Dorothy Day foi uma ativista social católica ligada ao movimento dos trabalhadores católicos. Defensora ávida do distributismo como alternativa ao capitalismo e ao socialismo materialista, interprete e leitora de Chesterton, buscou consolidar, na prática, as prerrogativas socioeconômicas dispostas na Doutrina Social da Igreja. Abaixo, alguns excertos de seu pensamento:
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“Como disse Peter [Maurin], nosso programa possuía um longo alcance, almejando a posse legítima, para os trabalhadores, dos meios de produção; a abolição da linha de montagem; fábricas descentralizadas; a restauração dos ofícios e a posse da propriedade. Isso significava, evidentemente, uma ênfase nos aspectos rurais e agrários de nossa economia e um deslocamento do foco da cidade para o campo.” (Day, Dorothy. Una lunga solitudine: autobiografia. 2ª Ed. Jaca Book: Milano, 2002 [p. 206]).
“A meta do distributismo é a propriedade familiar da terra, oficinas, lojas, comércio, profissões e tudo mais. Propriedade familiar é um meio de produção que, de tão amplamente distribuído, possa ser o eixo da vida econômica da comunidade – este é o desejo da distribuição e, também, o desejo do mundo” (El Trabajador Católico, 1948).
“Cada conversação de Peter sobre a ordem social levava à Terra. Ele falava sempre como um camponês, um camponês prático. Ele conheceu os anseios do coração humano por um bocado de terra, por uma casa própria, mas também sabia que era impossível obter tais coisas a não ser por meio da comunidade” (Day, Dorothy. Una lunga solitudine: autobiografia. 2ª Ed. Jaca Book: Milano, 2002 [p. 209]).
“Nós não estávamos tomando a posição da grande massa de católicos que estavam muito felizes com o que se passa nesse mundo. Estavam muito dispostos a dar aos pobres, mas não se sentiam chamados à trabalhar pelas coisas desta vida para estes que eles consideravam tão leves. Nossa insistência na propriedade do trabalhador, no direito a propriedade privada, na necessidade de desproletarizar o trabalhador, todos os pontos que se havia dado ênfase nas encíclicas sociais dos Papas, fez com que muitos católicos pensassem que eramos comunistas disfarçados, lobos em pele de cordeiro” (in: Distributismo en lugar de neoliberalismo. Distributist Review, 2010).