter chegado em nosso país, ela não dá sinal de estar enfraquecendo. Para todos os efeitos, uma situação sui generis como essa exige medidas excepcionais para salvaguardar as vidas dos cidadãos brasileiros.
Agora, porém, que a pandemia parece estar ceifando apenas as vidas dos brasileiros mais humildes, as elites parecem estar tranquilizadas. Voltou tudo ao “normal” (ou, pelo menos, ao “novo normal”), apesar de seguirem morrendo quase 10 mil brasileiros por semana.
Está tudo tão normal, que em plena pandemia, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o multimilionário do Partido Novo, acha normal usar a força das armas para destruir o acampamento do MST Quilombo Campo Grande, após decisão judicial que decidiu pela reintegração da posse do terreno. Não se trata de um acampamento recente, de uma invasão recente, mas de um acampamento com mais de 20 anos de existência, especializado em agroecologia.
O acampamento surgiu nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, que faliu nos anos 90. Parte dos ocupantes originais da terra eram trabalhadores que não receberam as verbas rescisórias que lhes eram devidas. Sem emprego, sem rescisão, esses trabalhadores ocuparam a área da empresa falida e ergueram plantações de diversos gêneros, transformando esterilidade em produtividade, fracasso em vitória.
A PM-MG, hoje, ateou fogo ao acampamento. Os assentados tentam resistir, mas as forças de repressão possuem as armas e, portanto, toda a vantagem. Esse é o tipo de situação que poderia acabar levando a um massacre, mais um entre os muitos massacres de camponeses que temos visto no Brasil ao longo dos anos.
Para que fique claro quem somos e como nos situamos, prestamos toda nossa solidariedade aos trabalhadores do acampamento Quilombo Campo Grande.