“Receber juros por um empréstimo monetário é injusto em si mesmo, porque implica a venda do que não existe, com o que manifestamente se produz uma desigualdade que é contrária à justiça”
(S. Tomás de Aquino, Summa Theologica, II-IIae, q.78, a.1)
“Usura slayeth the child in the womb
It stayeth the young man’s courting
It hath brought palsey to bed, lyeth
in between the young bride and her bridegroom”
(Ezra Pound, Canto XLV, With Usura)
Como já, há muito, estabelecido por Aristóteles, o dinheiro foi criado para facilitar trocas entre os homens. Como mero mensurador simbólico é, fundamentalmente, a isso que ele pode servir e não a qualquer outra coisa. Definitivamente, algo que o dinheiro é incapaz de fazer é “gerar mais dinheiro”. Simplesmente não é da sua natureza.
Isso significa que a usura que, resumidamente, consistiria em fazer dinheiro gerar dinheiro ex nihilo através do artifício matemático dos juros, não passa de ilusionismo contabilístico que está em contradição com a função social essencial do dinheiro, com a natureza mesma do dinheiro, e é fonte de inúmeros males políticos, sociais, econômicos e culturais. Não por outra razão a maioria esmagadora das culturas e civilizações tradicionais a baniram, proibiram e puniram sua prática.
Como dinheiro não gera dinheiro, cobrar dinheiro por seu empréstimo é tomar riqueza indevidamente de terceiros. Portanto, isso sim (e não os impostos) é roubo.
Esse tipo de parasitismo de exigir dinheiro pelo empréstimo de dinheiro, porém, aos poucos foi sendo tolerado pela relativização vergonhosa das doutrinas de várias religiões e tradições, o que, com o acúmulo de capital proporcionado a partir daí, pôs enorme poder nas mãos de uns poucos parasitas.
Esses parasitas e ladrões, com o poder econômico adquirido, começaram a influenciar e, eventualmente, a controlar os destinos políticos das nações. Se tornaram os verdadeiros governantes dos povos, com inúmeros reis, presidentes e ditadores como seus meros testas-de-ferro. E essa é a situação ainda hoje, com um minúsculo número de fundos de investimento controlando ações das megacorporações mais poderosas do planeta.
Mas a influência nefasta da usura se imiscui nos menores detalhes da vida quotidiana. A usura expropria pequenos trabalhadores rurais que não conseguem pagar empréstimos. A usura adiou progressivamente a idade matrimonial nas sociedades modernas por tornar impossível constituir família cedo. A usura leva trabalhadores ao suicídio.
Enquanto isso, gordos parasitas esfregam as mãos e sorriem tranquilos, sabendo que o ódio popular é sempre primeiramente dirigido aos políticos, esses meros representantes do poder (e não seus donos) e não contra eles.
Mas nós sabemos quem eles são e temos a solução definitiva para o problema da usura.