Dugin: “Empreendo uma guerra epistemológica, por isso me chamam de filósofo mais perigoso do mundo”

Meu amigo italiano do sistema acadêmico me enviou apontamentos extremamente importantes sobre como censura, deplataforma e a cultura do cancelamento são implementados no sistema educacional global, no campo filosófico.

Aqui está a tradução de suas oportunas observações:

  1. Censura, desplataforma[1] e cancelamento de Hegel e propaganda de Schopenhauer.
  2. Censura, desplataforma e cancelamento de linguistas científicos/históricos (Saussure, Devoto) e propaganda da linguagem analítica (Russel, Chomsky, Kim).
  3. Submissão da filosofia à psicologia com uma abordagem analítica e censura de tudo o que se desviar desse caminho.
  4. Censura, desplataforma e cancelamento de Platonismo político.
  5. Censura, desplataforma e cancelamento do empirismo e domínio absoluto do racionalismo.
  6. Todo tipo de idealismo e historicismo é censurado.
  7. Censura, desplataforma e cancelamento da semiótica, da gnoseologia e propaganda exclusiva da filosofia análtica e sua epistemologia psicológica.
  8. Censura, desplataforma e cancelamento da lógica dialética e propaganda exclusiva da lógica biunívoca.
  9. Marginalização e destruição de todas as abordagens de ciências sociais positivas (Frazer, Weber, Durkheim, Simmel, De Martino, Eliade). A única ciência humana aceita é a “antropologia cultural” (sem estrutura ou história).
  10. Censura, desplataforma, cancelamento e eliminação de todo estruturalismo, historicismo e do entendimento das ideias como fenômenos do pensamento com bases histórico-sociais, e a propaganda epistemológica de uma psicologia analítica sem história ou estrutura, com a filosofia como seu serviçal.
  11. Censura, desplataforma e cancelamento da fenomenologia.
  12. Censura, desplataforma e cancelamento da correlação entre evolução do pensamento e história da arte por um lado, e diferenças culturais e topológicas levadas em conta por sua evolução no tempo.
  13. Imposição radical e autoritária de modelos sem história ou estrutura, psicologização em todas as formas de cultura e sociedade com a filosofia subjacente como serva. Expulsão totalitária e forte censura de toda a crítica e deslegitimação de perspectivas alternativas (atitude puramente totalitária).
  14. Censura, desplataforma e cancelamento de toda correlação possível entre ideias, história, estruturas sociais, espaços geográficos e temporalidade histórica. Somente o indivíduo da filosofia analítica é permitido.

Esta é uma descrição precisa da essência totalitária presente na epistemologia globalista e liberal. Eu reconheço nesta lista – na parte da censura – todos os meus livros, palestras, textos, cursos e conferências. Em mais de 60 livros escritos, tenho consequentemente defendido e desenvolvido:

  1. “Idealismo” tradicionalista – híper-idealismo, culminando na teoria do Sujeito Radical.
  2. Platonismo Político.
  3. Estruturalismos variados.
  4. Independência da filosofia em relação a perversões individualistas e à psicologia materialista com defesa paralela da psicologia fenomenológica e da psicologia profunda (com atenção particular para Gilbert Durand).
  5. Semiótica e semântica (Propp, Greimas).
  6. Sociologia de Durkheim, Simmel, Scheler e Sombart (com atenção especial a Dumezil e Louis Dumont).
  7. Lógica dialética baseada em uma abordagem retórica da consciência.
  8. Fenomenologia aplicada à máxima extensão dos campos e estudos científicos – culturas, povos, sociedades e civilizações.
  9. Análise comparativa (anti-hierárquica) das civilizações aceitando seu pluralismo ontológico, “espacialidades” e temporalidades.

Também posso mencionar:

  1. Defesa radical e releitura atenta de Heidegger.
  2. Reavaliação positiva de Aristóteles.
  3. Defesa de todos os tipos de neoplatonismo, de Plotino a Proclo até o Areopagita, John Scott Eriugena, Dietrich von Freiberg, Eckhart, Paracelso, Bohme e filosofia religiosa russa (Sofiologia).
  4. Política eurasiana (a primordialidade da estrutura – elemento Terra Schmitteano).
  5. Reabilitação da teologia e da religião contra o ateísmo.

Eu simplesmente abomino a filosofia analítica e o positivismo racionalista, além de considerar o materialismo, o individualismo e a abordagem analítica da consciência como formas de doença mental.

Creio ser suficiente para compreender porque sou chamado por eles de “o mais perigoso filósofo do mundo”. E isso explica perfeitamente todos os cancelamentos, desplataformas, demonizações, marginalizações, caricaturas, criminalizações e tudo mais de que sou vítima.

Essa é uma guerra epistemológica.

Os globalistas vão perder. Seu sistema educacional deve ser derrubado e destruído. O que eles promovem é veneno mental completo. Mas deplorar o fato não é o bastante, devemos nos levantar, resistir, revoltar e lutar por cada milímetro de espaço epistemológico.

[1] Também conhecido como deplatforming, é uma forma de ativismo político que serve para retirar alguém ou algum movimento do debate, negando seu acesso a meios de manifestar suas opiniões e apresentar projetos. Isso vem ocorrendo frequentemente com o filósofo Aleksandr Dugin, que teve várias das suas redes sociais derrubadas, além da proibição sobre a venda de seus livros em ambientes como a Amazon.

Fonte: Geopolitica.ru

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Aleksandr Dugin

Filósofo e cientista político, ex-docente da Universidade Estatal de Moscou, formulador das chamadas Quarta Teoria Política e Teoria do Mundo Multipolar, é um dos principais nomes da escola moderna de geopolítica russa, bem como um dos mais importantes pensadores de nosso tempo.

Artigos: 54

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