Imagine estar com uma arma apontada para você, empunhada por um marginal. Imagine estar em casa, com sua família, e ela é invadida por uma escória disposta a qualquer barbárie para roubar uns trocados e/ou estuprar.
Não adianta olhar para essa questão como um eunuco academicista que quer discutir estatísticas sobre viabilidade da reação civil armada à criminalidade. A realidade é que negar ao homem a possibilidade prática de defender a própria vida, e as vidas de seus entes queridos, é reduzi-lo a menos que nada.
Até mesmo insetos têm seus próprios meios de defesa. O homem, desprovido de meios de defesa naturais, recorre a ferramentas (as armas), provavelmente desde até antes de assumir sua forma atual como homo sapiens.
Neste sentido, a “arma” é um elemento fundamental da existência histórica humana, que garantiu que nossa espécie assumisse seu lugar no topo da cadeia alimentar.
A monopolização da violência legítima pelo Estado, elemento essencial no curso da formação das civilizações, não pode negar o exercício da violência pelo cidadão para a autodefesa, que é sempre legítima em si mesma.
Mas o reconhecimento dessa possibilidade de violência legítima para resistir ao crime, ao inimigo público e à opressão, é absolutamente vazio se estiverem ausentes os meios práticos para efetivar tal possibilidade.
É natural que o Estado assuma para si as prerrogativas da segurança pública coletiva organizada – tal como assume as prerrogativas da guerra – mas se o homem não puder fazer absolutamente nada para garantir a defesa da própria vida, ele não é mais que um escravo.
Vários povos ao longo do tempo têm pegado em armas para garantir sua própria existência coletiva, contra a ameaça de Estados inimigos, ou do próprio Estado, quando este decide designar parte do próprio povo como inimigo. O povo brasileiro, governado há décadas por seus inimigos, conhece bem a necessidade de se armar.
Por isso, deve-se seguir pressionando as elites atuais pela possibilidade prática da autodefesa. É evidente que há riscos envolvidos, é evidente que essas elites tentarão fazer as coisas de uma maneira que o armamento civil não seja acessível para o povo. Não obstante, na medida em que o criminoso e os inimigos que nos governam já têm acesso fácil, amplo e irrestrito a armas, o povo brasileiro não tem nada a perder.