Em visita aguardada, Lula se curva diante de Biden

Em visita ao presidente norte-americano, Lula não chegou para uma conversa entre líderes, mas entre Servo e Senhor. Na prática, Lula é o herdeiro do projeto kissingeriano de restaurar a “paz global” e voltar tudo ao “business as usual” dos piratas do financismo cosmopolita.

Aconteceu o aguardado encontro entre Lula e Biden e apesar das minhas expectativas serem baixas ele foi ainda pior.

Até considerei que para manter aparências o Lula tentaria jogar no meio de tudo algo que fosse do nosso interesse pra ele se apegar a isso. Ledo engano.

Da perspectiva da negociação, o fato do Lula ter se alinhado em tanta coisa, sem conseguir emplacar nada que fosse de nosso interesse, demonstra que ele não chegou nos EUA como igual, mas como Servo diante do Senhor. Em negociações entre parceiros que se respeitam e que são pelo menos um pouco soberanos, o resultado tende a ser mutuamente benéfico. Podemos tentar vasculhar a partir do que já foi divulgado das reuniões, nada que vemos ali é positivo.

Levantou-se um comentário de Lula dizendo a um jornalista dos EUA que o aborto é tema do Congresso mas já sabemos a posição de sua Ministra da Saúde, que tem feito o possível para facilitar o aborto. Também sabemos que Lula não vetaria legislação abortista e que ele vetaria legislação antiabortista. Ademais, ele também não moverá uma palha contra o processo que visa liberar o aborto até 3 meses e que tramita no STF.

Mas vamos por partes: o Brasil se aproximou ainda mais dos EUA no que concerne a guerra Rússia-OTAN. O Brasil acusou a Rússia de violar a integridade territorial ucraniana e o direito internacional e a singularizou como responsável pelo conflito, ainda repetindo a narrativa sobre “ameaça à economia mundial”. O Brasil indicou que há um lado certo e um lado errado nesse conflito.

Concordando com o teor dessa declaração o Brasil demonstra ignorar ou não se importar com a real natureza do conflito. Não se trata de Rússia contra Ucrânia, mas Rússia contra OTAN. Nada se falou sobre a violação dos Acordos de Minsk ou sobre o genocídio de russos no Donbass. Em uma entrevista do mesmo dia, Lula afirmou que Putin deveria ter levado a questão ao Conselho de Segurança da ONU. Para quê? Para qualquer ação ser vetada pelos EUA e aliados? De que forma levar o tema ao Conselho de Segurança impediria o plano ucraniano de invadir o Donbass em março?

Na prática, Lula é o herdeiro do projeto kissingeriano de restaurar a “paz global” e voltar tudo ao “business as usual” dos piratas do financismo cosmopolita. É o tal “clube da paz”, última cartada do globalismo multilateralista, cujo “jogo” é usar o “traquejo” internacional do Lula para seduzir países contra-hegemônicos e tentar convencer a Rússia a recuar em um momento crucial do conflito.

Por isso mesmo Lula formalizou com Biden a adesão do Brasil à cruzada internacional contra a “extrema-direita” e em defesa da “democracia”(liberal). Por extrema-direita, desnecessário dizer que estão se referindo a conservadores, antiliberais e tradicionalistas religiosos em geral.

De resto: Anielle Franco, cujo currículo se resume a ser irmã da Marielle e bolsista de George Soros, se encontrou com a Alexandra Ocasio-Cortez, pseudo-latina que apoia o neonazismo ucraniano e é uma das porta-vozes do projeto ecocapitalista do “Green New Deal”, vinculado aos interesses de megacorporações financistas. Por isso no encontro fixou-se também parcerias bilaterais para “combater o racismo” no Brasil. Só contra negros e índios, claro. Isso significa a importação dos critérios raciais dos EUA, do “decolonialismo” e do “antirracismo” que está levando os EUA à beira da guerra civil.

Merecem destaque a questão ambiental e da Amazônia. Aqui o alinhamento foi total. Brasil abraçou a narrativa da “transição energética” e da redução do carbono por meio da autossabotagem econômica, tudo nos termos do detestável Acordo de Paris. Conforme combinado, inclusive com Bernie Sanders, os EUA atuarão na Amazônia através de ONGs, Fundos e empresas privadas.

O valor pelo qual Lula vendeu a Amazônia é irrisório. 50 mi $. E para deixar claro que não foi só “migué” do São Lula, a Marina já costurou com Jeff Bezos e Leonardo DiCaprio para que suas “agências filantrópicas” entrem na Amazônia para gerenciar as áreas “afetadas” por garimpo (depois que o proletariado garimpeiro for expulso das áreas).

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

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