Por milênios, Jerusalém tem sido considerado um lugar sagrado para as três religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo e islamismo.
Após a conquista da cidade pelas legiões romanas em 70 D.C, o Templo de Salomão (único templo dos judeus) foi destruído, e os próprios judeus foram dispersados pelo mundo, fugindo, principalmente, para a Europa e para o norte da África. Foi só após a criação da entidade sionista, após a Segunda Guerra, que a Terra Santa foi “recriada” e teve de ser dividida entre árabes, muçulmanos e cristãos, e judeus.
As fronteiras, então, foram definidas da seguinte forma: ao oeste, bairros judeus, e ao leste, territórios árabes. Contudo, a entidade sionista apreendeu consistentemente diversos dos novos territórios, seja simplesmente comprando terras dos seus donos ou, como o foi na maioria das vezes, pela uso da força, como aconteceu em 1967, quando, após a Guerra dos Seis Dias, Israel assumiu o controle da Jerusalém Oriental e – o que é mais importante – da a Cidade Velha de Jerusalém: lugar que, em sua totalidade, é um lugar sagrado para diversos povos e para bilhões de pessoas.
O estatuto jurídico da Cidade Velha é complexo, mas é lá que fica localizada a Igreja do Santo Sepulcro, ligada ao Calvário do Gólgota, onde Jesus Cristo foi crucificado, bem como outros santuários cristãos. É ali que cristãos ortodoxos de todo o mundo, anualmente, presenciam o chamado milagre do Fogo Sagrado, que ocorre durante a Páscoa Ortodoxa. Também é na Cidade Velha onde fica o Muro das Lamentações (que é tudo o que resta do Templo de Salomão) e, imediatamente ao lado, no lugar onde o Templo judaico se encontrava, a Mesquita Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha: os santuários mais importantes do mundo islâmico.
Esse é o contexto em que a decisão do governo americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel deve ser compreendida. O que os sionistas (incluindo os ianques, evangelicalistas e todos os entusiastas), porém, ignoram, é que, com a destruição do Templo pelas mãos dos romanos, a história da antiga Jerusalém terminou (como naturalmente também ocorreu com o território em tempos pretéritos, bem como com outros milhares de territórios ao redor do mundo).
A história não se repete, senão como farsa ou como tragédia, e, hoje, estamos diante dos dois: a farsa de um Estado (a entidade sionista) que, embora aclamado como “a única democracia no Oriente Médio”, ignora e pisa nas próprias resoluções da ONU que condenam sua anexação unilateral de territórios, e a tragédia de uma decisão de Estado politicamente irresponsável que, além de passar por cima de diversos povos, é pensada unicamente nos termos de um fomento de conflitos em uma zona de tensão – pois, se o complexo militar-industrial americano, o Deep State, juntamente com seu aliado sionista, perde na Síria, é necessário deslocar a sanha guerrista para outros territórios: seja a Coreia, seja o Irã, seja a Palestina.
Quem tiver olhos para ver, que veja: americanos e sionistas querem a guerra. Que venha, então, a Intifada.