As Ações Agressivas de Israel são Indefensáveis

Israel desatou uma nova onda de violência contra o povo palestino, que teve suas terras roubadas décadas atrás, e segue sendo perseguido e expropriado até hoje. Logo ao final do Ramadã, as forças de segurança de Israel invadiram a Mesquita Al-Aqsa e recrudesceram as expulsões de famílias palestinas de suas casas. Naturalmente, a resistência palestina respondeu. Mas seria isso parte de um plano de Netanyahu para se perpetuar no poder?

O que as três religiões abraâmicas consideram como a Terra Santa é mais uma vez assolada pela violência provocada pelas ações indefensáveis de Israel. O autoproclamado Estado judaico procurou expulsar os palestinianos do bairro Sheikh Jarrah em Jerusalém Oriental, que tem sido ilegalmente ocupado por “Israel” desde 1967, a fim de criar ali novos assentamentos coloniais. Israel também proibiu os palestinos de se reunirem perto do Portão de Damasco, onde frequentemente se socializam durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã. Além disso, Israel restringiu o número de adoradores na Mesquita de Al-Aqsa, um dos locais mais sagrados do Islã.

Estas decisões levaram os palestinos a protestar, o que alguns deles também fizeram de dentro da Mesquita Al-Aqsa atirando garrafas e pedras aos serviços de segurança israelitas, o que por sua vez resultou no ataque destes últimos àquele local de culto com balas de borracha e granadas atordoantes. O movimento político-militar Hamas emitiu subsequentemente um ultimato a Israel para retirar as suas forças de segurança da Mesquita Al-Aqsa e do bairro de Sheikh Jarrah, bem como para libertar todos os palestinos que haviam sido detidos recentemente. Este aviso não foi atendido, daí que o Hamas tenha disparado foguetes de Gaza para Israel, desencadeando ataques aéreos de retaliação.

A violência provocada por Israel já é suficientemente deplorável desde que foi iniciada pelas ambições coloniais agressivas do Estado judaico contra o povo palestino ocupado, em total contradição com o direito internacional, mas foi agravada pelo fato de estar ocorrendo logo antes do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que comemora o fim do Ramadã. Os muçulmanos de todo o mundo estão, por isso, furiosos pelo que está acontecendo aos seus companheiros crentes na Terra Santa neste momento, razão pela qual tantos dos seus líderes, como o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, se pronunciaram em voz bem alta condenando os ataques israelenses.

Israel apresenta todas as suas ações como estando dentro dos seus direitos soberanos e afirma que a comunidade internacional é tendenciosa contra ela, por vezes até acusando-a abertamente de antissemitismo, mas tais acusações são infundadas. A sua ocupação pós-1967 do antigo território jordaniano habitado por palestinianos é ilegal à luz do direito internacional, tal como o é a sua rede de assentamentos em constante expansão. Israel provocou os palestinos a resistir da forma como o fizeram, porque as suas vítimas sentiam que não tinham outra forma de atrair a atenção global para a sua causa legítima. Infelizmente, Israel continua a violar o direito internacional com impunidade.

Alguns observadores comentaram que é extremamente suspeito que a violência tenha eclodido quando ocorreu, durante o final do Ramadã. Alguns especulam que o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu alimentou intencionalmente as chamas da violência a fim de fabricar o cenário violento que desde então se revelou, de modo a aparecer como a única figura política capaz de defender Israel do que o seu governo descreve como os chamados “ataques terroristas” dos palestinos. Isto acontece tendo como pano de fundo o seu recente fracasso em formar um governo apesar de ter ganho o quarto turno das eleições em dois anos. Outro partido está agora encarregado de tentar formar uma coligação.

Esta teoria parece suficientemente plausível uma vez que qualquer um poderia ter previsto que os palestinos reagiriam da forma como reagiram perante tais provocações, para não mencionar o fato de que elas estão ocorrendo durante o Ramadã e logo antes do Eid al-Fitr. Parece certamente que os palestinos estavam sendo manipulados para defenderem os seus interesses através de meios violentos, a fim de servirem de pretexto para uma campanha israelense politicamente conveniente contra o Hamas que poderia potencialmente reforçar a imagem de Netanyahu. A percepção resultante acrescenta mais credibilidade ao argumento de que as ações agressivas de Israel são indefensáveis.

O colonialismo deveria ter terminado durante o século passado, mas infelizmente continua até aos dias de hoje na Terra Santa. Pior ainda, os crimes de Israel estão sendo deliberadamente intensificados durante o feriado muçulmano mais importante, a fim de provocar os crentes a reagirem desesperadamente da única forma que alguns deles sabem, que é com violência. A sua resposta serviu para “justificar” a provável campanha pré-planejada de Netanyahu contra o Hamas durante este momento politicamente conveniente após as suas tentativas de construção de coligações terem fracassado. O mundo inteiro tem de condenar Israel, impor custos significativos pelas suas violações do direito internacional, e ser solidário com a Palestina.

Fonte: Oriental Review

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Andrew Korybko

Analista político e jornalista do Sputnik, é também autor do livro "Guerras Híbridas".

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