“Antifascista” na Europa Oriental significa algo muito diferente da brand “Antifa” no mundo ocidental. Mas é comum haver confusão entre essas coisas.
Ser “antifascista” na Europa Oriental é reivindicar o legado da chamada “Grande Guerra Patriótica”, uma guerra na qual a Alemanha capitaneava um projeto de limpeza étnica dos eslavos e colonização de amplas faixas de territórios eslavos, de modo que é coisa do “cidadão de bem” médio. Policiais, militares, políticos, médicos, universitários, trabalhadores em geral, donas de casa, etc. Observe-se que o maior “antifascista” do mundo eslavo contemporâneo é, indubitavelmente, Vladimir Putin.
Naturalmente, é possível disputar os paralelos retóricos e propagandísticos que são feitos em relação à OTAN, a UE, e outros, mas existe uma lógica perfeitamente harmônica para tudo isso dentro do contexto cultural eslavo.
Ser “antifa” no Ocidente não funciona da mesma forma. Aqui, trata-se de uma identidade marginal do mundo das subculturas urbanas. De modo geral, está ligada a uma visão anarco-comunista ou socialista libertária do mundo, que se apoia na “liberdade individual” (e, portanto, apesar dos símbolos, está mais perto do liberalismo do que do comunismo) para distinguir entre “amigos” e “inimigos”. É uma identidade assumida por elementos limítrofes do lumpemproletariado e por estudantes burgueses com consciência culpada.
O “antifa” constitui uma ferramenta fundamental da ordem estabelecida, porque ele serve para silenciar todos os críticos dos projetos mais avançados do capitalismo pós-moderno. Ele também é uma ótima ferramenta de mudança de regime, bem como para fazer escalada de tensão com governos “recalcitrantes”. A sua mente é alimentada por um medo de uma “ameaça fascista” iminente, que se configura em figuras como Trump, Bolsonaro, Assad, Putin, Orban, e quase qualquer um que não siga o perfil de um Haddad, um Obama ou um Macron, e por isso ele é facilmente manipulado.
Como ele é extremamente moralista, o seu sectarismo e sua propensão ao patrulhamento ideológico e ao denuncismo garantem que nenhuma “oposição nas ruas” que envolva antifas conseguirá qualquer coisa além de desordem ineficaz. Ele é profissional em promover brigas intestinas, com acusações de fascismo, dentro da esquerda, que não raro colapsam partidos e formações políticas sérias.
Internacionalmente, o “antifa” mais renomado na atualidade é o americano Alexander Reid Ross, um anti-putinista e anti-assadista fanático, cujo foco é denunciar “infiltração nazbol” na esquerda, bem como “alianças vermelho-marrons”, atacando em suas denúncias algumas das principais organizações e mídias anti-imperialistas do mundo.
Aprendam a diferença.