Sayyed Nasrallah: ‘Os EUA querem castigar os responsáveis por seu fracasso na Síria’

O secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasralá, disse recentemente que a batalha contra o Daesh irá seguir até que a erradicação do grupo, na região, seja total e definitiva – considerando a meta de impedir que ele siga atuando ou que se recupere.

Em um discurso televisionado na tarde de 8 de outubro, dia em que se recordou a primeira semana do martírio do comandante do Hezbollah Ali al Asheq, e do combatente Mohammad Hassan Nasser ud Din, Sayyed Nasralá afirmou que o Daesh foi recentemente expulso de várias cidades “e, se alguém crê que a batalha deve cessar antes que se alcance a fronteira sírio-iraquiana, digo que a estratégia do Daesh é prolongar sua existência para que possa atacar outra vez e para que possa impulsionar guerras e batalhas contra áreas liberadas. Se trata de um tumor cancerígeno que deve ser eliminado.”

Leia abaixo os principais pontos do discurso:

 

Aos mártires comandante Ali Hadi al Ashiq e Mohammad Hassan Nasser al Din:

O mártir Mohammad Hassan Nasser al Din, de 20 anos, foi um fervoroso praticante desde sua infância. Não era privado de nada em sua vida. Era um homem jovem que prosseguia seus estudos universitários e que escolheu esta via, a via do mártir.

O mártir comandante Ali Hadi al Ashiq, conhecido como Hayy Abbas, se uniu à Resistência em sua juventude e fez parte daqueles que cresceram no sonho da Resistência, progredindo e evoluindo no trabalho da jihad. Se formou em diversos campos de treinamento do Sul do Líbano e em Beqaa. Participou de todas as frentes e foi encarregado de diversas missões. Foi um dos comandantes responsáveis pela Libertação do ano de 2000: foi um dos chefes das forças especiais que conduziram o Líbano à vitória contra a ocupação israelense. Com o surgimento do Daesh e da ameaça takfiri, foi um dos primeiros comandantes a se apresentar para batalha. Esteve presente em todas as frentes contra o Daesh: nas batalhas de Al Qusair, Qalamún 1, Zabadani, Aleppo, Daraa, Qalamún 2, Arsal… Foi um dos comandantes mais importantes no campo.

Foi o sangue destes mártires que proporcionou a vitória que agora vislumbramos na Síria e no Líbano.

A nova situação regional:

A batalha contra o Daesh não pode cessar sem que este grupo seja totalmente erradicado do território sírio. Durante as últimas semanas, o Daesh tem sido derrotado nas províncias de Homs, Hama, Aleppo, entre outras, e tem se refugiado em uma parte da cidade de Deir Ezzor e de suas províncias, incluindo em Al Mayadin e nos dois lados da costa do Rio Eufrates.

Alguns sustentam que é inútil perseguir o Daesh até tão longe, já que ele não representaria mais ameaça aos nossos territórios. Todavia, deve-se dizer que, na medida em que este grupo continue em nossa região, seja qual for a parcela de território que ocupe, ele continuará sendo uma ameaça constante e real.

O risco de que o Daesh ataque de novo – o risco de que os atentados continuem – persiste, na medida em que o Daesh exista, pois sua missão é destruir a região. Ele não tem qualquer outro projeto.

Como vocês podem verificar, o Daesh não encerrou suas atividades: seus elementos atacam Deir Ezzor, cometem atentados suicidas e buscam recuperar posições perdidas: intenta se expandir de novo e conquistar novos territórios. Na região, o Daesh atua como um câncer que não pode se tratado por meio de quimioterapia. Carecemos de uma operação que elimine este câncer da região. Sua ameaça é real e séria. Logo, o objetivo da nossa batalha contra o Daesh é erradicá-lo, total e definitivamente.

Isso porque o combate contra o Daesh prossegue no Iraque, onde ele continua alocado em vários territórios. O mesmo ocorre com nossa batalha contra o Daesh na Síria.

Hoje, nossa luta contra o Daesh decorre com força e em nosso favor. Alguns buscam esfriá-la e prolongá-la. Os EUA são os primeiros a tentar impedir o fim da batalha, e não o Daesh. Os norte-americanos os ajudam em Raqqa e em Deir Ezzor e buscam impedir que o Exército sírio avance nestas regiões onde o grupo está situado.

Por que os EUA buscam prolongar a vida do Daesh na Síria? E no Iraque?

Os recordo de meu discurso em Baalbeck, no qual afirmei que os EUA não desejavam erradicar o Daesh. Os EUA queriam que tal grupo continuasse em Ras Baalbek. Eles pressionaram o governo libanês e o ameaçaram, exigindo que ele regredisse a operação de libertação do Líbano face ao Daesh, e que inclusive a anulasse.

E por quê?

Porque o Daesh tinha como missão destruir o Líbano, o Iraque, a Síria, os povos e os exércitos da região, levando-a a exaustão.

Mas essa missão fracassou e este é o motivo pelo qual os EUA quererem castigar os responsáveis diretos por seu fracasso.

Tais medidas punitivas começaram com uma revisão das sanções econômicas contra o Hezbollah. São sanções que não afetam apenas aos bancos que negociam com o Hezbollah, mas as companhias que comercializam com o Hezbollah, assim como com as escolas que recebem gente do Hezbollah. E nem sequer os hospitais ficarão de fora (ainda que precisem equipar uma nova sala de operações cirúrgicas).

Alguns temem que estas sanções afetem a situação econômica do país. No entanto, essa estratégia é antiga e será reforçada. Em sua versão antiga, os libaneses buscaram superar o desafio das sanções.

Todos os esforços que têm sido empreendidos pelos dirigentes libaneses consistem em procurar preservar a neutralidade dos bancos do Líbano. Nós apoiamos os esforços oficiais que visam resguardar os bancos das sanções norte-americanas. Podemos superar esse sacrifício, considerando que já sacrificamos coisas mais importantes e inestimáveis, incluindo alguns dos nossos entes queridos.

Essas novas sanções não mudarão em nada o nosso compromisso e os nossos princípios. Os EUA devem saber que nada nos fará mudar de posição.

O embaixador saudita para assuntos do Golfo, Zamir Sabhan (que foi expulso do Iraque por suas declarações ingerencistas no país), tem dito abertamente que as sanções dos EUA contra o Hezbollah são “boas”, mas que a solução reside em uma aliança internacional para nos confrontar e “preservar a estabilidade e a segurança da região”. Essa é a postura oficial da Arábia Saudita.

Em primeiro lugar, é a Arábia Saudita que é um fator de desestabilização para a região e para a paz e seguridade regionais. Mirando a paz na região, é necessário que a Arábia Saudita deixe de interferir nos Estados. Suas ingerências, junto com as dos EUA, têm destruído a região. É necessário que a Arábia Saudita deixe de apoiar os grupos wahhabis.

Riad e Israel são outros dois fatores desestabilizadores na região.

A Arábia impede a paz no Iêmen, no Barein, no Iraque e, inclusive, no Paquistão. O Hezbollah, no entanto, é um dos fatores essenciais na garantia da paz e da segurança na região – em prol dos povos que aqui habitam, ao contrário do que faz Israel, Arábia Saudita e EUA.

E aqueles que quiserem nos confrontar, nos encontrarão dispostos, pois somos irmãos de Hayy Abbas.

No 10 de Muharram, o sangue triunfou sobre a espada. Hoje vimos mais além: é a espada que tem triunfado sobre a espada. No passado, a ameaça era mais perigosa, mais real. Hoje, evoluímos e somos mais fortes, mais potentes, mais experientes, mais bem armados e mais numerosos. Somos aqueles que prestaram um juramento de lealdade a Imã Hussein, e temos erigido um novo lema: não te abandonaremos jamais, ó Hussein! Esse lema reflete nossa verdade e essa verdade significa que nem nossos mártires, nem nossas mães, nem nossas esposas, nem nossos combatentes te abandonarão, ó Hussein! Nenhum dos nossos têm cessado de repetir isso durante a cerimônia do duelo dos mártires da Resistência desde o

Saibam que toda mão que tocar no Líbano será cortada. Todo complô será interceptado.

Um dos congressistas norte-americanos chegou a fazer alusões ao presidente Aoun, acusando-o de ser um agente do Hezbollah – posto que os EUA queriam um presidente libanês que trabalha para eles. Sem dúvida, Michel Aoun não está disposto a isso. É um chefe de Estado patriota e não um agente de terceiros. Ele representa a maioria do povo libanês.

A situação no Líbano é diferente hoje. Os cálculos são diferentes e não se deve dar passos em falso.

 

Fonte: Al-Manar News

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