Demonstrando mais uma vez que estamos certos em nossas análises, a eleição italiana ocorrida neste último fim de semana deu mais uma indicação clara de que a principal contradição de nossa era é a representada por uma tensão entre, de um lado, o globalismo liberal e, do outro, as identidades dos povos.
Por isso, os italianos rechaçaram em massa os partidos do establishment, tanto o Partido Democrático, de Matteo Renzi, como o Forza Italia, de Silvio Berlusconi: os dois principais partidos das elites capitalistas internacionais, defensores do status quo.
A indignação italiana, porém, se fragmentou no apoio a vários partidos de orientação antiglobalista e antiliberal, principalmente a Lega, de Matteo Salvini, e o Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo. Merecem menção também, organizações de menor expressão, como a CasaPound e o Partido Comunista.
Todas estas são organizações de características próprias. A Lega é uma organização regionalista que já foi, inclusive, separatista. O Movimento 5 Estrelas é expressão de um populismo de centro-esquerda. A CasaPound é uma organização de terceira posição. E o Partido Comunista é de orientação stalinista.
Apesar das notáveis diferenças, porém, todas essas organizações despertaram interesse das massas italianas por aquilo que, nelas, constituía algum tipo de alternativa às políticas liberais dos partidos do sistema, o PD e o FI.
Resumindo, o povo italiano votou pelo euroceticismo, pelo soberanismo, pela crítica à OTAN e pela crítica à imigração, movido pelo desencanto com o neoliberalismo, que condena inúmeros italianos ao desemprego e incontáveis pequenas e médias empresas nacionais à falência.
Ainda que seja possível esperar dos dois principais partidos vitoriosos algum nível de “compromisso” em prol da governabilidade, já que ninguém conquistou uma maioria clara, as elites de Bruxelas e de Washington definitivamente não gostaram do resultado das eleições.
Isso já é suficiente para, no sentido contrário, considerá-lo positivo para o povo italiano e para o mundo.
Rumo a um Mundo Multipolar!
O mal-estar já é percebido, mas a saída ainda não. Continuamos presos a um universo mental que já foi, no mundo real, destruído pela evolução da História, mas que permanece no mundo das ideias. Buscam-se soluções com ferramentas e por caminhos agora inúteis. “Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”. V.I..