Pague ou morra de sede!

O mundo perfeito (segundo a visão liberal) é um no qual tudo que existe tem um preço e é tratado como uma commoditie em um mercado desregulado (ou seja, sem intervenção estatal), com o preço dependendo da correlação entre oferta e demanda. Sem exceções.

Nem a água deve escapar dessa lógica. Enquanto para a maioria das pessoas normais nem tudo pode ou deve estar à venda, nem tudo pode ou deve estar sujeito às leis de Mercado, para os capitalistas em geral, o Mercado é o máximo juiz, a instituição ideal, perfeito e eternamente lógico, quando não atrapalhado pelo Estado.

A consequência desse tipo de ideologia já está sendo vista. A megacorporação capitalista Nestlé, que praticamente possui um monopólio no setor das águas engarrafadas, segue em expansão acelerada, abocanhando até mesmo os sistemas de fornecimento de água dos povos em vários países.

Fornecimento de água é serviço público. Enquanto serviço público, sua lógica deve estar absolutamente alheia à lógica do lucro. Serviço público não tem que dar lucro e, às vezes, o ideal é especificamente que os serviços públicos não deem lucro e que todo rendimento a mais seja reinvestido no próprio serviço.

Não obstante, em vários países do mundo, e sem qualquer necessidade derivada de algum tipo de “ineficiência”, as empresas dedicadas à prestação deste serviço estão sendo privatizadas, de modo geral, resultando na redução da eficiência dos serviços e em uma lucratividade cada vez maior (para os acionistas, em sua maioria, figurões do capitalismo global).

O Brasil é um dos principais alvos dessa casta parasitária internacional. Principalmente por causa do Aquífero Guarani, o segundo maior aquífero no mundo, capaz de abastecer toda a população brasileira por pelo menos 2.500 anos.

Enquanto a água escasseia ao redor do mundo, com a escassez de água já afetando 2.8 bilhões de pessoas e havendo previsões de que as próximas guerras globais serão travadas pela posse de água potável, o Aquífero Guarani poderia ser a garantia de uma posição geopolítica privilegiada para o Brasil no cenário internacional futuro.

Porém, a elite brasileira, inimiga mortal do próprio país, e cujo representante-mor neste momento é o governo Temer, está interessadíssima em se desfazer do Aquífero Guarani, tal como pretende vender todas as empresas públicas ligadas ao saneamento e ao abastecimento de água no país.

O principal interessado nessa aquisição? A megacorporação Nestlé, cujo presidente já deixou claro acreditar que a água deveria ser privatizada, e que está objetivamente engajado em vários projetos de privatização da água em todos os continentes.

O destino sombrio que aguarda o Brasil é ser espoliado do que será um dos principais recursos naturais das próximas décadas, bem como ver a sua população morrendo de sede, por ser incapaz de pagar por esse recurso ou pela maior parte dele ser enviado para fora do país.

Não há reforma que possa impedir isso. Só a destruição total do capitalismo, não só enquanto modo de produção, mas até mesmo enquanto maneira de pensar, enquanto espírito. O capitalismo é anti-humano e isso fica provado de forma cabal e incontornável através da questão fundamental da água enquanto recurso.

É fundamental denunciar esses planos. Lutar contra as privatizações das empresas de água e pela defesa do Aquífero Guarani.

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