Agricultura Familiar é civilização!

A agricultura familiar, geralmente organizada sob a forma da pequena propriedade, corresponde a 84% do total das propriedades rurais brasileiras, mas ocupa apenas 24% da área destinada à agropecuária em nosso país. Ela corresponde a 40% do valor bruto de produção, bem como a 77% dos postos de trabalho na agropecuária. Além disso, é responsável por mais de 50% dos produtos da cesta básica do trabalhador brasileiro.

Não obstante, além da já evidente desigualdade na concentração de terras (a média de tamanho da propriedade familiar no Brasil é de 18,37 hectares, enquanto que a do latifúndio é de 309,18 hectares), a realidade é que o agricultor familiar brasileiro, principal responsável pela alimentação do povo brasileiro, recebe apenas 13% dos recursos destinados pelo governo ao setor agropecuário.

Os outros 87% vão para os grandes latifúndios, menos produtivos que as propriedades familiares, que empregam menos gente em comparação com as propriedades familiares, que são utilizados, majoritariamente, para produzir bens primários para exportação (ao contrário das propriedades familiares), que causam mais prejuízo ao meio ambiente em relação às propriedades familiares, e, acima de tudo, os quais têm por proprietário, em boa parte,  estrangeiros ou a políticos brasileiros.

Enxergamos com clareza que essa situação atual, estruturalmente enraizada na história brasileira, que fundaciona a natureza semifeudal de nossa sociedade, além de sumamente injusta, é extremamente prejudicial a nós.

Não é apenas a questão da repartição. Deve-se recordar, ainda, que a maioria esmagadora dos latifúndios foi adquirida de maneira irregular, pela tomada de posse à força por bandos armados, contratados por oligarcas, de terras pertencentes a pequenos agricultores, os quais ou eram mortos ou expulsos de suas terras.

A história da terra no Brasil é uma história regada pelo sangue do agricultor brasileiro, que apesar de garantir, praticamente sozinho, a alimentação do país inteiro, está sempre sob ameaça de ter suas terras tomadas por latifundiários ou por bancos, de ter sua saúde arruinada pelos agrotóxicos e de falir pela falta de crédito.

Esta situação não será alterada pela boa vontade dos políticos brasileiros, porque a maioria deles ou pertence a famílias de oligarcas do latifúndio ou está no bolso deles. Tão somente a construção de uma situação revolucionária poderá levar justiça ao campo e comida em abundância à mesa do trabalhador brasileiro.

Todo apoio à agricultura familiar e ao camponês brasileiro!

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